Entrevistas

“Sou uma pessoa super sensitiva e o meu paraíso é isso”, comenta Ella Whatt sobre nova faixa “Heaven”

O mais recente lançamento da Fluxo , gravadora baseada no Oeste catarinense, comandada por ZAC e Fuscarini, vem repleto de detalhes especiais. Lançada na última sexta-feira (26), “Heaven” é assinada pela DJ e produtora Ella Whatt , que faz sua estreia no catálogo do selo. A música tem forte apelo melódico e traz também as sonoridades orgânicas que quase sempre se fazem presentes nas suas produções. Você já pode conferir a faixa na íntegra logo abaixo enquanto confere nosso rápido bate-papo sobre este novo trabalho da artista:

Oi Grazi! Tudo bem? Falando sobre “Heaven”, lembra quando começou a trabalhar nela? Por que batizou com este nome? Lembro sim! Estava um dia lindo e parecia ter algo especial, sabe?! Cheguei da praia e fui direto pro estúdio. Eu gosto de som groove com melodias que te fazem ter alguma sensação, e a minha aquele dia foi de estar no paraíso. Sou uma pessoa super sensitiva e o meu paraíso é isso. Como não vivo sem música, só o simples fato de estar em um lugar que me inspira, que me faz ser criativa e me traz felicidade já é o paraíso. Transformei do meu jeito isso tudo na “Heaven”. Ao mesmo tempo que te toca com uma certa melancolia te empurra pra frente.

Ela possui alguma mensagem em especial? Que tenha sido feita com a intenção de ser especial, não. Mas ela foi feita, com toda certeza, com esperança de dias melhores e que a gente possa voltar a se abraçar em breve, até porque no meu paraíso é livre qualquer forma de carinho. O groove embala as batidas e nos empurram para um futuro melhor que o que estamos vivendo agora, e os claps que tocam de forma repetida em algumas viradas mais expressivas são um estalo do tipo: “hey o tempo tá passando, vambora”.

Terminando de escrever aqui, me veio uma lembrança que a última vez que toquei no Amazon foi o dia em que minha vó faleceu, e por incrível que pareça foi uma gig daqueeeelas, de lavar a alma. Minha avó era artista plástica, bem a frente do seu tempo e eu tenho a plena certeza que ela gostaria que eu tocasse e quebrasse tudo, ela adorava música eletrônica. Agora até arrepiei aqui por ter posto o nome de “Heaven” e ter feito a música pro Fluxo, deve ser onde ela está e soprou no meu ouvido (risos).

Como foi o contato com a gravadora? Você conheceu a equipe através da Amazon? Eu conheço os guris há bastante tempo. Todas as vezes que toquei no Amazon foram muito incríveis e marcantes. O ZAC já tinha me falado pra mandar som pra eles, mas na época ficou mais no ar mesmo, agora acho que foi o momento certo.

Hoje você dedica boa parte do seu tempo pra gravação de sets, mas como é sua rotina na produção musical? Com que frequência você está no estúdio criando e experimentando? Na verdade sim e não (risos). Eu gravo muitos sets devido ao meu programa semanal: ‘O que Ella toca’, que é transmitido na rádio online Bee Radio. Mesmo com a pandemia e sem as gigs, eu não perdi o costume da pesquisa musical na qual eu já fazia. Então fica mais fácil programar a montagem dos episódios, essa demanda não afetou a rotina musical criando músicas próprias pois eu sou bem dinâmica. Se eu sentei pra produzir e tá fluindo legal, eu continuo até terminar nem que pra isso eu vire a madrugada.

O que mais te motiva a construir uma nova música? São situações da vida mesmo? Quais mais te inspiram? Eu sou super influenciada pelas emoções que me cercam. Eu abro o computador e deixo fluir. Assim como tem dias que até parecem mágicos, eu faço super rápido e por consequência saem várias faixas, tem dias que eu fico insistindo e não sai nada do meu agrado. E pra mim tá tudo bem, música é arte e inspiração diária, não me julgo mais por um dia que tentei e não rolou. Aprender e explorar coisas novas — e não precisa ser só musical — é algo que me motiva e inspira demais, em tudo na vida, mas principalmente na música.

Você está começando a aprender e estudar Djembe Bascot. Tem experiência com outros instrumentos? Você busca sempre trazer sons orgânicos nas suas músicas? Eu ainda estou aprendendo a tocar Djembe, com aprofundamento na música “Bascot”, que vem da Costa Baixa da Guiné, na África Ocidental. Eu arranho no pandeiro, berimbau, agogô, caxixi, atabaque, e lógico que por onde eu passo compro instrumentos afro brasileiros que inclusive uso bastante no Drunky Daniels, obviamente com as percs bem mais marcadas e orgânicas pois o DD tem outra estética musical, mas ultimamente tenho usado nas faixas como Ella também, só que mais modulado.

Tirando a saudade de tocar numa pista lotada, do que mais você sente falta na cena eletrônica? O contato com a galera do nosso meio, ver os amigos DJs, produtores e toda aquela a galera que a gente só vê se tá tocando. E óbvio, conversar olhando no olho daquela pessoa que foi me ver tocar, sinto muita falta disso.