Brasileiros despontando no mercado internacional: Conversamos com Gabriel Tofoli da Salt N Pepper MGMT
A indústria de música eletrônica brasileira mostra sinais de desenvolvimento a cada ano que passa. Junto com ela, profissionais do ramo estão surgindo e cada vez mais qualificados. Muitos acabam entrando no ciclo comum ou mais conhecido, com artistas que bombam nas festas Brasil afora. Mas também existem outros profissionais que estão ganhando enorme notoriedade no mercado internacional, não fazendo o “arroz com feijão” que a cena brasileira serve aos fãs todos os dias.
O Play BPM conversou com Gabriel Tofoli da Salt N Pepper MGMT, que é um desses profissionais que vem se destacando no cenário internacional, levando o Brasil a lugares mais longes e mostrando que o nosso cenário é muito mais rico do que parece. Nosso intuito aqui é mostrar que você também pode ter sucesso nessa indústria sem seguir o óbvio.
Gabriel trabalhava como designer freelance na indústria da música, conhecendo alguns artistas incríveis da sua casa – apenas por meio das mídias sociais. Da mesma forma, ele aprendeu a trabalhar com Adobe Photoshop, Cinema 4D e edição de vídeo avançada assistindo a muitos vídeos do YouTube e inúmeras noites longas de prática. Há dois anos decidiu investir seu tempo totalmente em música e em sua carreira na indústria. “Acredito que se você ama o que faz e trabalha duro, o sucesso virá naturalmente”, completa Gabriel.
Dance music e design gráfico começaram como um hobby para ele. Sua estratégia era ouvir diversas tracks que gostava e em seguida, fazer capas alternativas para as mesmas. O resultado era postado em suas redes sociais, para então tentar alcançar os artistas e enviar-lhes a arte. Isso acabou levando o jovem empreendedor a criar capas de músicas para Michael Brun, Dubvision, Eden Prince, Simon Alex e muitos outros artistas da Dance Music.
Hoje, ele elevou seu trabalho para o próximo nível, expandindo para outros setores da indústria, especificamente o gerenciamento de artistas. Então, ele criou a Salt N Pepper MGMT, onde ele mistura sua visão como designer e manager para ganhar vida por si mesmo. Vamos ao bate-papo? Bóra.
Play BPM: Como foram seus primeiros anos dentro da cena de música eletrônica?
Gabriel: O ano era 2014, durante a época de “hype” das ID’s, páginas do Soundcloud postavam RIPs de faixas ainda não lançadas, existia uma competição de informação para descobrir de quem era a faixa, onde seria lançada, opiniões sobre o mix, etc. Eu com meus 17 ou 18 anos passava horas comentando nas faixas – e enviava a minha versão da arte para o artista e páginas com o upload do RIP, com base na gravadora X ou Y.
Depois de ver o set do Steve Angello no Ultra Miami de 2014 e escutar “Zenith” do Michael Brun, eu enchi a caixa de e-mails dele e o Twitter com minha interpretação da label, do o que eu achava que a label tinha que aparentar, até que ele me apresentou para o manager dele e começamos a trabalhar. (Todo meu trabalho pro Brun foi de graça, não sabia como cobrar, então ficava por isso mesmo – Só queria ter a oportunidade.)
Play BPM: Quando você acha que foi o ano que virou a chavinha?
Gabriel: 2017, meu primeiro ano no Miami Music Week, que acabou mudando minha vida, em Miami e conheci pessoalmente todas os artistas e seus empresários que eu falava a anos por e-mail, whatsapp, Instagram e etc.. voltando do MMW cheguei a conclusão de que para funcionar nesse mercado, você teria que estar presente nesses eventos (ADE, MMW) e se fazer parte deles, então decidi que iria focar 100% na música, vulgo “Quem não é visto, não é lembrado”.
Além de ter mudado minha vida, Miami em 2017 trouxe algo inesperado. Conheci o Scorsi (que me salvou de dormir na rua em Miami, HAHA) e o Dirty South, que é agenciado pelo meu “mentor”. Dirty South sempre foi um dos melhores produtores da cena na minha opinião, escutava as musicas dele voltando do colégio de ônibus e hoje tenho prazer de ter o cara como amigo.
Play BPM: E a pegada de management? Quando e como surgiu para você?
Gabriel: Em 2018, fiz o Mind Your Own Business, curso da Amy Thomson (ex: manager do Swedish House Mafia, DJ Snake e outros) – e eu já tinha uma ideia do que era ser um manager, mas a Amy abriu minha cabeça, que você não precisa ser nenhum super herói pra ser um manager – aí que percebi que a vida de designer era apenas um pedaço da torta, que o manager fatiava.
Do meu ver, era surreal pensar em lidar com gravadoras, publishers, agências, imprensa, outros managers e etc etc etc – e no final das contas, pra ser um manager três coisas são necessárias: música boa, contatos e pulso firme. (Principalmente pulso firme, pois o mercado da música parece lindo, mas é cruel)
No começo de 2018 conheci o Walden, e eu escutei toda as suas faixas para fazer as artes delas, e voltando do MYOB, fiz a oferta de management – na sequência, eu e meu sócio Fahim (Que mora em Vegas), descobrimos o NOTO e assinamos o mesmo sem pensar duas vezes.
Play BPM: Depois que iniciou os trabalhos com management, como conseguiu crescer no mercado?
Gabriel: Por ter trabalhado anos como designer, já tinha contato de managers, gravadoras e artistas – em março de 2019 fiz parte do Cercle, que aconteceu no Bondinho com ARTBAT, junto aos rapazes da Síntese Agency.
Em agosto de 2019, decidi que iria abrir minha agência de management, Salt N Pepper Management, então emplacamos releases na Release Deep com o Walden e Axtone com o NOTO – na sequência desses dois lançamentos tive meu primeiro ADE como manager – quase morri com tanta reunião HAHA
E o Walden tocou no Release Records Showcase no ADE (e o Play BPM estava lá). Além de também ser o Designer do 1001 ADE e do Top 101 Producers – foi um ADE muito corrido.
Play BPM: E esse ano de 2020, quais foram as conquistas e os maiores desafios?
Gabriel: Apesar do ano de 2020 ser muito atípico, devido ao Corona vírus, não posso reclamar. NOTO começou o ano com a sua ID “Dawn” como finalista do Aden Awards do Jonas Aden, depois a sua collab com o Zerb “Like 2 Party”, lançada na Generation HEX, atingiu #1 no Electro House do Beatport e a faixa “Mantra” com Crime Zcene, teve um world premiere pelo Martin Garix no seu set do Tomorrowland Worldwide.. que sai dia 9 de setembro na STMPD, e mais alguns releases alinhados ainda para esse ano.
Já o Walden lançou a “Lyter” na Armada Trice, que conta com remixes do Scorsi e Sentinel, dois lançamentos na Release Deep, “Yoris” e “Where You Belong” (co-produzida pelo Third Party).. e algumas ID’s flutuando… MORTEN tocou nosso próximo lançamento em seu set para Spinnin x 1001 Tracklists ID’s Only
Participei da organização dos festivais online do 1001 Tracklist, contando com artistas nacionais como: Mochakk, Almanac e JORD (Edição 1) e Zucchi, Lothief, Breaking Beattz e Evokings (Edição 2). E além disso, Scorsi tocou no festival 1.0 do 1001 Tracklist e o KVSH no 3.0.
Play BPM: O que podemos esperar pela frente?
Gabriel: Bom, ainda em 2020, assinei o Zerb na Salt N Pepper MGMT e te garanto que temos MUITA coisa legal a caminho, ele é incrivelmente talentoso e tem uma visão clara sobre o que ele quer para o seu projeto, muito ambicioso, depois do lançamento na Generation HEX, as coisas voltam a ficar mais “”zerbonificas””, com a “Stay With Me” pela Austro, dia 25 de Setembro.
Nessa sexta dia 4 de Setembro, é o primeiro release da minha gravadora com o Scorsi, Rush Puppy Records, que também tem uma PORRETADA de musicas pra ser lançada. Walden e NOTO tem um caminhão de músicas, e estamos trabalhando para que todas vejam a luz do dia e o Spotify de todos :)
Quem quiser entender mais sobre ele e a empresa:
Instagram da Salt N Pepper:https://www.instagram.com/saltnpeppermgmt/
Instagram do Gabriel Tofoli:https://www.instagram.com/gatofoli/