Entrevistas

“Procuro sempre entregar algo novo ao público”, diz Mario Fischetti em entrevista

Um dos mais respeitados DJs de House Music do Brasil, Mario Fischetti vem tocando nos principais clubs e festivais do país desde 2000. Aos poucos foi ganhando seu espaço no mercado, e em 2004, recebeu o prêmio de melhor DJ de House brasileiro. A partir daí, se apresentou nos principais festivais do país, e em eventos como Skol Beats, Brasília Music Festival, Federal Weekend, festas do clube Pacha, BH Dance Festival, e Houseship; além de diversos clubs, como Lótus, Warung, Sirena, Na Sala, Disco, Trend, Muzik, entre outros. Fora do Brasil, tocou em Buenos Aires no clube Mint, South America Music Conference, e no Uruguay, Espanha, e Estados Unidos, no Winter Music Festival. Seu set privilegia o Groove, carregando pequenas referências ao Jazz e à Soul Music, interagindo com o que há de mais contemporâneo na música eletrônica e honrando os clássicos da House Music que o trouxeram até onde está hoje.

Tivemos o prazer de bater um papo com Fischetti, e você confere a entrevista completa logo abaixo!

Comecei com 16 anos, inspirado por alguns DJs que tocavam em São Paulo, e em pouco tempo, além de algumas residências, já tinha um programa de Rádio na Jovem Pan via satélite para todo Brasil, com 16 milhões de ouvintes.Tinha muita vontade de tocar coisas que não existiam e que eu não tinha no case, então comecei a botar essas idéias em prática.

Gosto da sonoridade de selos como a Sosumi Records, Size, Axtone, Subliminal, entre outros. Uma mistura de House com influência do progressive.

Foi uma experiência incrível. Tocar para 40 mil pessoas e ver todo mundo dançando com metade do set sendo produções próprias do meu trabalho em estúdio com Dabox é realmente algo inigualável. Ouvir os comentários de gente do Brasil e do mundo que ouviu pelo rádio e pela internet mostra um pouco da abrangência da música eletrônica em relação ao mundo. Foi um festival muito aguardado pelo público brasileiro, e acho que vai fazer parte da história da música eletrônica no Brasil. Foi sem dúvidas um divisor de águas; exponencialmente falando, foi a maior resposta em redes sociais que um festival já teve no mundo. Me senti muito honrado por fazer parte, ainda mais tocando no meu país, e mesmo tendo tocado no da Bélgica em 2014, e tendo convivido com aquela energia mágica que é o Tomorrowland Belga, afirmo que o Brasil não deixou nada a desejar.  Eu acho que escreví alguns capítulos dessa história. Ela cresceu, sem dúvida, mas não é uma questão de se fazer pela quantidade, e sim pela qualidade, como sempre foi desde o início da segmentação do estilo por volta de 2002. Acho tem muita coisa boa que toca lá fora e que não toca aqui; temos muitos produtores com personalidade fazendo um som que faz diferença na pista, mas ainda é um reflexo do que acontece no mundo, da mesma forma que era nos Estados Unidos há cerca de 6 anos.  Nossa cena não tem a maturidade de cenas como a européia por exemplo. Diria que é um reflexo do que acontece no mundo inteiro, não é um movimento espontâneo, mas tenho a certeza de que vamos nos consolidar em pouco tempo. Na verdade, temos que aproveitar mais nossa cultura musical, a essência mesmo, nosso DNA; temos um groove impar.

Vai ser incrível. Gosto de pistas grandes, com públicos acima de 5 mil pessoas, e acho que é onde eu me sinto mais confortável. Não somos referência, temos clubs pontuais; você não encontra no Brasil clubs com uma estrutura como o Omnia, em Las Vegas, ou algo como o Ushuaia, em Ibiza. Temos, dentro da nossa característica, clubs que têm outro tipo de charme; é o caso do Green Valley e do Warung. Por outro lado, nosso público tem uma energia incrível, o que faz com que vários DJs internacionais tenham um caso de amor com nossas pistas!

Quando o Brasil realmente começou a prestar atenção na House Music, por volta de 2008.  Não era mais algo restrito ao Sul, a São Paulo, ao Rio ou BH, era o país todo.

Gosto de coisas normais, sair com amigos, cozinhar, assistir filmes que já vi, ficar no estúdio… Ouço muita coisa de House, French House, e alguns podcasts, além de Indie Rock. E é claro que não poderia faltar música brasileira de qualidade.

Claro! Estou há cerca de seis meses em estúdio com Dabox, com quem eu tenho uma sinergia musical muito bacana, e é na minha opinião um dos caras mais criativos e com personalidade no Brasil. Dedicamos muito tempo no meu estúdio em São Paulo e no dele em Brasilia. Muitas já fazem parte dos nossos sets; no último Federal Music tocamos quase todas. Mas ainda estamos dedicando muitas horas nas faixas para solidificar o trabalho e atingir um diferencial. Não é uma questão de lançar tracks todos os dias, e sim de criar algo novo para entregar ao público.