Falamos com Alex Glenn, catarinense que vem representando o techno brazuca a nível mundial
Inquieto e apaixonado pelo seu trabalho, Alex Glenn atraiu uma série de conquistas no último ano, independente daquele vírus que trancou todo mundo em casa. O DJ e produtor, que também conduz o festival Frequency Light na serra catarinense, venceu dois concursos musicais este ano: um pelo Soundscape, que vai lançar uma de suas faixas autorais em breve, e outro pelo artista argentino Who Else, que lançou o remix de Glenn para sua track "Karma".
Não satisfeito, através do EP "The Meaning" Alex permeou diversos charts dentro da plataforma Beatport. Nos rankings: #28 no chart geral, #2 por duas semanas consecutivas em Techno Raw/Deep/Hypnotic e #5 em Techno Peak Time. Com a faixa "Remains From the Past", chegou também à posição #88 no ranking Techno Peak/Driving.
Curiosos sobre este trabalho e outras intenções para sua carreira, decidimos conversar um pouco com Alex Glenn. Confira!
Ficamos sabendo que você fez os vocais do EP "The Meaning" no seu celular. Como chegou nesse resultado?
Vim da cena do rock e sempre curti vocais, então comecei a introduzi-los em minhas produções. Como não tinha recursos em casa e nem tinha acesso a um estúdio profissional, resolvi fazer por conta própria utilizando meu celular mesmo. Gravo várias versões e escolho as melhores na plataforma de produção. Depois disso faço layering, utilizando as gravações que escolhi em um grupo e posteriormente fazendo um processamento pesado através de uma "prateleira" com vários plugins para conferir uma qualidade boa e também deixar na atmosfera techno das minhas produções.
Ainda sobre "The Meaning", uma faixa menciona nosso período de lockdown durante a pandemia, e outra menciona um lado mais esperançoso, quase uma redenção. Como foi esse tempo pandêmico para você e quais aprendizados teve?
Foi difícil para mim, assim como foi para todos, mas aproveitei esse tempo off das pistas para estudar muito e fazer um planejamento melhor da minha carreira. Foquei na evolução técnica e espiritual, almejando sair da pandemia mais maduro e preparado para os inúmeros desafios da vida artística.
Como se deu a ideia de contrastar batidas techno com vocais sobre autoconhecimento? Pretende levar isso como uma de suas assinaturas artísticas?
Eu me considero muito espiritualizado e conectado com a natureza, sempre fui muito ligado a isso. Minha primeira track lançada também tem um vocal meu que fala sobre evolução pessoal e mindfulness. Gosto de passar uma mensagem em minhas produções e nada mais direto que através de poesia em forma de música.
Algumas de suas apresentações, como a que fez no Amazon Club, em Chapecó, foram bastante comentadas pelo público. Quais você diria serem seus diferenciais ao lidar com uma pista?
Acredito que o bom DJ tem que saber ler a pista e entregar o estilo de som mais apropriado para o momento. Procuro fazer um set que seja agradável tanto para quem é fã do estilo quanto para os demais. Na minha região, e penso que no restante do Brasil também, há uma proporção menor de artistas de techno, então sempre recebo muitos feedbacks positivos dizendo que são poucos artistas ativos nessa linha que eu toco. Isso acaba me diferenciando da grande maioria, que geralmente toca estilos mais hypados.
Você venceu um concurso do Soundscape para lançar a faixa "Thor's Hammer", outro para remixar "Karma" do argentino Who Else. Está com mais lançamentos previstos para daqui em diante?
A pandemia acabou represando muitos lançamentos, acredito que em 2022 teremos muita coisa boa sendo lançada. Com certeza quero marcar presença junto ao meu público.
O que você espera do cenário da sua região agora que a cultura vem reabrindo? Pretende ampliar sua atuação? Já tem projetos e parcerias em mente?
A cena da minha região sempre foi de qualidade e eu, como um dos pioneiros, desde o início fui um grande representante dela. Aos poucos estou ampliando minhas fronteiras e chegando a novos públicos. Para 2022 tenho um projeto muito legal para fomentar o techno no Brasil e por consequência divulgar meu trabalho também.
O festival multicultural Frequency Light já tem datas marcadas para abril de 2022. O que podemos esperar deste projeto?
Frequency Light é um projeto pelo qual tenho um enorme carinho, pois lidero um grupo de amigos que visa levantar a bandeira da contracultura e da evolução espiritual. Valorizamos as mais distintas formas de arte, começando por diversos estilos de música eletrônica e passando por rock, reggae e rap. Além disso, temos galeria de artes, intervenções artísticas e uma parte para terapias, palestras e workshops sobre autoconhecimento. Uma verdadeira imersão cultural de 3 dias em um dos lugares mais lindos da serra catarinense. A primeira edição surpreendeu e cativou muito o nosso público. Como veio a pandemia, tivemos que adiar duas vezes nossa segunda celebração, o que elevou ainda mais as expectativas!
Imagem: divulgação.