Entrevistas

'Sempre foi minha inspiração (...) e me ensinou que desistir nunca é uma opção', declara Blando sobre pai técnico da seleção brasileira

Após os sucessos com 1 milhão de plays “Que Se Dane” e “Só Você” remix, Blando retorna com um presente para seu pai que, na verdade, vai conquistar o coração do Brasil todo. “Sweet Caroline Rework” foi feita para Renan Dal Zotto , técnico da seleção brasileira masculina de voleibol e pai do DJ e produtor Enzo Dal Zotto aka Blando. A nova faixa conquistou mais de 30 mil visualizações no YouTube em menos de 24 horas após o lançamento e é uma versão eletrônica do clássico de 69 de Neil Diamond.

Também, não é pra menos, porque é carregada de emoção e sentimento a cada melodia. Ficamos tão impressionados com a história por trás da produção, que é uma homenagem ao pai que passou um mês internado com Covid-19 no hospital, que resolvemos conversar com Blando para saber todo o processo de trabalho da faixa.

Além disso, aproveitamos para falar sobre inspirações, envolvimento do DJ e produtor no esporte e na música, e planos para 2021. Confira abaixo:

Oi, Blando! Que bom falar com você! Primeiro gostaríamos de parabenizá-lo pela nova track que ficou linda e é uma homenagem ao seu pai, um dos maiores nomes do voleibol. Como encontrou forças num período tão difícil por conta da Covid-19 para produzi-la?

Olha, realmente foi um período muito difícil em nossas vidas, nos pegou desprevenidos, mesmo porque estávamos tomando todos os cuidados. Quando recebemos a notícia de que meu pai seria intubado, senti um desespero, mas dentro de mim tinha a certeza de que ele iria se recuperar. Eu não podia fazer muito por ele, mas sentia que deveria fazer. Foi quando encontrei força para produzir uma versão da música que ele mais amava, e tinha certeza de que quando ele saísse do hospital iria conseguir presenteá-lo com o que eu mais amo fazer: música!

Conta pra gente todo o processo de produção da track: desde escolher e decidir fazer uma nova versão de um clássico até sua finalização.

No período que meu pai estava intubado, minha mãe colocava nossos áudios e de amigos para ele escutar, e depois colocava a música. Ele se emocionava, então tive certeza de que estava no caminho certo. Comecei a track com a base da música original. Peguei todos os acordes da música e então puxei mais para o estilo que gosto de produzir, tentando não sair da proposta da faixa original. Trabalhar com um clássico exige muito cuidado.

Seu pai, Renan Dal Zotto, é uma pessoa importante que marcou a história do esporte no país e fora dele. De que forma você se sente inspirado pela trajetória dele? Quais lições você aprendeu com ele?

Meu pai sempre foi minha inspiração, e me apoiou desde quando decidi ser DJ e produtor musical. Quando eu tinha 12 anos, comecei a tocar na noite, e ele me acompanhava por causa da idade. Foram muitas noites e noites com ele ao meu lado, um dos maiores incentivos que uma criança que decide ser DJ precisa. Sempre me ensinou que desistir nunca é uma opção, sempre me incentivou a fazer o que eu amo, mesmo que nossos universos fossem completamente diferentes - esporte e arte.

A pergunta que não quer calar: com certeza você teve muito contato com esporte na sua vida, mas escolheu seguir o caminho da música. Você chegou a treinar voleibol? Como surgiu o gosto pela música?

Tive bastante contato com o vôlei, inevitável, assim como foi inevitável meus pais gostarem de música eletrônica. Cheguei a treinar quando morávamos na Itália, mas nada profissional. De vez em quando até brincamos de vôlei, mas o meu negócio sempre foi a música mesmo. Em muitas viagens de família, ao invés de fazer alguns programas, eu prefiro ficar no quarto de hotel produzindo, porque esse sempre foi meu esporte favorito. Quando eu tinha 4 anos, achei que seria baterista, já amava música, mas minha mãe achou que seria muito barulho em casa, e me deu um teclado rs. Desde então comecei a fazer aulas. A música eletrônica entrou na minha vida quando eu tinha de 10 para 11 anos, através de um amigo que me apresentou. Primeiramente, fui tocado pelo psytrance. Depois, meu irmão me apresentou o David Guetta, e fui me apaixonando cada vez mais. Me lembro que ganhei um videogame que tinha um jogo que era de DJ, eu só jogava aquilo, e logo depois comecei a baixar alguns programas para DJs no Ipad. Meus pais viram meu interesse e me deram uma controladora usada, depois disso acabei aprendendo e comecei a tocar nos clubes de Floripa.

Sabemos que desde muito cedo você começou a tocar e nos anos seguintes passou a aprender a produzir. Você acredita que iniciar na carreira ainda bem jovem foi um ponto positivo?

Eu comecei realmente bem jovem, isso foi uma dádiva, pois quantas pessoas passam a vida sem descobrirem o que amam fazer ou por falta de incentivo acabam indo para caminhos diferentes. Eu me considero um privilegiado por ter encontrado o que eu amo fazer sem bater muito a cabeça, e ter o apoio dos meus pais que foi decisivo em todo o processo.

O que podemos aguardar de Blando ainda para 2021?

Muita música, e espero que quando todos estiverem imunizados, muita festa!!