
Nova geração, nova visão: 11 artistas brasileiros que estão mudando o som das pistas
A música eletrônica brasileira vive um de seus momentos mais criativos. Longe dos formatos engessados e das fórmulas prontas que dominaram boa parte da indústria nos últimos anos, uma nova geração de produtores e DJs está imprimindo identidade própria às pistas, misturando referências globais com raízes locais e criando movimentos autorais que vêm conquistando espaço no Brasil e fora dele.
Entre eles, Annëto, FatSync, Zaark, InntRaw, FEZZO, BRN, Greggio, Bruna Strait, HeyDoc!, Said e Juicce despontam como protagonistas dessa nova fase — artistas que não apenas produzem música, mas moldam sonoridades, experimentam estéticas e movimentam suas próprias cenas.
Annëto: fusão de identidades e expansão global
Diretamente do centro-oeste brasileiro para o circuito internacional, Annëto representa com precisão essa nova mentalidade. Com uma identidade construída entre o afro house, o melodic house e o indie dance, ele alia groove e melodia de forma sofisticada.
Em 2025, expandiu sua atuação com lançamentos por gravadoras de peso como a HUB Records e a ONErpm, e iniciou parcerias internacionais com nomes como Yas Cepeda e Danni Gato.
Seus recentes shows em Portugal, na Miami Music Week, e sua label party NANT mostram como estratégia, talento e conexões verdadeiras são a base do seu crescimento global.
Fatsync: autenticidade e disciplina
Fatsync talvez represente, como poucos, o quanto autenticidade e disciplina podem impulsionar uma carreira. Natural de Curitiba e hoje baseado em Araucária/PR, Claudio Nogueira Barbara construiu seu caminho com uma rotina focada e livre dos estereótipos comuns da cena — não bebe, não fuma e conduz sua carreira com uma disciplina quase artesanal.
O artista lapidou uma estética batizada por ele de “fat house” — uma mistura energética de grooves encorpados, carisma de pista e influências que vão de Fatboy Slim a Djonga. Com hits como “F.U.M” (mais de 2 milhões de streams), parcerias como “Baile” com VOLAC, e presença em festivais como Tomorrowland Brasil, Rock in Rio e Lollapalooza, já figura entre os principais nomes do tech house nacional, sem jamais abrir mão da sua conexão emocional com a música.
Zaark: reconhecimento consistente
Zaark também vem ampliando sua trajetória com passos consistentes. Em ascensão na cena brasileira, o DJ estreou recentemente no festival Só Track Boa, em São Paulo, dividindo o palco com BRN. No mesmo dia, lançou sua collab “Mines” com Loudtech pela HUB Records, faixa pensada para ser imediatamente reconhecível na pista — com baixos robustos e synths marcantes que sintetizam bem a proposta do artista: faixas diretas, com impacto e assinatura própria.
A entrada em selos como HUB e o suporte crescente de nomes da cena demonstram o seu potencial de se estabelecer de forma sólida no circuito nacional.
InntRaw: o criador de “Stephanie”
Outro nome que já ultrapassou fronteiras é InntRaw. Natural de Curitiba, Caio Henrique de Oliveira Gricon vive atualmente uma virada em sua trajetória, com sua estreia internacional marcada para julho em Malta.
Antes disso, já vinha chamando atenção globalmente com hits como “Stephanie” (collab com Cloonee), que atingiu o Top 1 geral do Beatport e superou a marca de 20 milhões de streams.
Com faixas tocadas por gigantes como Chris Lake, FISHER, ACRAZE e Cloonee, e lançamentos em labels como Hellbent e Repopulate Mars, o artista mistura groove minimalista e tech house pulsante com uma sonoridade altamente exportável, pavimentando seu espaço em um circuito global cada vez mais atento ao Brasil.
FEZZO: porrada dançante
No mesmo caminho de profissionalização e crescimento está o duo FEZZO, formado por Paulo Junior e Amilton Neto. Com forte apelo de pista, a dupla mescla minimal tech, indie dance e uma energia batizada por eles de “porrada dançante”. Suas collabs com Ricck — como "BOOM" e "Imagine" — já atingiram o Top 10 de charts do Beatport, enquanto sua própria label, a Player One Records, vem fortalecendo seu catálogo autoral com faixas como "Boladão", apoiadas por nomes como Mochakk.
Agora integrando o casting da BOX Talents — agência que gerencia artistas como Almanac e DJ Glen —, a dupla entra em uma nova fase de consolidação, levando sua sonoridade cada vez mais para palcos de grandes festivais e pistas internacionais.
BRN: hitmaker irreparável
Entre os nomes já consolidados da nova leva, BRN continua a escalar seu espaço global com lançamentos que estouram tanto no Brasil quanto no circuito internacional.
Hits como “Mini Skirt”, “TDB” e “Up n' Down” abriram portas para suportes de grandes players como Vintage Culture, FISHER, John Summit e Jamie Jones, consolidando o artista como um dos brasileiros com maior tração mundial atualmente.
Seus números falam alto: milhões de streams e presença constante no topo dos charts globais do Beatport lhe conferem status de força já estabelecida dentro do novo cenário.
Greggio: conexão Inglaterra–Brasil
Greggio segue por uma rota similar, mas com um DNA europeu ainda mais evidente. Radicado em Londres há oito anos, o mineiro vem unindo o peso das raízes brasileiras com a estética refinada do circuito europeu, explorando linhas de tech house, minimal tech e indie dance em selos como ERRORR, Nervous e HUB Records.
O resultado são faixas que atingem posições expressivas nos charts e colocam o artista em evidência tanto em clubes de Londres quanto em turnês que cruzam o Atlântico.
Bruna Strait: representatividade, brasilidade e futurismo
Bruna Strait, por sua vez, representa um dos perfis mais multifacetados dessa nova geração. Unindo a potência das pistas ao discurso de representatividade, a artista tem se destacado por propostas audiovisuais inovadoras — como o clipe futurista de "Never Know", produzido com IA — e produções que incorporam elementos culturais brasileiros, como o tech house com acento de samba da faixa "Samba".
Sua habilidade de furar a bolha e dialogar com a cultura pop amplia ainda mais o alcance da música eletrônica nacional.
HeyDoc!: da medicina para o topo dos charts
Aos 25 anos, HeyDoc! representa uma história de virada total. Deixou a medicina para seguir o chamado da música eletrônica e, em pouco tempo, já carrega no currículo passagens por gravadoras como Confession, Dirtybird, HUB Records e Virgin.
Com um som enérgico, que mistura bass house e tech house, acumulou entradas no Top 10 do Beatport e suporte de grandes nomes como Tchami, Don Diablo e Benny Benassi. Seu alcance já extrapola o Brasil, com apresentações em Ibiza, Canadá e Estados Unidos, além de palcos nacionais como Universo Paralello e Playground.
Said: leitura afiada e sets pulsantes
Natural de Rio Claro/SP, mas baseado em Balneário Camboriú/SC, Said se firma como uma das presenças mais constantes no sul do país, levando sua leitura de pista afiada a clubes como El Fortin, Surreal, Matahari, Field Club e Club Vibe, sempre com sets pulsantes que transitam com fluidez entre minimal e tech house — e sempre entregando performance, conexão com o público e identidade.
Juicce: milhões de streams e presença global
Por fim, Juicce talvez represente a síntese comercial e internacional desse novo momento. Com hits como “Tek Tek Tek” e “Hello” (em parceria com Liu), milhões de streams e presença global em palcos de Ibiza à Ásia, ele pavimenta uma carreira de apelo massivo, mas ainda ancorada em produção própria e sólida leitura de pista.
Com uma proposta de sets energéticos, presença de palco marcante e produções que misturam tech house, minimal, bass house e até psytrance, o vem se tornando figura constante nos principais clubes e festivais, como Surreal Park, Playground Festival, Garden Music Festival, Adore, El Fortin e Matahari.
Fora do Brasil, já levou sua assinatura sonora para países como Inglaterra, Irlanda, Moçambique, Bolívia, Guiana Francesa e, até o fim do ano, tem apresentações confirmadas na Tailândia e na Argentina. Seu trabalho já recebeu suporte de gigantes internacionais como Diplo, Dimitri Vegas & Like Mike e Timmy Trumpet.
Todos esses nomes ilustram um mesmo movimento: o da maturidade criativa e estratégica da música eletrônica brasileira. Com consistência artística, forte identidade sonora e cada vez maior presença global, essa nova geração não apenas acompanha o mercado — ela já está redesenhando as pistas ao redor do mundo.
Imagem de capa: Reprodução/Montagem.
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