Elijah, importante escritor, DJ e chefe da gravadora Butterz, fez uma reflexão sobre o que vêm observando do âmbito fonográfico atual. Ao destacar um pouco do status da cena Eletrônica hoje, o britânico comenta desde os desafios para empresários, artistas e públicos na adaptação a indústria, até o seu projeto virtual de insights “The Daily”. Confira abaixo parte da declaração do produtor em entrevista para o veículo Resident Advisor:
“Durante toda a minha vida adulta tenho atuado dentro e em torno da cultura Dance, começando como DJ, depois criando e administrando o selo Butterz e mais tarde tornando-me manager da Flava D, Royal-T, DJ Q e Swindle. Ao longo de minha carreira, sempre falei abertamente sobre os aprendizados que adquiri na indústria fonográfica, mas em 2021, após trabalhar com a Youth Music em um programa de doações que apoia jovens e seus projetos artísticos, comecei então a seriamente considerar maneiras de transmitir conhecimentos para criativos emergentes. Inclusive, iniciei um projeto intitulado “The Daily”, onde compartilho via Instagram, importantes insights do mercado musical. Em meio a maio do ano passado, escrevi dois tópicos sobre os tipos de artigos que eu gostaria de ver na imprensa especializada em Música Eletrônica. Na época, quando os lockdowns da pandemia foram suspensos e começamos a festejar novamente, pensei que seria uma boa hora de questionar o “por que tudo na indústria é do jeito que é” e “se algo poderia melhorar”, especialmente para as pessoas que estão adentrando neste mundo pela primeira vez. O mais importante para mim é escrever coisas que conectem com o pensamento do público popular, oferecendo uma visão do cenário real e atual da indústria da música. Eu queria poder trazer números concretos, dados, valores financeiros, enfim, informações detalhadas que dessem direção rumo onde nós, como comunidade, devemos caminhar. Talvez só assim, quem sabe, consigamos lutar por espaço para vozes, sons, perspectivas nunca antes ampliadas e debates de questões estruturais raramente comentadas. Mas desde já deixo aqui minhas queixas: se tantos produtores e DJs jovens estão sendo formados em escolas, universidades e workshops ao redor do mundo, para onde irão todos esses talentos? Dentro de uma indústria tão competitiva, onde os indivíduos devem colocar seus esforços para tentarem construir carreiras sólidas? Por outro lado, com apenas algumas empresas administrando a rede global dos principais festivais, como os inúmeros promotores independentes menores, que foram falindo diante a Covid-19, conseguirão novamente estabilizar seus negócios? E os clubes, até quando precisarão batalhar contra os conjuntos habitacionais por um espaço no centro das grandes cidades?”
ElijahImagem de capa: divulgação
Sobre o autor
Douglas Anizio
Redator da Play BPM, Freelancer e graduado em Administração. Um eterno apaixonado por Música Eletrônica.