Quando tudo ainda era mato por aqui falando de música eletrônica — isso no início dos anos 70 —, a Disco Music começava a ganhar espaço pelas boates novaiorquinas, as divas começavam a surgir e as discotecas a bombar. No Brasil o estilo começou a pipocar no final da década de 70 e consagrou anos depois artistas como Tim Maia, Banda Black Rio e Lincoln Olivetti, que juntos até lançaram o álbum Tim Maia Disco Club, altamente inspirado no estilo.
A Disco Music perdeu força com o tempo, mas sua marca é impossível de apagar, só que tem gente tentando “reescrever” essa história através de uma abordagem totalmente criativa, original e, acima de tudo, dançante. Estamos falando do Nu Azeite, novo projeto musical brasileiro formado por Fabio Santanna e Bernardo Campos, dois cariocas que se alimentam de música há muitos anos e decidiram experimentar essa mistura de House Music com Disco, Funk e Boogie e um ritmo pra lá de envolvente.
Os caras acabaram de lançar o primeiro single, “Me Deixa Louca”, com vocais de Bia Barros, que fará parte de um álbum previsto para lançar no início do ano que vem, com assinatura da Cocada Music. Nós acabamos de trocar uma ideia com a dupla sobre a identidade do projeto, então aumenta o som e vem surfar essa onda com a gente:
Play BPM: O Nu Azeite é um duo, então queremos saber: como essa conexão rolou entre vocês inicialmente? Nu Azeite: Essa é uma boa história, peculiar… Um dia um contratante ligou nos convidando para um evento sem pé nem cabeça, uma espécie de cruzeiro de luxo para 10 pessoas em Fernando de Noronha. As ideias eram milaborantes (tava na cara que não ia rolar rs). A gente já se conhecia da cena do Rio então entramos em contato um com o outro para ver se essa maluquice ia rolar mesmo. No fim não rolou mas floresceu a vontade de trabalharmos juntos em algum projeto, nascia o Nu Azeite. Resumindo: obrigado Cruzeiro fictício de Fernando de Noronha rs!
Play BPM: E em que momento vocês perceberam que tinham sintonia para algo maior? Nu Azeite: Acho que a sintonia já vinha de muito antes, logo no início dos nossos encontros já rolava uma admiração mútua, devido a carreira de cada um e tipo de som. E num segundo momento já no estúdio, podemos perceber essa sintonia sonora, tanto no papo sobre referências como nas coisas novas que criamos juntos!
Play BPM: Nu Azeite também é um nome bem peculiar… de onde vocês tiram essa ideia? O que ele representa musicalmente falando? Nu Azeite: Gíria típica carioca para algo bom, gostoso. “Essa música tá no azeite”. Fizemos um trocadilho com o “no” transformando em “nu” que pode fazer referência ao novo ou “new” ou a corpos nus também, aí vai da interpretação do ouvinte 😊.
Play BPM: Já que entramos nessa: o projeto surfa bastante na onda do brazilian groove e boogie, o som que o país criou a partir da digestão da soul e da disco music americana… quem são os grandes nomes que inspiram e, de certa forma, integram o Nu Azeite como referência musical? Nu Azeite: Tony Bizarro, Sandra de Sá, Bebel Gilberto, Lincoln Olivetti, Tim Maia, Fernanda Abreu e muitos outros aqui da Terrinha. Da parte eletrônica: Lindstrom, Joey Negro, Todd Terje, Derrick Carter e muito mais.
Play BPM: A gente percebeu essa identidade tropical e jazzística com muito groove na faixa de estreia, “Me Deixa Louca”. Conta um pouco mais como foi o processo criativo dela? Nu Azeite: Se não me engano foi a nossa primeira colaboração juntos! Bernardo trouxe a voz gravada da Bia pro estúdio e começamos a desenvolver a base. Num primeiro momento me veio um groove de baixo meio disco/funky e partir daí fomos evoluindo… Senti uma referência muito forte das trilhas sonoras de filmes brazucas de temática sexual dos anos 70, Paulo César Pereio e todo aquele universo quente da época em que era moleque… aquilo me deixava louco! Sacanagem e grooves! Por isso escolhas de timbres de synth como Solina, Juno 106, minimoog, wurlitzer… essa é a vibe”
Play BPM: E a Bia Barros, de onde essa voz maravilhosa surgiu? Nu Azeite: A Bia é ex namorada do Bernardo. Juntos produziram algumas tracks lindas, todas com o vocal maravilhoso dela.
Play BPM: Outra coisa muito legal foi o fit que vocês tiveram com a gravadora, né? Cocada Music… tem tudo a ver com o som de vocês! Foi como juntar o limão com a cachaça pra dar aquela bela caipirinha rs. Nu Azeite: Com certeza! Estamos muito contentes de ter achado nossa casa depois de quase 2 anos apenas no estúdio. A Cocada deu a melhor estrutura possível para o projeto. Tanto na parte alemã da Get Physical quanto na brasileira nas mãos do Léo. E a Label tem tudo a ver com o nosso som já que aposta nessa onda latina flertando com a música eletrônica.
Play BPM: Quais são os planos para depois desse single? Pra quando vocês estão pensando em lançar o álbum? Dá pra revelar mais alguns detalhes já? Nu Azeite:Álbum sai no início de 2021. Agora o foco é esse primeiro single e depois um videoclipe de uma outra faixa especial. Tem alguns remixes bem bacanas no forno tb…
Play BPM: Imagino que pra vocês todo esse tempo de quarentena, apesar dos incontáveis fatores negativos, tenha sido bastante produtivo criativamente falando… Nu Azeite: Fizemos muita música individualmente. Fábio está lançando um álbum solo e Bernardo vários singles. Pretendemos entrar no estúdio em breve para começar a gravar músicas novas do Nu Azeite.
Play BPM: Como vocês imaginam o primeiro rolê com o Nu Azeite no comando dos decks, pós-quarentena? Qual tempero não pode faltar numa noite como essa? Nu Azeite: Nossa, um verdadeiro sonho né! No tempero muito Groove e se tudo der certo muitos passinhos e sorrisos na pista ❤️