Que clubber está em São Paulo e nunca ouviu falar da Ressonancia? A festa se consagrou no circuito underground da cidade por sempre apresentar lineups fortíssimos combinados a uma variação abrangente. Nomes como Oliver Huntemann, Agents Of Time, Derrick May, Anthony Parasole, Âme, Karmon, Matador, Sebastian Légér, Marc Romboy… poderíamos continuar a lista com muitos outros medalhões que já passaram pelas cabines da festa, sem contar outros luminares da eletrônica brasileira.
Com mais de três anos ilustrando com muito brilho o cenário underground da terra da garoa, quem já viveu as noites (e as manhãs) da Ressonancia não esquece tão cedo. Como estamos vivendo um período sabático longe das pistas devido ao coronavírus, nada melhor do que relembrar um pouco através das palavras de quem esteve na pista. Por isso convidamos Mau Ângelo (UAM Manager), Michele Lolita (Go Techno), Beto Sobely (Sócio), Guss (Sócio) e Guilherme Accula (MDAccula) para colaboraram com essa matéria nostálgica:
Mau Ângelo (UAM MANAGER) – Ressonancia #9
Uma das coisas mais frustrantes para nós amantes da música eletrônica é gerar uma expectativa perante um determinado set que irá assistir ao vivo, se programar em função dele e tudo acabar sendo diferente do esperado, ou seja, a entrega ser totalmente o oposto do imaginado. Por outro lado, quando o contrário acontece, quando não se tem expectativa nenhuma e acaba por presenciar uma grande apresentação, o sentimento é mágico.
Beto Sobely (Sócio Ressonância) – Ressonancia #5: o dia que nem a chuva parou
O maior medo e preocupação para o público e o evento é a chuva, essa noite todas as previsões eram de uma noite linda e zero chuva, seria nossa maior edição até o momento. Por volta das 02:30 começou uma chuva muito forte que poderia ter jogado 3 meses de planejamento no lixo, mas foi aí que todos se enganaram e tivemos duas das melhores apresentações da história na Ressonancia.
Era um sonho ver Matthias Tanzmann na Ressonancia e todo o esforço que fizemos para trazê-lo foi recompensado, o set dele foi impecável, superou as expectativas, mesmo com muita chuva a pista estava fervendo e ninguém arrastou o pé de lá, o que poderia ser um dia triste se tornou uma noite muito especial e ficou marcada em minha memória.
Michele Lolita (Go Techno) – Ressonancia #5
Essa edição ficou marcada demais na minha memória. Eu cheguei cedo no rolê, socializei um pouquinho com os amigos e do nada, bem na hora do live do Âme, começou a chover muito. Lembro de subir no palco e enquanto filmava, via a pista fervorosa, nem aí pra chuva e, ao mesmo tempo, todos emocionados ao ver como o Âme conduzia aquele momento — me arrepio só de lembrar! Era um misto de emoções muito intensas, um take marcado pra sempre na minha memória.
Guss (Sócio Ressonancia) – Ressonancia #4
Essa edição marcou o início do crescimento da festa, após 3 edições com um formato muito menor, foi a primeira vez que nos arriscamos no que se tornaria a famosa “Fábrica de Azeite”, uma antiga fábrica desativada em São Paulo. Tivemos três atrações internacionais esse dia, Marc Romboy, Karmon e Luca Agnelli, além de um time forte de brasileiros, encabeçados pelo Victor Ruiz. Se não me falha a memória foram 14 ou 16 horas de festa!
Foi a primeira vez que trouxemos ao Brasil o italiano Luca Agnelli, tinha uma expectativa alta em torno dele, por conta dos lançamentos pela Drumcode, e ele conseguiu entregar o que era esperado e muito mais, construiu um nome forte no Brasil e acabou se tornando o queridinho pra muita gente que tava naquela festa, o sucesso fez com que repetíssemos a dose e ele voltou na 6ª edição com o Matador, mais uma vez incrível…
Mas o set da 4ª edição ficou muito marcado pra mim, lembro da manhã de domingo, sol brilhando, todo mundo numa vibe incrível, festa lotada, estávamos crescendo, estávamos felizes e ele mostrou que foi uma escolha acertada.
Guilherme Accula (MDAccula) – Ressonância #8
Ressonância na minha opinião sempre trouxe excelentes artistas e os sets sempre foram incríveis, porém, na 8ª edição, que ocorreu dia 21 de dezembro de 2018, foi um marco por alguns pontos muito importantes, como lineup, headliner, data e local. A festa tinha Butch, Blancah e Hernan Cattaneo. Este headliner eu aconselhei para a LAUD há um tempo atrás e quando anunciaram, achei demais, juntamente com a data 21/12, próxima do meu aniversário.
Lá comemorei meus 36 anos com muitos amigos reunidos. A combinação perfeita para uma festa na minha concepção se resume nesta edição: set do Hernan Cattaneo, meu aniversário, vibe de muitos amigos reunidos e local que articularmente gosto bastante, o Sonora Garden. Foram os ingredientes perfeitos para fazer com que essa edição se tornasse inesquecível. Amo essa label, amo esse DJ e amo meus amigos. Isso tudo resume a Ressonancia #8.
Sobre o autor
Vitória Zane
Editora-chefe da Play BPM. Jornalista curiosa que ama escrever, conhecer histórias, descobrir festivais e ouvir música eletrônica <3