Os efeitos da música eletrônica no cérebro humano e sua influência em nossas vidas
- Por Caio Pamponét -
Você já parou pra pensar no efeito que a música tem em nossas vidas?
Seja para nos ajudar a manter calmos e controlados, nos energizar o suficiente para ficarmos acordados a noite toda dançando ou até mesmo revelar nossas lembranças e memórias mais nostálgicas, ela sempre nos impacta de alguma forma. Além disso, a música também carrega consigo um profundo poder de cura – e tudo que citamos está intrinsecamente ligado com a ciência.
Várias pesquisas já constataram que diferentes tipos de música têm efeitos variados em nosso cérebro, liberando certos produtos químicos que influenciam nosso humor, emoções, comportamentos e até mesmo nossas ações. Apesar de outros gêneros atingirem nossas vidas de formas diferentes, vamos falar aqui um pouco sobre o que mais amamos: a música eletrônica!
Muitas vezes gerada através de sintetizadores, samplers ou outros dispositivos eletrônicos e caracterizada por sons fortemente rítmicos e batidas envolventes, a música eletrônica nos últimos tempos conquistou espaço na vanguarda da indústria musical e já aparece nos maiores festivais e clubes do mundo. Ela também é bastante utilizada por corporações como shoppings, lojas e jogos online. Mas será que tem uma razão por trás disso?
Ao ser ouvida, a música ativa várias áreas do cérebro humano, que processam em diferentes partes o ritmo, altura, tom, melodia, harmonia e muitos outros elementos. Quem atua nisso é o córtex auditivo, que é sensível à percepção de sons e repassa as informações para outras partes do cérebro, como a amígdala, hipocampo, cerebelo etc. Todas elas participam de maneira coletiva a processar a música e criar uma experiência sensorial completa. A amígdala, por exemplo, ao receber os estímulos sonoros, libera a famosa dopamina, que é a substância química responsável pela sensação de felicidade e bem-estar.
Diante disso, é aí que entra a presença da música eletrônica nos ambientes. Por possuir diversos estilos que provocam emoções distintas nos ouvintes, as empresas têm consciência dos efeitos neurológicos que ela possui, escolhendo cuidadosamente o tipo de som a ser tocado nos alto-falantes para induzir o cliente e aumentar suas vendas. Muitas lojas de shopping, bares e restaurantes hoje em dia utilizam dessa estratégia para atrair pessoas.
Diversos estudiosos e especialistas em tecnologia da informação afirmam que a relação dos indivíduos com alguns estilos de música eletrônica contribui para que consigam realizar tarefas com maior facilidade, eficiência e bom humor.
Segundo vários trabalhos de pesquisa, os ritmos do cérebro humano e os ritmos musicais estão profundamente relacionados – é por isso que subgêneros como o Ambient, Chillout, Downtempo, Lo-fi e outros já se mostraram bastante eficazes para a concentração. Por serem sons muitas vezes sem a presença de vocais, com um padrão repetitivo de batidas pulsantes e baixas, apresentar tons e melodias suaves e agradáveis que se constroem gradativamente, eles podem ser excelentes em situações que envolvem foco e criatividade.
Além disso, podemos dizer também que além de melhorar funções cognitivas e melhorar a produtividade das pessoas, a música eletrônica também influencia em nossa capacidade de percepção. Um estudo recente submeteu um grupo de alunos a uma série de testes de matemática e memória e revelou que aqueles que escutavam música com tonalidades suaves e sem vocais se saíram melhor do que aqueles que ouviram músicas mais agressivas ou até mesmo em silêncio total. Apesar do impacto dos vocais gerarem estímulos diferentes no cérebro de cada indivíduo, a personalidade de cada participante não afetou o estudo, mostrando que letras de música podem ser a maior ameaça para a concentração, já que altera nossa percepção e muda o foco para descobrir o que a outra pessoa está dizendo. O lado positivo é que, como já falamos, há diversas vertentes dentro da Dance Music que não possuem vocais e são “sedativas”. Então se você é estudante, a música eletrônica pode ser sua companheira inseparável durante um momento de concentração, auxiliando na absorção de conhecimento e melhorando seu desempenho!
Mas se você é daqueles que gosta de uma track com BPM elevado, batidas mais fortes e com vocais, temos uma solução! Diversas pesquisas já revelaram que esse tipo de música eletrônica influencia intensamente nos elevados níveis de energia em atividades físicas, como exercícios aeróbicos e de musculação – não é por menos que as playlists das academias estão lotadas de tracks assim, né?
Neste ano, a empresa desenvolvedora de medicamentos analgésicos Nurofen realizou um estudo em conjunto com uma pesquisadora de psicologia da University College Dublin e um produtor musical que trouxe revelações interessantes quanto ao uso da música eletrônica para fins terapêuticos. De acordo com a pesquisa, o gênero tem a capacidade de ajudar no alívio natural de certos desconfortos, como dores de cabeça, dores nas costas e outras doenças agudas, possuindo potenciais curativos e contribuindo para uma melhora no estado mental dos ouvintes. Leia mais aqui.
Muitos acreditam também nos poderes de estímulo cerebral que a música eletrônica é capaz de proporcionar, levando a estados meditativos e de expansão da consciência, mesmo sem uso de qualquer substância psicoativa. Isto porque, segundo a Revista Capital Ciência, músicas com batidas rítmicas e pulsantes exercem impacto no sistema nervoso, mais especificamente no tálamo, região que altera processos como respiração, digestão, equilíbrio hormonal, atitude, humor, frequência cardíaca e pressão sanguínea. Tudo isso pode ser promovido pelo uso de psicoativos, mas são apenas resultantes de diversos efeitos emocionais e físicos que o simples ato de escutar música eletrônica propicia aos nossos cérebros.
É evidente que a Dance Music engloba uma infinidade de vertentes de variados BPMs e vibes. É por isso que ela é tão especial, porque pode se ajustar a nosso sentimento, humor e sobre qualquer eventual necessidade que venha surgir em nosso caminho. Ela pode estar sempre presente em nossas vidas – ainda mais se você for eclético e transitar entre os subgêneros de maneira a extrair o melhor de cada um!
Então, se estiver no trabalho, buscando se concentrar nos estudos, fazendo um treino físico ou tendo um dia ruim, você pode criar seu próprio ambiente. Não hesite em testar as possibilidades que tem em mãos, busque a sua harmonia perfeita, ouça sons diferentes e veja qual se sente melhor e mais focado naquilo que estiver fazendo. A música é para todos!
Sobre o autor
Caio Pamponét
Graduando em jornalismo pela UFBA e Redator da Play BPM. Um apaixonado por música desde a infância que cultiva o sonho de viajar pelo mundo fazendo o que ama e conhecendo novas culturas. Com um desejo inerente de fomentar a cena eletrônica de sua terra - Salvador, BA, Caio Pamponét respira os mais diversos BPM's e faz da música o seu combustível diário.