Entrevistas

Como foi tocar música eletrônica dentro de um castelo? Guss contou pra gente

Por Lau Ferreira.

No dia 26 de junho, o DJ e produtor Guss transmitiu uma live discotecando no famoso Monte Castelo de Mauá–SP, que costuma ser requisitado para eventos sociais, como casamentos e formaturas, e que pela primeira vez recebeu a apresentação exclusiva de um DJ.

O artista paulistano tocou por quase uma hora e meia, passando por faixas de afro, melodic, organic e progressive house — de artistas como Joris Voorn , Luciano e Matthias Meyer —, tentando condensar toda a sua identidade como DJ. A gravação foi realizada pela equipe de Redu X , que já assinou trabalhos para nomes como Vintage Culture , Chemical Surf , Só Track Boa e Kaballah .

Batemos uma bola com Guss para saber mais sobre como foi essa experiência inusitada.

Guss, conta mais detalhes pra gente de como surgiu esse rolê. De quem foi a ideia, e como foi o seu processo de viabilização até o momento da live?

A ideia surgiu entre eu e o Mau (UAM Manager), que cuida da minha carreira. A gente queria lançar um conteúdo de qualidade em vídeo, para que as pessoas pudessem assistir em casa e compartilhar com os amigos. A partir daí, começamos a buscar um local inédito e impactante.

O segundo passo foi acionar a equipe que já me acompanha nas festas prestando serviços. Conseguimos montar um time de muita qualidade e que estava comprometido em entregar algo único.

E deu tudo certo? Como foi a experiência?

Sim, deu tudo certo e foi incrível. Uma experiência muito especial, deu um frio na barriga diferente do que é tocar numa festa.

Quantas pessoas participaram e estiveram presentes na gravação? Que tipo de cuidados vocês tiveram em relação à pandemia? Imagino que em condições normais, teria havido público...

Trabalhamos com uma equipe em torno de 15 pessoas, além da equipe fixa do castelo que nos auxiliou. O Monte Castelo segue com rigidez os cuidados com a pandemia.

Seria incrível ter feito essa live com público, e eu penso futuramente em fazer algo nesse sentido. Gostaria de presentear as pessoas que mais estão presentes nos meus eventos, levando-as na próxima gravação.

DJ sets normalmente são moldados na hora, conforme atmosfera do local e resposta da pista. Você não tinha pista, mas tinha um ambiente bem diferente do trivial. Ele te inspirou a ponto de influenciar o que você estava tocando ali na hora? Ou você já levou um roteiro pronto do que tocar?

Seja em festas ou lives, eu já levo uma base do que pretendo tocar separada, faço um estudo de quem toca antes e depois e preparo meu set. Claro que numa festa, dependendo da reação da pista, você vai se adequando.

No caso do castelo, meu desafio era mostrar quem é o Guss e todas suas influências em uma hora e meia de set. Transitar entre os estilos e fazer um set dinâmico é sempre a minha proposta.

Você tocou faixas autorais também? Tem previsão de lançar algo novo em breve?

Nesse set em particular não toquei nada autoral, pois em breve tenho um conteúdo em vídeo que será lançado pelo Alataj em que darei foco a isso.

No último dia 1º, saiu o pré-order no Beatport do meu novo EP lançado pela Loop Jewels, que é um sublabel da Switchlab — uma gravadora que lança muita coisa legal e sempre figura nos Top 100 do Beatport. Foi uma grande realização ter minhas músicas selecionadas por eles. O EP conta com duas faixas: "Zelter Sky" e "Peninsula".

Quais foram os principais desafios e obstáculos enfrentados na preparação e no momento do set?

Acredito que no pré-evento, o alto custo da produção e a dificuldade na captação de patrocínio foram os principais desafios. No dia, tudo correu perfeitamente. A equipe de produção era incrível, ótimos fornecedores que superaram as expectativas.

Eu confesso que estava muito nervoso, mas fui me soltando com o passar das viradas.

Por que tocar num castelo? E por que o Monte Castelo?

Em 2012, eu fiz uma festa no Monte Castelo, a HouseMafia. Eu sabia que aquele lugar iria impressionar demais as pessoas. E mesmo sendo um espaço muito bem-sucedido nos eventos corporativos, seria uma grata surpresa pro grande público.

Nomes como Carl Cox e Solomun já se apresentaram em castelos europeus nos últimos anos. Você se inspirou neles? Em alguém mais?

De uma forma geral eu me inspirei no Cercle e em tudo que eles vem criando. Como eu já conhecia o castelo por ter feito uma festa lá, a ideia veio naturalmente.

É cada vez mais comum vermos DJs tocando em cenários deslumbrantes e inusitados. Pretende seguir apostando nesse formato? Alguma ideia de próximas locações?

Acredito que seja uma nova forma de se consumir música eletrônica, e eu gosto bastante. Pretendo sim criar novos conteúdos esporadicamente, mas por ora, não pensei em nenhum local. Acho que algo a céu aberto seria bacana, pra também ficar diferente da proposta do castelo.