Quase duas décadas de carreira, o DJ e produtor Komka havia dado uma pausa na música e se dedicado aos eventos. Voltando com força a ativa, ele lança um EP pela Doc Records, de Gui Boratto, e tem trabalhado mais na produção de novas tracks. Confira a entrevista exclusiva:
Play BPM: Com uma carreira de quase 20 anos, qual foi a maior diferença entre os seus lançamentos anteriores e esse EP? DJ Komka: Acho que é um processo evolutivo, como tudo na vida. Acho que a maior diferença é a questão da maturidade musical, que a cada ano que passa você vai ficando mais certo do que quer. Até o ano passado, que foquei meus esforços na produção de eventos, eu não vinha me dedicando à música, principalmente à produção musical, como poderia e o processo de evolução foi bem lento. Poucas horas em estúdio, poucas músicas feitas e consequentemente poucos lançamentos. De um ano pra cá, eu tenho passado todos os dias no estúdio e consigo hoje fazer música com muito mais fluidez, atingindo um padrão próximo do que eu espero. O EP pela DOC representa pra mim não só a concretização de um projeto antigo, que é lançar um EP pelo selo do Gui Boratto, que eu conheço há mais de 15 anos, como também minha afirmação artística da música que acredito e que tenho trabalhado para apresentá-la neste ano.
Play BPM: De onde surgiu a participação de Nina Mess na faixa? DJ Komka: A Nina é minha namorada. Ela também é DJ e eu trouxe ela pro mundo da produção musical, insistindo para que ela gravasse alguns vocais. Ela gosta de escrever letras e tem acompanhado meu processo de produção. Além de várias faixas que já gravamos juntos, ela também já escreveu letras para outras músicas minhas. A música é uma paixão em comum nas nossas vidas e sempre que possível faremos essa parceira.
Play BPM: Como começou a sua relação com a DOC Records? DJ Komka: Acompanhando o trabalho do Gui Boratto, de quem sou muito fã, soube logo no início deste projeto dele. Mas foi através do Come and Hell, projeto que tive durante anos com a Mari Perrelli, que comecei a ter um maior envolvimento musical com Gui. Fizemos uma faixa juntos, a Take Control, que ele lançou no álbum Abaporú, e posteriormente lançamos uma faixa, a “Waste” em uma coletânea na DOC. Desde então temos falado de um lançamento pela gravadora, que acabou não acontecendo como o Come and Hell, mas veio no momento certo em minha carreira sólo.
Play BPM: Qual o seu desejo para a cena eletrônica brasileira para os próximos anos? DJ Komka: Que continue crescendo e fazendo cada vez mais parte do lifestyle do brasileiro. Que a economia volte a crescer e consequentemente investimentos relacionados a vida noturna, entre festas, clubes e festivais, sejam feitos, o que afeta diretamente no mercado da música, atraindo mais gente e etc.Sinto falta hoje de uma cena mais aberta ao experimentalismo, como se via mais, pelo menos aqui em Brasília. Talvez por ser novidade, as pessoas estivessem mais abertas a sons diferentes. Mas isso não cabe somente ao público… Depende também de quem promove e dos invesmentos que são feitos. Hoje me parece estar tudo mais “enlatado” e grande parte do que é produzido ou executado busca sempre “fórmulas de sucesso”. Isso se deve a diversos fatores, e ao meu ver está relacionado até à insegurança no mercado de quem investe e, claro, não quer perder dinheiro. Mas talvez ainda eu esteja buscando isso nos lugares errados, mas acredito que com um mercado mais aquecido e consolidado, mais iniciativas deverão surgir.
Play BPM:Quais são os seus lugares favoritos para tocar em termos de festivais e clubes? DJ Komka: Estou desatualizado no momento. Não tenho feito shows nos últimos tempos e qualquer recomendação seria de lugares que estão ativos há anos e já estão consolidados. Acompanho algumas iniciativas pelo Brasil que adoraria tocar ou conhecer, mas ainda não tenho propriedade para recomendar. Acredito que o trabalho que tenho feito proporcionará novas experiências em breve, mas agora meu momento é de produção para logo levar a música a novos horizontes.
Sobre o autor
Vitória Zane
Editora-chefe da Play BPM. Jornalista curiosa que ama escrever, conhecer histórias, descobrir festivais e ouvir música eletrônica <3