Entrevistas

Conversamos com a dupla From House To Disco sobre capacidade criativa

A dupla From House To Disco tem quatro anos de história e alguns passos bem promissores na carreira de DJ que contempla turnês na Europa e passagem em grandes festas no Brasil, como The Last Sunset, Sábado Dre Tarde e Tokka, além de importantes clubes como D-Edge, Heavy House, Jerome, Tokyo, Caracol Bar, Musicbox e Amor Records (Lisboa).

Bruna Ferreira e Livia Lanzoni , as artistas que dão vida ao projeto, decidiram unir o amor pela House e Disco Music para criar uma equação própria. Recentemente, em 2020, elas aproveitaram o tempo em casa para mergulhar na produção musical. O debut veio na sequência com “Take Back” pela Alphabeat Records e agora que a engrenagem girou, elas não pretendem parar mais.

A nova criação recebe a chancela de um selo renomado no mercado fonográfico por enaltecer as batidas latino americanas dentro da música de pista de maneira vanguardista. A Cocada Music , que bebe da fonte inesgotável da música brasileira, apresenta " Holidate" EP pelas mãos delas que já mostram uma capacidade criativa admirável.

Conversamos com elas para saber mais detalhes sobre esse acontecimento e sobre tudo o que orbita o projeto. Segue o fio!

Olá Bruna e Livia, tudo bem? Obrigada por esta entrevista. Como é o nosso primeiro papo gostaríamos de “começar pelo começo”. Contem como foi a trajetória de vocês com a música e como chegaram na Dance Music.

Oi, Maria, obrigada você pelo espaço! Começamos a discotecar desde a faculdade, em festas de amigos, mas a paixão pela música sempre existiu, dá pra dizer que é praticamente uma herança familiar. Crescemos ouvindo referências como Donna Summer, Madonna, The Cure, Pet Shop Boys, entre outros, que hoje moldam muito a sonoridade do From House to Disco.

Em 2018, vocês deram início ao projeto enquanto uma dupla, como foi esse processo, teve alguma motivação extra para peitar essa ideia? O que vocês têm em comum e diferente em termos de gostos musicais?

A música sempre foi tema de conversa entre nós, até brincamos dizendo que foi um flerte inicial. Já passamos horas falando sobre trilhas sonoras de jogos de videogame (sim!), que eram incríveis na década de 90. A química veio daí. Quando resolvemos morar juntas, tocar virou um momento frequente e divertido em casa. Foi dessa mistura que nasceu o From House to Disco: a Bruna com uma pegada mais puxada pro house e tech house, e a Livia trazendo o disco e o indie dance. Como a house nasceu da disco e bebeu também do techno, dá pra dizer que mesmo com vertentes musicais diferentes, nos encontramos sempre na house music.

Pensando sobre os desafios de peitar um projeto em dupla, não poderia deixar de perguntar sobre um desafio ainda maior: como foi a trajetória até aqui sendo mulher e que lição vocês tiraram nesse percurso?

Ser mulher é uma camada a mais em uma carreira que é apaixonante, mas nada fácil. Mas a boa notícia é que já foi pior. Claro, existe muito chão pela frente, mas estamos em um momento de mudança com novos nomes endossados por quem abriu os caminhos até aqui. Precisamos unir forças e trocar referências.

Em 2020, vocês decidiram ir para o estúdio e criar suas próprias tracks, vocês já manjavam de produção ou foram aprendendo? Contem-nos como foi o processo e quem são seus equipamentos “aliados” durante as criações.

Já tínhamos uma ligação com a música desde criança, com aulas de piano, mas nada profundo no sentido de produção musical. Então, como já rolava a vontade de produzir, mergulhamos em alguns cursos durante a pandemia. Hoje, temos uma korg volca bass e uma arturia minilab e nos aventuramos com elas dentro do Ableton, junto com  kits de bateria como 707, 808 e 909 e plugins como o Diva. Dependendo da inspiração, também experimentamos sonoridades com os diferentes sintetizadores moogs, como no single "Holidate".

Além de ser dupla na profissão, vocês também são dupla na vida pessoal.Como é conduzir um projeto sendo um casal?  Vocês sentem que estar juntas ajuda a fluir mais naturalmente em todos os ramos da vida? O amor é uma fonte de inspiração?

É prático, sem sombra de dúvida, tanto para a produção quanto para as gigs, pois estando quase sempre juntas, conseguimos ter mais agilidade no dia a dia. E super sim, o amor é uma fonte de inspiração e ele também ajuda nos momentos de divergência hahaha.

Vamos falar sobre o mais recente lançamento. Vocês fizeram o debut na Cocada Music, um selo vanguardista e de repercussão internacional. Como foi esse encontro?

Já existia uma admiração da nossa parte, conhecemos e tocamos vários artistas da Cocada e Get Physical. Então, tivemos o prazer de tocar com o Leo (Janeiro) em uma live no ano passado e, no mesmo período, estávamos lançando um remix. Enviamos pra ele e nos aproximamos a partir daí. Logo veio o convite para lançarmos com a Cocada. Fizemos alguns rounds com esboços de músicas em um processo que durou alguns meses até chegarmos em "Back to the Haus" e "Holidate".

E o que vamos encontrar ao ouvir "Holidate"? Você buscam equilibrar House e Disco nas tracks ou é algo que flui mais despretensiosamente?

No caso específico do EP, a intenção foi mostrar nossa versatilidade do house ao disco, mas geralmente isso é algo que flui de forma leve pra gente, principalmente nos nossos sets: tem vezes que estamos mais disco, outras mais house. A música que dá nome ao EP, "Holidate", tem forte inspiração no synth pop da década de 80 e que faz parte das nossas referências, com sintetizador, moog e arpeggios. Já "Back to the Haus" traz a house em sua essência, com pitadas acid que remetem a época rave dos galpões de Chicago, bem dançante.

Como tem sido o retorno às pistas para vocês, notaram algo de diferente no comportamento das pessoas? Vocês sentem que mudaram também?

Todos nós mudamos, com certeza. Tem rolado um misto de emoções na pista: aquela sede de voltar pra um lugar que a gente ama, mas ao mesmo tempo o receio por conta de ainda estarmos enfrentando uma pandemia. Ainda é tudo muito incerto, estamos voltando com cautela, apesar de vacinadas.

E para fechar, quais são os próximos passos do projeto? O que mais tem rolado na vida dessa dupla? Obrigada meninas!

Neste momento de maior cautela, estamos muito envolvidas na produção musical, então com certeza teremos mais tracks em breve. Paralelamente, voltamos com a nova temporada do "Doze", nosso projeto na rádio Veneno, já em fevereiro. E quando tudo melhorar, queremos também nos aventurar por outros Estados, como Rio (onde tivemos uma experiência incrível) e Santa Catarina. Saudade da estrada, né.

Por Maria Angélica Parmigiani.

Imagem: divulgação.