Do rock londrino aos mais variados estilos da dance music: Conheça as multifacetas sonoras de KAPP
Por Nicolle Prado
Inspirações e influências podem ser absorvidas por toda a parte, basta estar atento aos movimentos que acontecem ao nosso redor e como tudo parece, de fato, transpirar arte. Claro que para uns, esta intuição artística é mais difícil, enquanto para outras parece tão natural quanto respirar. Essa é a impressão que Brenno Balbino transmite através de seu novo projeto KAPP, que acaba de lançar seu single de estreia “Burning Lips”.
Com um início tão explosivo, a faixa reúne todo o rico background que o artista carrega em sua bagagem musical. Natural de São Paulo, Brenno deu seus primeiros passos como músico aos dez anos, quando passou a fazer aulas de piano, e na pré adolescência já tocava baixo em bandas cover pelo Brasil. Agora, radicado em Londres, na Inglaterra, ele possui em seu currículo passagens por bandas de Rock Alternativo, Post Punk, Shoegaze, e o mais recente Psychedelic Rock, enquanto integrava um grupo brasileiro, que realizou turnês nacionais e internacionais, passando por festivais como Great Escape, Nox Orae, Primavera Sound e Piknik.
Depois de explorar tantas vertentes musicais, no último ano, ele decidiu encarar um novo desafio, iniciando o KAPP. O projeto abarca todas essas experiências, além de outras influências que o artista absorveu durante sua trajetória, que mostra que seu tato musical vai muito além de primeiras impressões e está intrínseco em si. Para entendermos um pouco mais desse artista multifacetado, o convidamos para um bate-papo. Confira:
Play BPM: Olá Brenno! Obrigada por topar conversar conosco, é um prazer te receber aqui. A gente já sabe que você é um artista cheio de experiências e vivências, então para iniciarmos, conta um pouco sobre a sua trajetória musical…
KAPP: Olá pessoal! Então, dei meus primeiros passos como músico aos dez anos, quando comecei a fazer aulas de piano, e na adolescência já tocava baixo em bandas cover em na zona leste de São Paulo. Me mudei para Londres aos 22 anos e entrei no curso superior de Music Composition na Middlesex University, foi quando meu conhecimento sobre música se aprofundou e despertei interesse em DAWs, então comecei criar minhas próprias sonoridades.
Possuo um currículo com passagens por bandas de Rock Alternativo, Post Punk, Shoegaze, e o mais recente Psychedelic Rock, tocando baixo, sintetizadores e percussão. Durante todo esse tempo, também atuei como DJ residente nas minhas noites da festa Bunker 194. Hoje toco como DJ e faço live também.
Você participou de bandas de Rock Alternativo, Post Punk e Psychedelic Rock. Como você aplica essas experiências dentro deste novo projeto, como KAPP?
Uso muitas ferramentas que aprendi a trabalhar na época que tocava em bandas, pois tinha liberdade de explorar sonoridades de baixo com efeitos, synth bass, pads e leads... hoje minha produção é híbrida entre programação midi e instrumentos e percussão gravados em linha ou com microfone. Uso também a técnica de "field recording", na música ‘Burning Lips’, na parte do break seguido do momento que chamo de clímax, tem o som de cigarras e grilos na mata da Bahia em Boipeba. Gosto muito de trazer sons da natureza para a mixagem com intuito de criar contraste com o som artificial e urbano.
Além disso, como aconteceu essa transição de gêneros do rock para trabalhar com o Dance Music? Conta como foi essa virada de chave.
Quando encontrei minhas atividades com as bandas que participei, decidi fazer minha própria música e quando fiz o primeiro rascunho meu objetivo era de usar elementos sonoridades que mais me atraiam, emocionaram e que rodeavam minha mente por anos, muitas durante toda minha experiência musical, como algumas melodias e ritmos memorizados desde as primeiras aulas de piano na infância. E mesmo que simples ou complexo, tinha que ter personalidade, sensualidade e profundidade, essa foi a ideia
Quais são as suas principais referências dentro da música eletrônica?
Diria que Aphex Twin, Andrew Weatherall, Jeff Mills e Arca
Como você definiria sua identidade sonora?
Energética, sensual e profunda.
O seu irmão, Bruno Balbino, também é DJ, e inclusive atua no Dance Music desde os 14 anos. Como é a relação musical entre vocês? Vocês costumam se ajudar, trocar figurinhas, cases e etc?
Ele que me deu as primeiras aulas de mixagem mas na época eu estava focado nos instrumentos. Sempre fomos sócios na festa BUNKER 194, tocamos juntos na mesma noite mas nunca tivemos nenhum projeto juntos.
Você lançou recentemente o seu primeiro single “Burning Lips”, uma faixa bem potente e marcante. Como foi o processo criativo desta música? Qual mensagem você buscou passar com ela?
Pensei em muitas sonoridades, orquestradas e dinamizadas, poderia chegar no resultado que gostaria e imaginava; breakbeat, com uma mistura de timbres da Dance Music dos anos 80 e 90, sintetizadores rítmicos, mas que soam como guitarra elétrica, baixo variando entre groovy/marcado e contínuo/profundo, adicionando percussões sincopadas de timbragem tanto católica quanto orgânica., filtros cortando as frequências das ondas distorcidas, e sabendo trabalhar o silêncio, o que é uma das partes mais importantes na minha perspectiva de criação; não somente pensar no que deve estar tocando, mas sim no silêncio de cada elemento dentro do seu espaço contínuo de apresentação.
Então decidi que essas seriam minhas guias para desenvolver meu caminho estético. Foi quando ‘Burning Lips’ nasceu, e esse single representa a materialização da minha escolha de direção de conceito estética o que abriu as portas para um novo mundo de possibilidades; usando as ferramentas que possuo diante de todas essas influências e experiências sonoras e de formação musical).
Imagem de capa: divulgação.