Entrevistas

Adorn quer colocar mais acid na cena techno brasileira com a Rave Lemon

Mesmo que de forma relativamente tímida, nos últimos anos tem sido possível acompanharmos o surgimento de novos adeptos e iniciativas ligadas ao acid techno , movimento que começou a surgir no final dos anos 80 na Europa e começou a ficar mais popular em Londres graças às squat parties ilegais que aconteciam.

Na Alemanha, o movimento também começou a ganhar força no início dos anos 90, logo após a queda do muro. Os DJs locais começaram a intensificar a velocidade e a agressividade do som, trazendo a linha do acid mais para o hard techno, um estilo que sempre combinou muito com a rebeldia de Berlim. O mesmo começou a acontecer em Paris, com DJs inserindo texturas mais industriais no meio dos sets, sem deixar de lado a parte ácida, claro.

Em solo nacional, um dos artistas que vem cumprindo seu papel de disseminar o estilo é Adorn . Ele iniciou sua carreira na música através do heavy metal, onde se destacou como baterista, participou de diversos projetos em torno do Metal ao Blues e hoje possui bagagem de mais de 10 anos dedicados à música, mas foi somente nos últimos anos que ele firmou-se na cena eletrônica underground, carregando referências do Acid, Hard e Dark Techno, principalmente da fonte sonora alemã/parisiense.

Shut Up And Rave! foi lançado no final de 2020

Agora, mais do que apenas lançar suas músicas, ele também quer descobrir novos artistas e dar espaço para que todos possam mostrar seus trabalhos de forma autêntica e sem barreiras através da Rave Lemon , sua própria gravadora. O release de estreia está marcado para 12 de maio, um álbum autoral com 6 faixas originais, mas na sequência outros artistas devem ganhar espaço no label. Se liga um pouco mais nessa história:

Bom, nos conte sobre sua mais importante novidade até aqui, a Rave Lemon, sua própria gravadora. Primeiramente, qual foi o grande fator motivador para idealizá-la?

Fala pessoal, obrigado pelo espaço! Acho que ajuda e diferenciação são duas palavras-chave para responder essa pergunta. Hoje vejo muitos artistas que possuem produções dentro do techno que são diferentes e que não seria qualquer label que acataria o release por fugir um pouco do usual, porém, ali contém o total expressionismo do artista. A ideia da ajuda vem realmente em receber esses artistas e realizar um release onde o foco total é na exibição da arte do produtor.

Desde quando a ideia está incubada? Como tem sido esse processo de planejamento de lançamento do label? É algo que você está “aprendendo do zero” a fazer? Tem alguém te auxiliando?

Venho organizando tudo desde 2020. O processo inicial de criação de identidade e lançamento foi um pouco complexo, como todos sabem, não é tão rápido e fácil colocar um projeto no mundo da música eletrônica. Foi algo que tratei do mesmo jeito em que comecei minha carreira, de forma autodidata, porém, pude contar com o auxílio do meu mentor, o tarter . Expressei a ideia e vontade para ele, analisamos o momento e aí dei início ao projeto.

Um dos grandes trunfos para uma gravadora ter sucesso no mercado é possuir uma identidade sólida. Quais serão os pilares da Rave Lemon?

Os pilares sonoros são permeados entre o Techno, Acid Techno, Hard, Industrial, Raw e Warehouse. A ideia é tornar a Rave Lemon uma marca diferente, sólida, séria e bem posicionada.

Já existe uma data firmada para o primeiro lançamento? Fale um pouco sobre este release...

Sim! O debut do label será feito com o meu primeiro álbum que já traz uma das identidades do label, diferenciação e expressão, com 6 faixas originais. O nome do release é “Holy Rave”, um trabalho totalmente temático e imersivo que foi inspirado em sets e lives realizados por vários artistas europeus dentro de igrejas.

A intenção foi trazer de forma séria, despregada e respeitosa o tema do Techno e Religião que hoje é um pouco polêmico, nas tracks do álbum foram usados elementos e vocais religiosos e todo o álbum foi sequenciado como uma missa, culto ou outra seita. Estará disponível dia 12 de maio.

A ideia é convidar outros produtores para lançarem na sequência? Dá para adiantar quem já está fechado com datas e tudo mais?

Sim, porém não esperem volume e velocidade desses releases. Cada release é analisado para ser único, o intuito do label é ser um boutique , nenhum release será igual ao outro, nada será lançado às pressas sem valorizar o artista e com promoções desnecessárias... já temos nomes nacionais e internacionais que estão sendo curados.

O label está aberto para o recebimento de demos já neste momento? Quais são as características que você irá buscar para que o lançamento tenha um fit com o selo?

O artista pode nos surpreender através do formulário em nossa bio no instagram ou pelo envio de demos ou promos para mim e, em algum momento pode receber o convite surpresa do selo. Buscamos por artistas que já tenham identidade e autenticidade em suas produções, que consigam nos apresentar no mínimo 4 demos originais entre elas alguma que seja fora da zona de conforto dele.

Quais outras gravadoras servem de base/referência para a Rave Lemon?

Curto muito o trabalho feito por Monnom Black, Possession, Exhale, Raw, Arts, Nechto e KNTXT.

E para fechar, quando falamos em artistas do cenário nacional e internacional que possuem um fit com a identidade da gravadora, quais são?

Os internacionais diria que VII Circle, Fractions, Sara Landry, Aahan, AnD, LDS, Cassie Raptor, Amorte, Sara Krin, Alex Moss, The Hitman, Dax J, Klangkuenstler, Buried Secrets, Paula Temple, TAQT, Regal, Inhalt Der Natch, Parallx entre outros… Os nacionais KaioBarssalos, Gustav:s, Matheus Rocha, 2Stroke, Silenzo e Mallumo.