DOC Records, de Gui Boratto, chega à marca de 50 releases; conheça a história da gravadora em detalhes
Falar sobre a história da música eletrônica no Brasil inevitavelmente nos leva ao nome de Gui Boratto, artista que moldou o cenário nacional e ecoou sua influência para o mundo inteiro. Mas, hoje, o foco não é exatamente sobre ele, e sim sobre uma de suas mais importantes criações: a DOC Records. Fundada em 2013, a gravadora surge como extensão de sua visão artística e de seu apurado senso de qualidade, inspirado pelo conceito italiano de Denominazione di origine controllata (DOC). Assim como a certificação garante autenticidade e excelência em vinhos e queijos, a DOC Records propôs, desde sua origem, elevar a música a um padrão igualmente rigoroso.
Gui Boratto já vinha amadurecendo a ideia de lançar sua própria gravadora há algum tempo. Porém, foi a percepção de uma sobriedade criativa nas pistas, buscando fugir do padrão do House e do Techno tradicional, que influenciou sua decisão. O objetivo era claro: oferecer algo além do óbvio, trabalhos onde a atenção estaria voltada às melodias, aos vocais, às letras e aos instrumentos gravados ao vivo. A estreia não poderia ser mais emblemática; com “Diggin' On You”, do Elekfantz, a DOC deixou claro que estava disposta a realmente mudar o jogo, trazendo frescor e autenticidade para a música eletrônica brasileira.
Os releases da DOC sempre seguiram um padrão que reflete a qualidade da gravadora: primeiramente, eram lançados apenas em vinil, e somente depois chegavam as versões digitais. Após a estreia com o duo Elekfantz — que contou com um remix de Solomun —, a DOC investiu em outra dupla promissora que ganharia mais destaque no futuro: Shadow Movement. Em 2015, o selo ampliou sua presença ao trazer participações especiais, como Kolombo, além de ter revelado outro produtor bastante talentoso: Junior C.
Mas a DOC nunca foi apenas sobre lançar músicas soltas. Desde o início, o processo de seleção era quase “artesanal”. Para Gui Boratto, cada release precisava ter uma conexão com sua visão artística e pessoal. Dessa forma, mais do que um catálogo, o selo construiu uma comunidade onde os artistas se sentiam parte de algo maior — um espaço de troca, criatividade e pertencimento, como em um ambiente familiar.
Outro marco importante na construção da identidade sólida da DOC foi o lançamento de número 11, o VA Magnum, Vol. I, em 2016. A compilação reuniu nove faixas de artistas que, apesar de suas singularidades, encontraram total equilíbrio sob a curadoria do selo, com diferentes estilos e perspectivas que se conectaram de forma muito harmônica. As faixas foram assinadas por nomes como AnT, L_cio, M.A.S., Shadow Movement, Elekfantz, HNQO, Come and Hell, Monotype, e, surpreendentemente, Monolink — que, não muito tempo depois, despontaria como um dos artistas mais respeitados na cena eletrônica global.
Nos anos seguintes, a DOC continuou apresentando trabalhos emblemáticos, como o EP Focus, que em 2017 marcou a estreia de Gabe no selo, o icônico remix de L_cio para “Construção”, de Chico Buarque — que até hoje é um clássico das pistas — ou mesmo o remix assinado por Rodriguez Jr. no EP MooDisco de Leo Janeiro, que trouxe ainda mais apelo global ao catálogo. Mas o que diferencia a DOC não é apenas a qualidade ou o peso dos nomes envolvidos, e sim a capacidade de lançar músicas que não seguem exatamente uma fórmula, cada uma é única à sua própria maneira, o que torna o selo tão autêntico e relevante até os dias atuais.
E foi assim, após 12 anos de trabalho intenso e muita dedicação de Gui Boratto e seu time, que a DOC chegou à marca de 50 releases, algo bastante expressivo e especial na trajetória da gravadora. O trabalho chega assinado por um nome que pode soar relativamente novo aos olhos, mas que já tem muita (leia-se muita mesmo) experiência na cena. BRVNOV é o novo projeto de Bruno Vieira, que mantém uma relação com a música eletrônica desde os anos 90. Agora, sob essa nova identidade, ele busca se reinventar, apresentando uma faceta criativa, mesmo próximo de atingir a marca de 50 anos.
‘Bloom’, que em inglês significa "florescer", reflete muito bem esse renascimento artístico de Bruno. Com seus 6 minutos, a faixa é um Melodic House que mostra a experiência de Bruno como multi-instrumentista, orquestrando cada elemento com precisão. A suavidade da linha de baixo funciona como base, enquanto os vocais etéreos se entrelaçam com um belo piano, pads melódicos e synths em camadas que se revelam progressivamente. Há ainda um remix de Gui Boratto, que fez com que a faixa nos lembrasse de suas produções antigas.
Ouça o EP abaixo e siga acompanhando o trabalho da DOC Records, que ainda deve revelar muita coisa boa pela frente:
- Via Assessoria de Imprensa -
Imagem de capa: Divulgação.