Integrada por Alex H. e Adrian C, a dupla francesa Birds Of Mind está entre os expoentes mundiais de dance music quando o assunto é organic house e downtempo. Isto não são rótulos fixos, entretanto. Reparando na diferenciação de conceito entre seu álbum de estúdio lançado em dezembro, "Journey", e seu novo single, "Mi Pena", é perceptível que Birds Of Mind é sobre explorar caminhos.
A aura nômade que atravessa as sonoridades do duo vem do seu apreço pelo misticismo que se encontra em diferentes culturas. Ao adicionar grooves eletrônicos às suas produções, o resultado é uma assinatura sonora astral, feita para mentes curiosas e conectadas minimamente à espiritualidade.
Esta clareza sobre sua arte permite que Alex e Adrian caminhem em territórios diversos, sem que deixe de parecer que o som vem deles. Seu novo single, "Mi Pena", que acaba de ser lançado pela alemã Get Physical, é um bom exemplo disso: as referências étnicas, as vibes celestiais e o enigma estão ali, mas em pele chique de house music.
Para entender melhor as pretensões de Birds Of Mind enquanto organismo criativo, conversamos com eles.
Adrian, Alex! Obrigado por toparem essa entrevista. Na nossa visão, o trabalho de vocês é muito coerente, uma performance uníssona. Como vocês se conectam musicalmente? Quais elementos musicais são mais influenciados por cada um de vocês?
Musicalmente nós realmente somos um. Estamos procurando a mesma coisa, gostamos de oferecer uma sensação inspiradora não apenas para nossos ouvintes, mas também na pista de dança. Alex gosta muito daquelas basslines redondas e sensuais que te agarram pelo peito e eu (Adrian) sempre adiciono alguns elementos para tornar melódico ou orgânico. Somos muito parecidos em nossa busca musical.
"Mi Pena" parece uma reviravolta refrescante dentro das suas experimentações musicais. Pretendem lançar mais tracks com essa assinatura house classuda?
Sim, na verdade, o lockdown mudou muito nossa música. Nós gostamos de coisas mais groovy. Parece que quanto mais você toca, mais você quer explorar o gênero. Nós realmente não nos encaixamos em um estilo ou gênero. Exploramos muito como uma jornada realmente musical. Parecia mais óbvio termos uma evolução em nossa assinatura.
As cenas de downtempo e organic house são relativamente pequenas e não costumamos pensar imediatamente em Paris quando lembramos dessas vertentes. Neste sentido, como está a cena na capital francesa atualmente?
É pequena, de fato, mas a cena de Organic House não anda tão lenta quanto pensamos. Neste momento a cena parisiense está em alta, muitos promoters e artistas surgiram nos últimos anos em nossa cidade. E é incrível ter uma família ao nosso redor.
Quais foram suas principais referências para suas composições mais recentes? Encontraram ou viveram algo que "clicou" de maneira inspiradora?
Bem, como todos neste planeta, participamos de algo único: pandemia global. Foi horrível para a humanidade, mas para nós foi algo incrível. Temos que parar de viajar tanto e refletir sobre nossa música. Foi um verdadeiro clique.
O fator espiritual é evidente nas suas produções. Mesmo com a rotina artística ocupada, há uma dedicação a este tópico no dia a dia?
Interessante você perguntar porque não meditamos, não fazemos yoga, não somos gurus ou aspirantes a xamãs ahahah. O que tentamos alcançar vem da nossa sensibilidade natural e nos conectamos profundamente com o que as pessoas sentem. Isso ajuda muito.
Voltando a "Mi Pena", a atmosfera sensual da faixa se dá bastante pelos seus vocais e pelo groove. Como foi seu processo de criação?
Produzimos Mi Pena em diferentes etapas. Primeiro foi um projeto paralelo, com uma estética diferente da que normalmente tínhamos, depois adicionamos um vocal de uma faixa famosa, algum tipo de edição. Mas não estávamos convencidos até encontrarmos o vocal latino e construímos essa linha de baixo groovy em torno dele. Nós adoramos de primeira e estávamos convencidos de que tinha que ter um original da Birds of Mind.
Birds Of Mind: Instagram | Soundcloud | Spotify
Imagem de capa: divulgação.