Molothav é a primeira mulher a lançar na label Eatbeat Records com a potência do bass de “Funky Beat”
Imparável. Essa pode ser a palavra de orientação que tem movido a paranaense Thais Hartmann. Com o sagaz codinome Molothav, ela tem imprimido em suas produções musicais personalidade, ousadia e técnica e segue em uma constância de lançamentos expressiva dentro do mercado fonográfico. Seu mais novo feito é o debut na Eatbeat Records, com a faixa “Funky Beat”, o que, além da própria estreia, marca a chegada da primeira produtora mulher na gravadora no dia 22 de julho.
Feito esse que a artista tem buscado manter em seu radar, abrindo caminho para outras mulheres, além de convidar selos a expandirem seus horizontes em termos de curadoria. Recém-chegada do seu debut na Low Ceiling com “STEREOLOVE”, onde foi a primeira brasileira a lançar, ela agora traz uma versão mais funkeada, sem deixar de pesar a mão. Com uma bateria bem robusta que impulsiona os grooves da linha de baixo, ela honra o nome da track, trazendo uma energia funkeada com um vocal poderoso.
Vale lembrar que a produtora tem construído um catálogo musical de respeito dentro do Tech House com lançamentos distribuídos por selos como Muzenga, Order, Ugly Bear, HUB Records e Suitor. Com tanta energia incendiária como promete seu próprio nome, convidamos ela para uma entrevista. Confira!
Play BPM: Thais, tudo bem? Obrigada por esse papo. Vamos primeiro falar da Molothav, quem é essa artista, por que o Tech House e qual a mensagem por trás desse nome de caráter inflamável?
Molothav: A Thaís por trás da Molothav é uma sonhadora obstinada. Sempre respirei música, desde que me entendo por gente. Quando percebi que podia trazer a música pra minha vida profissional também, isso virou um desafio e eu amo um! Então, desde que comecei, não parei. E tudo tem caminhado no seu tempo e eu estou muito feliz por todos os resultados até agora! E hoje eu respiro esse gênero que eu amo e que incendeia a pista. É muito bom ver a galera explodindo com os grooves, com a pegada forte do Tech House. Quando vejo isso acontecendo, me sinto completamente satisfeita e feliz com o que eu faço!
Play BPM: Você tem encabeçado feitos sequenciais do que diz respeito “ser a primeira mulher” ou “ser a primeira brasileira mulher”, é um objetivo seu? Dá pra dizer que você está abrindo caminho neste selos para que mais mulheres cheguem e isso, por si só, é f***. Como você se sente nesse processo?
Sempre foi um objetivo muito claro da minha carreira a curto e médio prazo: entrar em diversas gravadoras sendo a primeira mulher, pra mostrar que podemos figurar entre os caras trazendo muita qualidade e presença. E sinto cada vez mais meu som sendo “abraçado” por diversas gravadoras que eu sempre sonhei em lançar, como na Eatbeat agora.
Play BPM: Mas nem tudo são flores nessa trajetória, né? A começar pela artística, mas sendo mulher, a gente sabe que o ritmo muda. Quais foram os desafios até aqui? Você já quis desistir? Se sim, o que te manteve no propósito?
Desistir é uma palavra muito forte. Eu já tive sim momentos “depres” na música nesses quase 7 anos de carreira (ainda mais quando se começa mais tarde), mas sempre que rolava esses pensamentos esquisitos, eu tentava contrapor com tudo que eu já conquistei até aqui. E na maior parte das vezes me confortou. Nenhuma caminhada profissional é fácil. Os desafios são imensos e estou aqui forte nos meus propósitos!
Play BPM: Não podemos deixar de falar sobre seu ritmo de lançamentos. Como é esse workflow pra você? O estúdio e a criação são rotina? Por que você mantém essa cadência de lançamentos, tem algum objetivo específico?
Eu tracei junto com meu manager, Maurício Angelo da UAM, um planejamento de lançamentos mensais que tentamos cumprir à risca. O motivo é simples: apresentar meu trabalho pra galera (tanto gravadoras quanto público final). E nós enxergamos no lançamento frequente uma forma de chegar nesse objetivo, já que “quem não é visto não é lembrado”. Então a rotina de produção é pesada, nem sempre tudo sai como a gente quer. Às vezes a cabeça trava e não sai nada… a auto cobrança também é uma questão que eu sempre tento controlar pra não surtar. Como vocês disseram, nem tudo são flores!
Play BPM: Você diz que tem como inspiração ANNA, Charlotte de Witte e Amelie Lens, três mulheres sinistras do Techno. Você já pensou em dar uma espiada nessa vertente? Tem essa curiosidade? E quem são as mulheres do Tech House que te inspiram…
Opa se já! Kkkkkk as vezes mostro uma ideia de música pra minha equipe e o feedback é: você tá indo muito pro Techno hahahahaha eu gosto muito! Mas não consigo abandonar o House. Então, sempre vou tentar trazer as duas vertentes nas minhas músicas de uma forma que cada uma tenha seu brilho e se encaixem perfeitamente. Além dessas feras citadas, tenho acompanhado muito o trabalho de repertório da Chelina Manuhutu
e da Tita Lau.
Play BPM: E por falar em Tech House, vamos à Funky Beat. Conte sobre o processo de criação, os elementos e quais influências para essa entrega.
A ideia e a produção da Funky Beat foram bem simples na real. Um baixo bem presença, bem pesado e com bastante destaque na mix, não usei muitos elementos na música justamente pra que o baixo fosse o protagonista de tudo. O vocal eu já tinha e sempre tentei encaixar em algum som meu e não conseguia. E nessa track caiu como uma luva. Eu me inspirei em alguns sons do Gabe e do próprio Tough Art.
Play BPM: Como aconteceu a parceria com a Eatbeat? O selo é liderado pelo Tough Art (Fernando e Felipe) e Nicolau Marinho, vocês já se conheciam? Como rolou?
Eu já mantinha contato pelo WhatsApp com o Fernando, já havia enviado uma demo que não rolou. Sempre mantive contato com eles pelo insta e aí encaminhei a Funky Beat para um amigo que amou a track e aí ele fez a ponte com a gravadora, pois ele conhecia os meninos também.
Play BPM: Pra honrar a palavra que trouxe na introdução desse texto: você parece ser imparável. O que vem por aí nos próximos meses? Pode nos contar algo? Obrigada.
Tem muita música ainda até o final do ano. Já posso adiantar que tenho dois lançamentos gringos importantes, um numa gravadora americana que eu sempre quis lançar, tentava já há meses. E o outro numa gravadora britânica muito foda! Além disso, em Outubro sai uma collab com a Carol Favero pela Hub Records. Segundo semestre vai ser demais!
Imagem de capa: divulgação