
Illenium: o artista que buscou refúgio na arte e renasceu nas melodias da música eletrônica
Sua música nasce das cicatrizes — não só as dele, mas as de quem o ouve.
Num mundo que vive no modo acelerado, ele decidiu fazer o caminho oposto: desacelerar, sentir, tocar justamente onde dói. E ali, transformar a dor em cura.
Foi em uma vila tranquila chamada Downers Grove, em Illinois (EUA), que o cenário musical ganharia, sem saber, um novo contorno. No dia 26 de dezembro de 1990, nascia Nicholas Daniel Miller — ou, como o mundo viria a conhecê-lo mais tarde: Illenium.
Antes dos palcos, a história de Nicholas começou na escuridão, onde tudo parecia desmoronando.
Nick travava uma batalha invisível contra a própria mente. Contra o vazio constante e o peso de um vício que o arrastava cada vez mais fundo: a heroína.
Ele buscava alívio apenas pra anestesiar a dor. Nunca apontou um gatilho exato, mas deixou claro que chegou ao ponto em que estar vivo parecia não fazer mais diferença.
“Eu era viciado em heroína, Eu não queria estar vivo. Tentei suicidio. Naquela noite da overdose… tudo mudou”
Disse Illenium em um de seus relatosA revelação veio à público junto com o lançamento de “Take You Down” — track que marcou a primeira vez em que Illenium decidiu expor ao mundo a noite em que quase perdeu a vida.
A canção não era apenas mais um single, mas um desabafo. Em entrevistas, ele aprofundou esse relato, trazendo à superfície aquilo que por tanto tempo ficou guardado.
Músicas como “From the Ashes”, “All That Really Matters” e “Crawl Outta Love” carregam com intensidade essa mesma narrativa emocional, escrevendo um pedaço da alma de quem usou a música como refúgio e renascimento.
Foi em 2016 que a história de Illenium mudou de vez. Naquele ano, ele deixou de ser um nome promissor no future bass para se tornar um dos artistas mais respeitados da música eletrônica melódica.
Com o lançamento de seu álbum de estreia, “Ashes”, ele cravou sua identidade sonora: intensa, harmônica e emocional.
Mas foi com seu remix para “Don’t Let Me Down”, do duo The Chainsmokers, que Illenium atravessou fronteiras e conquistou as plataformas de streaming, tornando-se um divisor de águas na sua carreira.
Embora o mundo tenha começado a notar Illenium em 2016, o ano de 2017 abriu de vez as suas portas para o mainstream. Com “Feel Good”, o artista rompeu barreiras — a track não brilhou nos charts da Billboard, como também ganhou espaço em comerciais, apresentações ao redor do mundo e vídeos na internet.
Suas músicas carregavam uma assinatura inconfundível de synths melódicos, progressões ascendentes, drops emotivos e letras que se conectavam numa jornada atmosférica, costurada nos mínimos detalhes.
Aqui, o mundo percebeu que Illenium não fazia só música, ele contava histórias com a alma.
"Good Things Fall Apart", de 2019, também catapultou o artista ao estrelato, já somando mais de 250 milhões de plays somente no Spotify.
Illenium é um dos poucos artistas da música eletrônica global que conseguiram unir storytelling emocional com produções épicas — e tudo isso sem soar forçado.
O artista abraça a estética do melodic dubstep, future bass e do rock alternativo como se esses estilos já corressem em suas veias desde sempre.
Seus álbuns acabaram se tornaram trilhas sonoras para quem luta contra seus próprios vícios, traumas e grandes vazios internos - talvez por isso tanta gente se reconheça nele. Illenium nunca falou sobre festas, suas tracks sempre foram sobre sobrevivência.
Essa sensibilidade encontrou reconhecimento no mundo real. Illenium foi indicado ao Grammy na categoria de Best Dance/Electronic Album com "Fallen Embers" — uma conquista rara para alguém vindo do future bass/melodic dubstep.
Também venceu o iHeartRadio Music Award e alcançou discos de platina com “Good Things Fall Apart”, “Takeaway” (com The Chainsmokers) e “In Your Arms”.
Tudo isso sem jamais se vender. Sem abrir mão da própria verdade.
Sua trilogia de álbuns — Ashes, Awake e Ascend — é quase como uma jornada espiritual. Uma travessia que começa com um produtor promissor e termina com um dos headliners mais respeitados da cena.
Ashes fala sobre encarar o caos interno de frente.
Awake mergulha nas cicatrizes ainda abertas.
E Ascend representa a reconstrução.
Mesmo com tanto reconhecimento, Illenium também já enfrentou críticas. Disseram que repetia fórmulas, que virou “mais do mesmo” dentro do seu próprio universo sonoro.
Mas a verdade é que ILLENIUM nunca quis ser um hitmaker, sempre quis ser uma ponte.
Uma ponte entre a dor e a música.
Entre o que machuca e o que cura.
Entre o vazio e a esperança.
Illenium também redefiniu o que o mundo entende como “festival set”. Foi além da performance - transformou emoção em espetáculo e deu nova forma à música melódica na cena eletrônica.
Hoje, ele é mais do que um artista influente, é referência, uma fonte de inspiração direta para uma nova geração de produtores que se inspiram na sua estética sonora.
Em 2021, ele criou um evento que virou marco na história da Dance Music moderna: o épico Trilogy, um show que apresentou, em uma única noite, os três álbuns que moldaram sua trajetória. Era uma celebração de tudo o que ele construiu até ali.
O mundo respondeu à altura. No dia 3 de julho daquele ano, o Allegiant Stadium, em Las Vegas, foi lotado por quase 40 mil pessoas, protagonizando o maior show solo já feito por um artista de música eletrônica em solo americano até então.
Anos depois, o impossível se repetiria, e em proporções ainda mais grandiosas.
No dia 17 de junho de 2023, Illenium subiu ao palco do imponente Empower Field at Mile High, em Denver, e reescreveu a história mais uma vez.
Diante de cerca de 50 mil pessoas, ele apresentou, pela primeira vez, a versão estendida de sua trilogia em um show que ficou marcado como o maior evento de música eletrônica com um único headliner da história dos Estados Unidos.
O espetáculo, batizado Trilogy: Colorado, foi um marco. Com uma produção monumental que combinava telões de LED, pirotecnia, drones e momentos emocionantes, o evento selou um novo capítulo na carreira de Illenium e elevou a cena eletrônica norte-americana a um novo patamar.
ILLENIUM se tornou presença constante nos maiores palcos do planeta. Dos lendário EDC, Ultra Music Festival e Coachella, aos marcantes Lost Lands e Beyond Wonderland.
Além de dominar os line-ups de grandes festivais, seus shows solo tornaram-se um dos mais grandiosos da cena global.
Sua trajetória o levou a lugares que talvez nem ele mesmo imaginava alcançar. Hoje, seu nome é sinônimo de força e sensibilidade. De autenticidade e elegância.
Illenium não é só um nome em line-up, é o reflexo de alguém que sobreviveu às próprias tempestades e transformou elas em trilha sonora.
Há uma beleza silenciosa nas pistas que ele toca. As lágrimas escorrem e os cantos ressoam ao céu como se, por um instante, a música fosse a única coisa que ainda mantém todos de pé.
Seus fãs carregam suas cicatrizes e, em troca, recebem abrigo. Por isso, quando faixas como “Take You Down” ou “Crawl Outta Love” ecoam, a dores internas deixam de ser individual e se transformam em algo maior, uma força coletiva que pulsa em uníssono.
Illenium criou um mundo onde a sensibilidade não é fraqueza — é resistência. Além de fazer história nos shows, ele construiu um legado e formou umas das fanbases mais leais e apaixonadas da música eletrônica.
Sua identidade é retratada pela imagem de uma Fênix, símbolo que escolheu para representar justamente o que ele significa: força, resistência, superação e renascimento. A certeza de que, mesmo em ruínas, ainda é possível recomeçar.
"Não é que eu seja corajoso, não / É que eu já passei por isso antes / E eu sei que ficarei bem (...) Então acenda seus fósforos / E eu vou renascer das cinzas"
Descreve a letra de 'From The Ashes' (2023)É por isso que ILLENIUM vai muito além dos acordes, da melancolia das tracks e dos shows monumentais que iluminam seus palcos. Ele é uma cicatriz viva que pulsa a cada batida. É a dor transformada em arte. Ele é um símbolo de superação que não só sobreviveu à sua própria guerra, mas também segue sendo a luz de milhões.
“Eu criei ILLENIUM pra ser algo maior que meu próprio eu. Um lugar pra quem sente demais. Quero que as pessoas saibam que nunca estarão sozinhas na escuridão"
Disse Illenium em um de seus relatosImagem de capa: Reprodução.
Sobre o autor

Daniel Souza
Sentir, cantar, vibrar e se emocionar, são os pilares principais da música, apaixonado pela arte da melodia, sigo vivenciando as vertentes da vida nos melhores lugares, como eu sempre digo: “Você sente na pele... e a batida no coração”
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