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ENTREVISTADO #8: inspiração, dedicação e coração, confira a direção de Bhaskar no caminho da música

Membro da família responsável por revolucionar a cena eletrônica através de um festival (Universo Paralelo), Bhaskar vem dominando cada vez mais as pistas com seus remixes diferenciados e produções inovadoras. À nosso convite, o DJ e Produtor conversou com detalhes sobre sua carreira profissional e vida pessoal em um bate papo exclusivo. Confira:

Play BPM: Olá, Bhaskar! Como vai por aí? Obrigada por ter aceito nosso convite em participar do quadro ENTREVISTADO. É um prazer imenso ter você em nosso time de entrevistados! Vamos ao que interessa: Qual seu nome completo, cidade natal e há quantos anos você é DJ e Produtor?

Bhaskar: Bom, meu nome é Bhaskar Achkar Peres Petrillo, sou natural de Goiânia e sou DJ e Produtor a 16 anos.

Play BPM: Sabemos que você vem de uma família com nomes bem diferentes do que estamos acostumados a ver em nosso dia a dia. O seu nome em específico tem algum significado?

Bhaskar: Minha família sempre foi muito espiritualizada e meu nome vem na verdade de um tio que morou um tempo na comunidade do Osho, no Oregon. Osho era um guru indiano que morou no Estados Unidos e tinha uma filosofia bem interessante e impactou muita gente na época, justamente porque quando alguém mandava as informações para ele requisitando um nome, ele te fornecia um nome novo. Nesse processo meu tio pediu um nome e saiu Bhaskar, que significa “Sol Divino”. Na Índia eles tem o sol físico, astro e o sol divino, que acaba sendo uma divindade. Bhaskar tem esse significado.

Play BPM: Você foi inserido na música eletrônica desde muito cedo devido a grande influência de seus pais. Você sempre se interessou por esse meio artístico ou pensava em fazer outra coisa que fugisse do segmento musical?

Bhaskar: Comecei de fato a me dedicar e levar a música como um trabalho aos 16 anos. Antes disso já tocava por hobby mas sem muita pretensão justamente por gostar muito da área de cinema. Inclusive, já prestei vestibular nessa área e acabei não passando. Mas acredito que tudo tem um porquê e imagino que o meu seja para continuar no meio da música. Então, a profissão que eu provavelmente seguiria era na área de cinema, mais precisamente, roteirista.

Play BPM: Já que estamos falando em primórdios, como foi crescer no meio de um festival com tamanha proporção como o Universo Paralelo?

Bhaskar: O Universo Paralelo foi muito influente na minha vida tanto como pessoa quanto como artista. Em relação ao mundo da música eu aprendi muito estando presente, tendo um convívio maior, vendo outros artistas e pelo espírito do festival que prega muito o amor e respeito ao próximo. Com certeza isso influenciou na minha formação como pessoa e querendo ou não acabou sendo muito especial poder fazer parte desse festival por muitos anos desde muito cedo.

Play BPM: Temos absoluta certeza de que seus pais e seu irmão sejam uma grande referência para você como pessoas e profissionais. Fora eles, você tem alguma influência dentro ou fora da cena que te inspirou a seguir em frente no início da carreira e que te inspiram até hoje?

Bhaskar: Desde muito novo fui influenciado por aquele artista “lado B”. Que era grande, evidente, mas tinha conseguido chegar lá por um caminho que não foi o mais fácil e nem o mais óbvio. Eu diria que minhas inspirações na música eletrônica são o Flume, CamelPhat e artistas que fizeram um som com uma pegada diferente do que o pop pedia e conseguiram mesmo assim ser Mainstream. Isso sempre foi minha referência em relação ao lado artístico.

Play BPM: Mesmo com o passar dos anos você acha que ainda existe uma pressão em cima da sua carreira por vim de uma família de DJs?

Bhaskar: Acredito que cada dia que passa essa pressão diminui e as pessoas conseguem enxergar melhor quem eu sou como artista e conseguem se identificar com o que eu faço. Porém, já existiu muita pressão tanto em relação ao Alok, onde as pessoas comparam os irmãos e ver cada um indo para um lado musicalmente falando, quanto em relação aos meus pais. Muita gente questionava o fato de nós dois sairmos do Psy Trance e achava que tínhamos feito a escolha errada, mesmo estando seguindo o nosso coração. Então esse tipo de pressão sempre tivemos que lidar, porém está cada dia mais óbvio que todo mundo está fazendo o que gosta, o que quer e estamos felizes. Devido a isso o público acaba respeitando um pouco mais.

Play BPM: Acompanhamos no final do ano passado seu surpreendente pedido de casamento a Carol Cola em pleno Rock in Rio. Conta para gente qual foi a sensação em fazer esse pedido em um festival? É difícil conciliar a carreira de DJ com a vida de casado?

Bhaskar: Me propus a fazer esse pedido um pouco inusitado porque sempre quis que as coisas do meu relacionamento com a Carol fossem bem marcantes. Não tinha ocasião melhor do que naquele momento em que eu já estava literalmente na flor da pele por estar participando de um festival cheio de emoção e por ser um festival que tem significado para o meu relacionamento com ela. Devido a isso decidi tomar coragem e fazer aquilo que vocês puderam acompanhar. Para ser sincero, sou muito grato de ter achado uma pessoa como a Carol. Ela me conheceu no início da minha carreira e me viu subindo degrau por degrau e sabe de todas as exigências e de toda a demanda que tenho como artista e como cheguei até aqui. Então existe uma cumplicidade bem legal no nosso relacionamento.

Play BPM: Meses antes da surpresa em pleno Rock in Rio você tinha dado início a mais uma fase em sua vida, ser pai. Você pensa em inserir o seu filho na música eletrônica assim como seus pais fizeram com você e seu irmão?

Bhaskar: Isso é um pensamento que muita gente tem, mas a resposta é que vai depender muito mais dele do que de qualquer pressão da família. Ele tem que ter paixão pela coisa porque isso acaba sendo primordial para tudo acontecer. Não adianta ele seguir só porque os pais, os tios e os avós são… Tem que ser muito mais de coração. Com certeza vou facilitar as coisas pra ele, vou procurar sempre mostrar música boa e deixar os equipamentos a disposição para ele aprender, mas vai depender mais da vontade dele do que da nossa.

Play BPM: Temos total noção de que quando se trata de sair fora da sua “zona de conforto” você é o mais seguro de si justamente por trazer remixes e até mesmo produções com artistas fora do eletrônico como na música “Manhã de Sol” com o grupo 3030, o remix de “Infinito Particular” de Marisa Monte e “Fica Tudo Bem” de Anitta e Silva, que por sinal, já ultrapassaram a marca de 15 milhões de plays no Spotify. Você sempre se sentiu confortável em juntar dois estilos de música ou foi uma coisa que você foi se adaptando conforme as ideias que foram surgindo?

Bhaskar: Na verdade essas músicas que fogem bastante do que costumo produzir foram oportunidades que me foram dadas e são músicas que independente de serem um estilo diferente do que eu faço, trazem a minha identidade. Então naquele momento só deixei a inspiração falar e saiu aquilo que vocês conseguiram acompanhar. Não são músicas de trabalho que eu coloco no spotlight para mostrar que é aquilo que eu produzo, é mais um “plus” sobre a minha pessoa como artista e como produtor. Sou muito cabeça aberta para estar fazendo novas parcerias com outros estilos, só sou um pouco cuidadoso na forma como eu comunico isso para sempre deixar claro que o Bhaskar de fato vocês sempre vão ter em mente músicas como a “Poison” e “Infinito Particular”, que acabam sendo músicas que dizem mais sobre a minha identidade na música eletrônica.

Play BPM: Já que estamos falando em números, com 3 meses de remix no ar, “Infinity” com o duo Dubdogz já está chegando na casa dos 15 milhões de plays depois de atingir a marca de mais de 160 milhões de visualizações no YouTube há 4 anos atrás quando foi lançada como bootleg. Quando decidiram se juntar para fazer um trabalho em cima de um clássico como esse vocês esperavam que a track pudesse brilhar ainda mais?

Bhaskar: Na verdade eu e o Dubdogz estávamos bem despretensiosos em relação a essa track. Claro que ficamos muito surpresos em relação aos 160 milhões no YouTube, mas não sabíamos como aquilo tinha acontecido justamente porque no Brasil quando lançamos como bootleg não foi isso tudo… Na época chegamos a ficar até um pouco confusos (rs). Mas quando a Spinnin’ ouviu e percebeu o potencial que a música tinha para a Europa e o resto do mundo, eles correram atrás dos direitos e fizeram acontecer para lançarmos oficialmente. E cara, estou muito feliz com o resultado e é uma música que tem me evidenciado bem em outros países e realmente acho que pode fazer uma grande diferença na minha carreira a longo prazo.

Play BPM: Com todos esses sucessos dentro e fora do mercado eletrônico, como você costuma definir sua sonoridade?

Bhaskar: Esse é um dos maiores desafios que tenho: definir o meu som. Prefiro usar referências de artistas que eu tenho seguido e me inspirado bastante e dizer que hoje tenho tentado fazer um crossover entre o que funciona no Brasil e o que tem funcionado fora daqui. Artistas que são grandes referências pra mim são, por exemplo, Camelphat, Chris Lake e Rufüs. Esse está sendo o tipo de linha que eu tenho em mente para fazer daqui para frente.

Play BPM: “HALFWAY”! Como foi o processo de criação e quais são as expectativas para o seu mais novo lançamento ao lado de Yves V e Twan Ray pela gigante Spinnin’ Records?

Bhaskar: Pois é! “Halfway” foi uma música muito especial que apareceu. Ela veio com uma composição de letra e melodia do Twan Ray. Chegou em mim, produzi boa parte da track e eles curtiram, porém, achavam que podiam somar forças com algum big name da Europa até que chegou no Yves e ele se amarrou. Pediu, mexeu na música e lançamos da forma que vocês puderam conferir. Foi uma música que juntou forças de todos os lados e a expectativa é muito boa em cima dela. Ela comunica muito bem com o momento que estamos vivendo justamente por ser uma música de esperança e união. Acho que essa mensagem acaba fortalecendo a música e acaba trazendo conforto para as pessoas que estão escutando. Estou super ansioso para ver como ela vai desempenhar nos próximos meses.

Play BPM: De todas tracks já lançadas, qual delas foi a que mais marcou e ainda marca sua carreira?

Bhaskar: Tiveram algumas que foram grandes marcos. A 1ª delas foi “Fuego”, claramente por ter sido o divisor de águas para as coisas começarem a andar. A 2ª foi “Infinito Particular”, que foi onde realmente consegui demonstrar mais da minha sensibilidade musical, profundidade e realmente fez muita diferença na minha carreira. “Manhã de Sol” foi muito importante também e me evidenciou mais no mercado popular, entre outras. Nessa nova fase que tenho vivido, “Poison” e “Halfway” vão ser muito fortes porque é realmente o tipo de identidade que tenho me identificado. Acredito que essas músicas tenham marcado e muito essa minha nova fase.

Play BPM: Para realmente finalizarmos essa entrevista, o que você pode compartilhar de experiência no geral para a galera da nova geração? Você teria alguma mensagem em especial aos fãs que te acompanham?

Bhaskar: Bom, para a galera que se interessa por música eletrônica e pensa em seguir esse caminho, o principal conselho que eu dou é que realmente é uma questão de dedicação, de sentar a bunda na cadeira (rs), aprender e melhorar dia após dia. Não existe atalho, não existe forma fácil. É realmente um caminho que todo mundo tem que percorrer até chegar em um som e em um tipo de conteúdo que realmente goste. Então tenha paciência e se dedique! Essa é a “lei áurea” para mim em relação a carreira como DJ. E para a galera que quer dicas mais aprofundadas eu aconselho acompanharem meu canal do YouTube onde tenho um quadro que se chama “Cartas para o Jovem DJ” que eu posto várias dicas. Não é um curso, são dicas que eu acho que podem facilitar bastante a sua caminhada como DJ. Para os fãs que me acompanham, MUITO OBRIGADO por todo o carinho e todo o suporte que vocês têm me dado principalmente nos últimos meses. Eu tenho ficado muito feliz com cada mensagem que eu leio de vocês e em como a minha música tem chegado a cada um de vocês. Gratidão total! É isso que me inspira a continuar fazendo o que faço. Valeu demais galera!