Pic Schmitz lança single "Oxygen" pela conceituada label suíça Sirup Music
Com 30 anos de trajetória e uma carreira consolidada na cena eletrônica, o DJ e produtor brasileiro, Pic Schmitz, acaba de lançar "Oxygen". A faixa chegou pela conceituada gravadora suíça Sirup Music e já está disponível em todas as plataformas de streamings aqui.
O single traz a essência do house, é marcante, dançante e já está aprovada pelo público, pois já vinha sendo testada em seus sets. Com vocais de Caelu, "Oxygen" é o segundo lançamento de Pic Schmitz pela gravadora suíça só este ano.
Pedro Henrique é natural de Porto Alegre e sua primeira experiência dentro da cabine aconteceu quando ele ainda era criança, com apenas 5 anos de idade. Com influência dos clássicos da house music, também é apaixonado por rock e pop, e já remixou músicas de bandas, como Jota Quest, Pearl Jam, Charlie Brown Jr., Phoenix, entre outras.
Pic Schmitz falou mais sobre sua trajetória na música eletrônica e o lançamento do single, confira a entrevista.
Vamos começar falando dos seus 30 anos de carreira. Primeiramente, parabéns! Como está se sentindo após 3 décadas trabalhando ativamente pela cena eletrônica? Qual a lembrança mais feliz que você tem da sua trajetória?
Pic Schmitz: Muito obrigado! É uma longa jornada de muito trabalho, realmente. Cheio de momentos bons e ruins, mas de muito aprendizado e de muita paixão envolvida.
Comecei a tocar por me encantar com a possibilidade de conduzir as pessoas através da música, mexer com o sentimento delas. Não foi algo que fui atrás por dinheiro ou status, até porque quando comecei, adolescente, não se ganhava dinheiro nem status com isso. Era algo que envolvia paixão mesmo, aquele tipo de coisa que a gente quer fazer por algum motivo que nem sabemos explicar direito. Me sinto grato a todos por estar aqui ainda hoje.
Quanto à lembrança mais feliz que tenho, é impossível separar um momento único, pois houveram muitos e distintos. São 30 anos em mais de duas mil festas com uma porção de momentos marcantes. O que me deixa feliz é olhar pra trás e ver toda essa trajetória, tudo que batalhei para estar aqui ainda hoje, as pessoas que conheci, ver minha família reconhecendo isso e me apoiando.
Sem sombra de dúvida, o mais especial nisso tudo é o contato com o sentimento das pessoas quando estou tocando. Ver elas na pista dançando, se divertindo e se emocionando, se conectando ao som que toco, é algo que não tem preço.
Agora você está lançando "Oxygen" pela Sirup Music. Tem alguma história por trás da música? Conte um pouco sobre o processo dela até sair pela conceituada label suíça.
Pic Schmitz: A “Oxygen” é uma música que venho trabalhando há alguns meses. Foi composta pelo talentoso Caelu e quando ele me mostrou eu curti demais o clima.
Tentei deixar ela numa pegada bem pista, sem perder a essência do house, que faz parte da minha identidade musical. Ela já estava pronta faz alguns meses, inclusive eu vinha tocando nos meus sets, mas só saiu agora, pois a gravadora suíça Sirup, depois do sucesso que tivemos com o lançamento da Hold On, gostou do trabalho e quis lançar também.
Agora está aí para todos conferirem!
Você também é famoso por remixes épicos de artistas como Jota Quest e Toni Garrido. Como a música pop brasileira influenciou sua carreira?
Pic Schmitz: Bem, como eu disse, sou um amante da música em geral. Quando comecei a tocar tinha de tudo nos meus sets. Além da dance music, tinha muito rock e pop de bandas que ouvi desde criança e que ainda hoje escuto, internacionais e brasileiras. Com o passar dos anos, fui começando a remixar algumas músicas e bandas que foram marcantes na minha vida, como Pearl Jam, Charlie Brown Jr., Phoenix, entre outras. Esses remixes/bootlegs não oficiais foram ganhando corpo e ajudaram a divulgar o meu trabalho por aí.
Nessa estrada da vida conheci a turma do Jota Quest e muitas vezes nos encontramos em festas pelo Brasil. Em várias oportunidades o Rogério Flausino e o Marcio Buzelin me falavam que poderíamos remixar algumas músicas deles. Daí surgiu o remix das suas músicas “Waiting For You”, em 2014, e o remix de “Dentro de Um Abraço”, em 2020, que foi um sucesso com mais de 2 milhões de plays no Spotify e que significou muito, pois é uma música que fala das pessoas estarem juntas, abraçadas, num momento em que a pandemia estava no seu auge e onde isso era impossível.
Já o Toni Garrido, que eu sempre fui fã desde a época do Cidade Negra, foi um cara trazido pelo outro ícone da música brasileira, George Israel, integrante do Kid Abelha. O George e eu somos amigos há tempos também e sempre falávamos em fazer uma releitura de alguma música do Kid e ele queria muito fazer algo com a “Lágrimas e Chuva” e começamos a trabalhar nela. Com o passar do tempo sugeri trazer pro projeto os meninos do Make U Sweat, mas ainda precisávamos de um vocal para a canção, e então o George sugeriu o Toni Garrido, seu grande amigo. Foi um privilégio poder trabalhar com essa turma!
Qual a diferença, para você, entre produzir um remix e uma faixa própria?
Pic Schmitz: Em termos de produção não difere muito, pois sempre tenho o mesmo cuidado para escolher os elementos e decidir o caminho que a música vai tomar, seja um remix ou uma música original. A intenção na produção de ambos é conseguir chegar naquele ponto que entendemos que o resultado está como o esperado.
A canção original, por ser algo criado do zero, gera uma sensação de realmente ser pai daquilo, de envolvimento com o todo. Já o que mais se diferencia em um remix é que a identidade dele já está lá, criada, e o que faço é dar uma cara nova, uma releitura, uma nova visão para aquela canção.
Como o mestre Lulu Santos disse no seu clássico álbum produzido pelo meu amigo DJ Memê (Eu e Memê, Memê e Eu), na vinheta chamada Speech “remix é super interessante porque é a ideia que outra pessoa tem sobre um trabalho que não importa quem fez, o jeito que fica é que é importante. Cada um tem um jeito de contar a mesma história”.
Quais são os artistas que você mais ouve atualmente?
Pic Schmitz: Tem artistas que não saem nunca da minha playlist, mas entre os mais escutados atualmente posso citar Fred again.., Adriatique, Sébastien Léger, Meduza, Kaz James, entre outros.
Tendo tocado nos principais eventos e clubs, como Greenvalley, Laroc, Ultra Music, dentre outros, o que você acredita que um artista precisa para conseguir alcançar estes lugares?
Pic Schmitz: Vejo que o mercado vem mudando bastante nos últimos anos. Infelizmente será polêmico o que vou dizer, mas acredito que hoje em dia a influência em termos de redes sociais vem ganhando um peso cada vez maior do que propriamente na apresentação (repertório, mixagem, etc) ou em produções musicais. Claro que isso não é uma regra, depende muito do perfil de festas, público, enfim.
Alguns segmentos visam mais o som do artista e outros visam mais a fama do que o som. Mas antigamente, quando não existiam redes sociais de maneira massiva como hoje, o público buscava o novo, o que o DJ traria de novidade numa apresentação. Hoje em dia, cada vez mais vejo o público e os contratantes buscando o DJ que é o mais famoso nas redes, o que engaja mais com o público, e não necessariamente olhando para o lado musical dele.
Vejo muitos contratantes buscando atrações, falando de uma maneira genérica sem ser uma regra, olhando quase que exclusivamente para o número de seguidores que aquele artista tem, do que para o trabalho dele. É uma realidade que pode ser boa ou ruim para quem está nesse meio, mas é algo que temos que aceitar, pois vejo como um sinal dos tempos.
Portanto, tendo isso em vista, acho que obviamente qualquer artista que queira chegar a lugares grandes e disputados como festivais e clubs e de renome, precisa ter uma apresentação interessante, que se engaje com o público à sua maneira, mostrando a sua identidade, assim como é importante ter produções musicais, que ajudam como um cartão de visitas e muitas vezes são decisivas para a contratação do artista, mas precisa cada vez mais ter um engajamento nas redes sociais, se o objetivo for ascender em termos de lugares interessantes e almejados para tocar.
Você tem sucessos que lhe renderam milhões de plays no Spotify e momentos épicos para comemorar. O que podemos esperar do Pic Schmitz em 2023 e para os próximos anos?
Pic Schmitz: De fato existem muitas coisas legais no passado que fazem parte da minha história e que eu sempre vou comemorar, mas acho que chegou a um momento de mudar um pouco o rumo das coisas.
Durante a pandemia eu realmente parei. Houve muitas mudanças na minha vida, meu primeiro filho nasceu, as festas pararam de uma hora pra outra e o meu grande parceiro de produção musical ao longo dos últimos 10 anos, o gênio César Funck, também seguiu novos rumos, o que me levou a suspender as produções musicais também. Foi um momento importante para que eu pudesse repensar o rumo da minha carreira, que andava de forma automática e não estava me deixando tão feliz como antigamente.
Com a volta das festas, as coisas começaram a se encaixar novamente e novas ideias foram surgindo. Comecei a idealizar uma sonoridade um pouco menos comercial do que eu vinha tocando e produzindo, algo que, como disse, me fizesse mais feliz. Por isso, desde o final do ano passado retomei as produções musicais de forma mais intensa, tanto que em 2023 lancei um trabalho novo por mês, entre originais e remixes.
Muita coisa está sendo trabalhada no momento e os planos até o final do ano é continuar nessa média de lançamentos. A ideia é aos poucos começar a ter uma nova sonoridade nas minhas produções e que isso seja quase como um recomeço, com muitas coisas novas a serem alcançadas.
Imagem de capa: Divulgação.