Confira a entrevista com Marc Zmile e sua novíssima track, exclusividade Play EDM!
Produtores da festa Camorra, Marcel Colpani e Daniel Victorino formam o duo Marc Zmile, que vem chamando a atenção na cena eletrônica e atraindo novos fãs por onde passam – além de espalhar muita felicidade. Durante a última edição da festa, dia 18/06, o Play EDM conversou com a dupla sobre seu estilo, carreira, e como veem a música eletrônica no Brasil. Confira!
Marcel: Encaramos a profissão DJ como uma empresa. Assim como um jogador de futebol tem uma assessoria e uma equipe por trás, não é apenas sua habilidade em campo que o faz ter sucesso. Então, como numa empresa, pensamos numa marca e no que as pessoas hoje se identificam, tendo em vista os grandes festivais e o tipo de música que tocamos. O sorriso é uma coisa positiva, boas energias, felicidade. É um símbolo que está diretamente ligado ao nome do projeto, e ao conceito por trás dele, que é gerar energia positiva e felicidade para as pessoas através da música. O nosso símbolo é uma maneira de conseguir trabalhar com as pessoas, passar uma mensagem mais efetiva e de uma maneira mais forte.
Daniel: Nós acreditamos que é muito mais legal ter um símbolo que as pessoas se identificam do que simplesmente a nossa cara. É a questão de criar a marca no sentido mais amplo da palavra. Então às vezes a pessoa primeiro se identifica com a marca, com o sorriso, para depois se interessar em conhecer o som, às vezes a pessoa primeiro conhece o som, depois gosta da marca… E o tipo de som que a gente busca fazer é um som animado, um som que você não dança sozinho, você agarra a pessoa ao seu lado, você canta e vibra, isso tá muito relacionado com o logo, então o nome, o logo, e o som estão todos extremamente alinhados. Existe uma sinergia muito grande na proposta, na música, na comunicação, criando um conceito final e um produto, que é o Marc Zmile.
Marcel: O tipo de mensagem que a gente quer passar, de união, tanto para dentro do mercado, quanto para fora, tudo isso vai se alinhando num conceito, e o “smile” é uma maneira de representar isso mesmo. Foi o símbolo que a gente achou melhor para pegar com a galera e trabalhar. Com o “smile” você trabalha de vários jeitos, da pra fazer todo tipo de brincadeira com ele, colocar em todo lugar, e não é uma coisa repulsiva, ninguém vai se incomodar de ter um “smile” estampado.
Daniel: Exatamente, não é um logo agressivo. Não é um logo muito específico para um público específico. Qualquer pessoa de qualquer idade se identifica com um sorriso! Ele é bem clean, você bate o olho e sente uma energia legal e positiva, exatamente isso que queremos passar.
Marcel: Somos bem ecléticos em relação à música, e a gente teve muita influência ao longo do tempo, tanto como ouvintes, quanto como DJs ao longo da carreira. No começo era o Psy Trance, do Skazi, teve a época do Skrillex que estava bombando, então fomos pegando influência de vários lados, e acho que o legal do set hoje é não manter sempre o mesmo ritmo, mudar a maneira com que as pessoas dançam ao longo do set. Pelo menos no set que a gente se propõe, que é de alta energia e de muita dinâmica, acho que a influência vem de múltiplos estilos, buscamos influência em coisas que trazem essa energia e conseguem quebrar o ritmo de alguma maneira. Falando do Melbourne Bounce, ele tem o baixo no contratempo, que da uma quebrada, a gente pega o trap e o dubstep que quebram bastante a batida também….
Daniel: Quando as pessoas perguntam “O que vocês tocam?”, eu respondo: “Imaginem o Main Stage de um festival grande, exatamente a energia que rola nesses sets, nesses ambientes, a gente tenta trazer para todos os sets que a gente faz”. Então, transitamos entre alguns estilos principais, Electro House, Melbourne Bounce, Dubstep, Trap, Progressive House, e hoje estamos gostando bastante do Bass House, que está vindo com grande força com produtores da nova geração muito talentosos. Nos nossos sets têm músicas antigas, o eletrônico clássico das antigas, uma ou outra referência de Rock misturado também, e buscamos sempre tocar o que tem sido tocado pelos DJ’s que admiramos nos festivais e shows que fazem, e nos manter atualizados com as rádios nacionais e internacionais. O nosso set é a representação do que falamos sobre a essência da marca, que é fazer com que a pessoa que está ali na pista realmente se divirta, dance, e cante… E por isso, também temos uma grande preocupação em renovar bastante com mash-ups autorais e tentar contar uma história única para cada festa.
Marcel: Acho que a música é emoção também, deve resgatar memórias. Então você vai mexendo de várias maneiras no set, e consegue causar essa sensação nas pessoas. Ela primeiro ta dançando muito, depois fica feliz, aí vem um sentimento de nostalgia. Você vai contando uma história e a pessoa fica envolvida, e isso é o principal do set, manter ela envolvida o tempo inteiro e não se cansar, ficar o tempo todo em movimento.
Daniel: Não sei se tem contras (risos)! Acho que é muito bom, principalmente porque o Marcel tem uma formação muito baseada em marketing, nessa área de comunicação, coisas como conceito, linguagem, imagem, e produto, que é uma coisa que eu sabia zero a respeito. Eu venho de uma formação comercial, retórica, vendas, por um lado, e economia, finanças, lógica, do outro. Então, para o nosso caso, foi um match perfeito, é um complemento muito foda. Aprendemos com o outro e nos ajudamos, na parte Administrativa/Estratégica. É muito melhor. E na parte de tocar em dupla, a gente até comenta, sempre que vemos uma dupla se apresentando parece que a energia naturalmente é mais forte, porque um vai animando o outro, se um está em um dia pior o outro anima. É difícil você olhar e acabar não se animando. Não consigo pensar em um contra, na real.
Marcel: Escolhendo músicas, cada um tem uma opinião diferente, e um acaba ouvindo o outro, traz uma referência diferente. Produzindo, os dois têm ideias, e fica mais difícil de ter bloqueio criativo. Querendo ou não, sendo clichê (risos), duas cabeças pensam melhor que uma! E a gente gosta muito de trabalhar em equipe. Hoje, o Marc Zmile tem seis pessoas em sua pequena equipe: eu e o Daniel, o Carlo Dall Anese (manager), a Lemon 3 (agência de mídias e redes sociais), o Leo Scamparini (Road manager), e a Fernanda, que cuida dos bookings na agência, a B-Side. Nós sempre trabalhamos em equipe, nós dois, as pessoas que estão na equipe, e os amigos que sempre nos apoiam e nos acompanham.
Marcel: A cena eletrônica nacional vai na contramão do que acontece no mundo. Não sei exatamente explicar o porquê disso, mas você vê nos maiores festivais, nos grandes centros de música eletrônica do mundo, uma influência muito grande do mainstream, estilos como o dubstep, o trap, o bass house, e várias outras que predominam. Já o Brasil tem mais influência do techno, do deep house… o que tá muito em alta lá fora não pega aqui, e isso eu não sei explicar. Por isso vai na contramão, mas acho que é tudo uma questão de moda também, um ciclo de estilos, um está mais em alta, depois desce e vem outro. Fiquei impressionado no Lollapalooza, no show do Jack Ü, com a quantidade de pessoas que provavelmente nunca foram fãs de eletrônico, escutando o som pesado. Isso abre caminho para todos os estilos no Brasil.
Daniel: Para finalizar, gostaria de agradecer ao Play EDM. Acredito na enorme importância dessa iniciativa da revista em dar espaço e foco para festas assim que ainda não são tão grandes, e para DJs que estão começando suas carreiras. Isso é uma das coisas que enxergo como principais para que a nossa cena eletrônica se fortaleça como um todo, ganhe consistência e coesão, e para que o público em geral possa conhecer sons novos e artistas novos, abrir a cabeça e expandir seus horizontes. E sobre o som no Brasil, acho que grande parte do que se toca é muito moldado por outros interesses bastantes comerciais, relacionados com as agências querendo vender os artistas que elas estão investindo, e os festivais que vêm para cá em busca de uma parceria nacional… Enfim, quando o mercado é polarizado, ele fica mais eficiente. Por isso acho que essa iniciativa do Play EDM é muito importante para melhorar a música eletrônica no Brasil como um todo.
O duo liberou com exclusividade para nós sua nova música, “GET U DOWN”, em parceria com CHRNK. Confira!
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