Entrevistas

Paula Miranda, da Privilége Búzios, conta : “A música é o combustível da minha trajetória”

Um texto de Rodolfo Reis ( @rodolfoacreis ) e Vitória Zane (@vitoria.zane).

Ora recebendo uma massagem relaxante, ora dançando naquela pista fervida… quem vê o feed de Paula Miranda , entre fotos de drinks e sucos saudáveis, não imagina as grandes responsabilidades e o trabalho por trás de suas diversas funções, entre elas ser uma das heads da Privilége Búzios.

De Juíz de Fora para o Rio de Janeiro com a missão de gerir um club com constância mesmo em baixa temporada no litoral, ela trabalha há mais de 15 anos na cena eletrônica com produção de eventos e curadoria artística. Em pleno mês voltado a celebração feminina, batemos um papo com a produtora e manager sobre carreira, projetos e viagens.

Paula segue como uma figura inspiradora para mulheres que sonham em trabalhar no cenário da música eletrônica. Confira os aprendizados e a trajetória da mineira mais que carioca na entrevista abaixo:

Play BPM: Oi Paula! Tudo bem? Primeiramente, é um grande prazer estar conversando com você. Por favor, apresente-se aos nossos leitores que ainda não te conhecem.

Paula Miranda: Obrigada pelo convite Play BPM. É sempre um prazer falar sobre a minha história com a música! Sou Administradora de empresas, mineira e moro em Búzios, Rio de Janeiro. Trabalho com produção de eventos desde 2005 e o combustível da minha trajetória é certamente a minha paixão pela música.

A sua jornada na música eletrônica começou há mais de 15 anos, certo? Quando trabalhava como hostess em Juiz de Fora.

Isso! O Privilège Juiz de Fora foi o portal que despertou o meu interesse pela música eletrônica. Antes mesmo de trabalhar como hostess lá, eu já era cliente assídua do club e frequentava todas as noites de eletrônico da programação. Depois que entrei para o time, com a aproximação dos residentes Marquinhus SP e Sandro Valente (meus mestres), foi inevitável não mergulhar nesse universo de cabeça. Os caras inspiram demais.

Qual foi o seu sentimento quando você descobriu esse universo? Soube logo de cara que gostaria de trabalhar com isso pelo resto da sua vida?

Sou curiosa por natureza. Agora imagina descobrindo esse universo infinito?! Vou precisar de tempo para isso rs… eu demorei para ter 50% de certeza do que realmente queria fazer pelo resto da minha vida, ainda me faltam 50% para descobrir. Mas o meu foco nunca foi o destino, acho que o caminho é muito mais interessante para o verdadeiro aprendizado. O meu coração é o meu guia.

E como ocorreu a sua mudança de Minas Gerais para a cidade de Búzios no Rio de Janeiro? Foi por conta do Grupo Privilège?

Minha transferência para Búzios veio com uma missão impossível do Grupo Privilège: formar uma equipe 100% local e abrir o club com constância na baixa temporada do Balneário. Aqui estou morando há oito anos, acho que deu certo!

Conte mais detalhadamente quais são as suas funções e responsabilidades dentro da Privilège.

Dentro das funções noturnas, comecei como hostess, treinei em todos os setores do clube para me tornar gerente operacional (mesa, bar, caixa), e continuo responsável pela operação do Privilège Búzios, além de fazer a produção artística (receptivo) dos eventos. Já dentro das funções diurnas, comecei como produtora artística (logística / contratos / riders), até chegar a coordenação da equipe de promoção das festas, curadoria artística e planejamento estratégico dos eventos, sendo Gerente de Desenvolvimento.

Fora isso, em quais outros projetos você também está envolvida?

Em parceria com o Grupo Privilège , tenho a já tradicional Cabaret da Miranda desde 2009, uma festa de amigos que gostam de música eletrônica, e a festa FUSCA – Fazendo um som com amigos – desde 2017, focada nos novos talentos e artistas locais de Búzios e região. Além disso, sou manager do projeto KORVO há cinco anos e faço parte do time de management do projeto FFLORA há um ano. E mais recente, com a chegada da pandemia, venho me dedicando a operação e desenvolvimento do TAWA BEACH (novo Beach Bar e Restaurante de Búzios).

Você acredita que muitas mulheres ainda não sabem que podem trabalhar no mercado da música eletrônica, sem necessariamente ser artista?

Acho que até sabem, sim, mas vejo e sinto na pele os desafios e preconceitos que nós mulheres passamos dentro desse mercado. Talvez seja esse o motivo do baixo índice feminino na cena… mas temos que resistir, e isso me desafia a seguir cada vez mais longe.

Ficamos sabendo que você coleciona viagens de pesquisa e conhecimento musical pelo mundo. Estamos curiosos para saber mais sobre isso.

Kkkk, verdade! No Brasil e no exterior, sempre que posso e me sobra um tempo, procuro conhecer um venue novo… seguem os que considero mais importantes, listados por ano:2010 – acompanhei a DJ e amiga Paula Pedroza numa turnê por Ibiza (Espanha), Londres (Reino Unido), Munique (Alemanha), Paris (França) e Viena (Austria).2011 – mergulhei na experiência clubber de Ibiza por um mês de férias… já voltei algumas vezes depois, a Ilha Branca é meu lugar favorito no mundo.2012 – conheci Warung e Green Valley/SC.2013 – morei por um mês estudando inglês e conhecendo as pistas de dança da ilha de Malta (sul da Itália).2015 – fui conhecer e me perder no Amsterdam Dance Event, juro que para conseguir acompanhar toda a programação das festas e conferências eu precisaria ser cinco Paulas ou mais.2017 – mais uma ida a Ibiza (hahaha) com retorno por Barcelona (Espanha) pelo Sonar e Off Sonar Festival.2018 – acompanhei o DJ Meme numa turnê pelas Ilhas Gregas (cruzeiro) e Itália, e conheci o Tribaltech Festival em Curitiba/PR.2019 – conheci Laroc / AME… e já estou contando os dias para poder voltar a viajar…

Durante todos esses anos, quais são os aprendizados pessoais e profissionais que você pode contar?

Seja persistente e disciplinado;Equilíbrio é tudo! E faz bem para a pele;Transmita o que você deseja receber.

TOP 3 aberturas da Privilège que você guarda no coração?

Vintage Culture – Privilège Búzios;Dennis Ferrer – Privilège Búzios;Solomun – Privilège Búzios

Você acredita que voltaremos mais fortes e unidos após a pandemia?

Sem dúvidas!

Agora, uma pergunta profunda: o que a Paula Miranda quer deixar de legado para o mundo?

Bom caráter, lealdade, felicidade, amor e união.