“O árabe me conecta ao invisível, o tribal ao corpo, o flamenco à emoção”: a energia sonora de Giovanna Zattar
No universo de Giovanna Zattar, passado e presente se encontram em perfeita sintonia. DJ, produtora, sound healer e empreendedora criativa, a joinvilense também é a mente por trás da marca de chapéus YARA Hats, que se tornou parte de sua identidade estética nos palcos. Ela traduz espiritualidade e propósito em música eletrônica, mesclando organic house, deep house e arabic house com percussões pulsantes e melodias ritualísticas, criando experiências que vão além da pista de dança.
Seu mais recente lançamento, “Jawanih Alhariha”, relançado pela George V Records/Buddha-Bar, exemplifica essa fusão: inspirado na composição árabe “Asfour (Sparrow)”, o som se torna um rito de liberdade, cura e força feminina. Cada faixa de Giovanna é uma ponte entre culturas, corpos e emoções, onde intenção e vibração se traduzem em movimento e energia.
A artista vem conquistando destaque nas pistas e chamando atenção tanto no Brasil quanto internacionalmente, com sets e produções que combinam tradição, contemporaneidade e sensibilidade sonora.
Batemos um papo com Giovanna, que nos guiou pelos bastidores de suas criações, revelando como ancestralidade, ritual e percepção moldam sua música, seus sets e sua identidade artística. Confira.
Sua música carrega uma força mediterrânea e árabe muito marcante, com um diálogo profundo entre ancestralidade e modernidade. Como essa energia ancestral influencia diretamente o seu processo criativo e o modo como você enxerga a pista de dança?
Minhas raízes são o alicerce da minha música. Do lado materno, trago a força baiana com descendência indígena — a conexão com a terra, com o instinto e com o sagrado que existe na natureza. Do lado paterno, a ancestralidade árabe — o deserto, o mistério e a devoção. E há também o flamenco, que sempre me atravessou como uma lembrança de outra vida. Uma líder espiritual confirmou o que eu já sentia: que em outra existência vivi essa energia espanhola. Essa fusão — árabe, tribal e flamenca — se manifesta em mim como som, corpo e espírito.
Você vem construindo uma identidade muito própria dentro do organic/deep house, com texturas árabes, percussões vivas e um senso espiritual forte. Como você definiria a sua paleta musical — e quais elementos você considera indispensáveis para que uma faixa soe “sua”?
Minha paleta musical é feita de vibração e intenção. Cada elemento que uso tem um propósito energético. O árabe me conecta ao invisível, o tribal ao corpo, o flamenco à emoção. Essa trindade cria uma atmosfera que é ao mesmo tempo ritualística e dançante.
Nas minhas produções, eu só adiciono o que toca o meu âmago — o que realmente eleva minha vibração. Nada entra em uma faixa sem antes ser sentido e testado por mim, espiritual e vibracionalmente. Se o som não me transforma, ele não pertence à música.
Para mim, o estúdio é um campo de energia, e a criação é um processo de calibrar frequências até que tudo pulse na mesma verdade.
Quando você está produzindo, existe algum ritual ou estado emocional que guia o processo? De que forma você traduz sentimentos e imagens simbólicas — como liberdade, cura ou transcendência — em sons?
Sou uma pessoa altamente sensível. Capto tudo — frequências, emoções, vibrações. Ambientes barulhentos ou caóticos me drenam, e lugares elevados me reenergizam. Quando compreendi essa sensibilidade como dom, não como fraqueza, tudo mudou. Passei a entender o som como medicina e a música como veículo de cura. O sound healing faz parte do meu processo: cada frequência, cada percussão, cada ambiência é escolhida para gerar bem-estar, equilíbrio e serenidade. Produzir se tornou minha forma de alinhar energia — em mim e no outro.
Sua música é uma ponte entre culturas: o Líbano, o Mediterrâneo, o Brasil. Como você lida com essa mistura de raízes e influências no seu trabalho — tanto nas produções quanto nas apresentações ao vivo?
Minha arte é uma síntese de mundos e vidas. O árabe traz o místico e o espiritual, o tribal traz o instintivo e o terreno, o flamenco traz o emocional e o divino. Juntos, eles formam a paisagem sonora que me define. Quando toco, sinto que canalizo forças antigas — como se traduzisse a linguagem da alma em ondas sonoras. É uma ponte entre o corpo e o espírito, entre o passado e o agora.
Seu relançamento pela George V Records/Buddha-Bar, “Jawanih Alhariha”, coloca você em um novo patamar internacional. Como você enxerga essa conquista dentro da sua trajetória — e o que podemos esperar das próximas faixas e projetos?
O relançamento pela George V Records/Buddha-Bar foi um marco, não apenas pela relevância do selo, mas pela sintonia vibracional. Sempre admirei como o Buddha-Bar entende a música como experiência espiritual. Estar nesse universo me confirmou que estou no caminho certo — o de unir som, frequência e consciência. Meus próximos passos são aprofundar essa fusão, criando faixas que sejam ao mesmo tempo dançantes e curativas, rituais de frequência e movimento.
Quando está tocando, o que você busca oferecer ao público? Como transforma esse repertório carregado de espiritualidade em uma experiência dançante e sensorial?
Quando estou na pista, me sinto um canal. Uso o som como forma de medicina, criando campos vibracionais que equilibram corpo e alma. Quero tocar em lugares e festivais onde as pessoas estejam abertas a sentir — porque quando elas sentem de verdade, algo nelas se transforma. A vibração da música atua em níveis sutis: gera expansão de consciência, serenidade e, muitas vezes, cura. Meu prazer está em ver essa transformação acontecer, em silêncio ou em êxtase.
O que você acredita que o público mais sente quando ouve uma faixa sua — ou quando vive um dos seus sets?
O público sente quando algo é real. Acredito que as pessoas não se conectam apenas com o som, mas com a energia que está por trás dele. As minhas faixas são compostas para alinhar vibrações — para que quem ouve sinta paz, força e alívio. Quando a intenção é pura, o som se torna uma frequência viva. A música, pra mim, é isso: um campo energético que desperta o que há de mais luminoso dentro das pessoas.
O que você pode nos adiantar em relação aos seus próximos lançamentos?
Os próximos lançamentos são um aprofundamento desse propósito. Estou trabalhando em faixas que unem o árabe, o flamenco e o tribal de forma mais espiritual e vibracional. Todas carregam elementos de sound healing, frequências que ressoam no corpo e no campo energético. Meu objetivo é que cada som seja uma experiência medicinal — que conduza o ouvinte à expansão, à leveza e ao reencontro com o próprio centro. Porque, no fim, é disso que se trata: elevar, curar e lembrar quem somos através da música.
Imagem de capa: Divulgação.
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