'Partilhamos de um propósito insaciável de fazer com que as pessoas que assistam ao nosso show, possam sair dele melhores do que entraram', conta Sage Act
Os recifenses Henrique Xavier, Matheus Alvim e Mauro Mota compõem o Sage Act, que vem apresentando o conceito de uma banda de música eletrônica e é um dos pioneiros do Organic House no Brasil, vertente prestigiada internacionalmente.
Difundindo essa sonoridade no país e utilizando elementos orgânicos, os produtores são também DJs e instrumentalistas que levam a música como propósito e paixão de vida.
Conversamos com os três sobre o novo lançamento "Storm", bem como sobre os passos da trajetória do Sage Act. Eles revelaram também o motivo dos lançamentos serem realizados pela própria gravadora, Sage Records, e a possibilidade de fazer colaborações com qualquer artista que seja apaixonado por música. Confira:
Oi, meninos! Tudo bem? Obrigada por falarem conosco! Queremos saber quando e como surgiu o Sage Act!
O Sage Act surgiu em 2017, a partir de Henrique – que já residia em São Paulo – e começou a adiantar ideias e esboços de composições com Mauro e Matheus. Naturalmente, houve um encontro em São Paulo poucos meses depois em que os três membros se reuniram e decidiram oficializar o projeto. Desde então nunca paramos – e só ficou mais divertido rs.
Não podemos deixar de citar que a sonoridade e até mesmo a proposta do Sage Act é muito parecida com a do RÜFÜS DU SOL. Vocês se inspiram neles? Se sim, de qual forma? E como é o “peso” de ser comparado com o grupo australiano que é sucesso no mundo todo?
De maneira alguma podemos afirmar que o RÜFÜS é a nossa única referência, pois existem alguns outros artistas – até de fora da cena eletrônica – que foram cruciais para a nossa formação. Mas certamente possuímos uma admiração profunda pelos australianos do RÜFÜS DU SOL. Acreditamos que a cena eletrônica está cada vez mais inclinada a essa união do formato “banda” com o formato “club”, e certamente eles são a maior referência nesse sentido. Isso nos traz muito otimismo que o nosso estilo permanece como uma tendência para o futuro da música eletrônica, apesar de ainda não ser completamente difundido no Brasil.
Vocês se apresentaram em Aspen, no Colorado, no meio da neve. Como rolou esse convite? E como foi a gig e experiência?
O convite veio por meio de um dos sócios do Réveillon Carneiros. É válido ressaltar que este Réveillon tem um significado muito especial para nós. Desde a primeira edição que tocamos, o Reveillón ficou marcado pela troca excelente que tivemos com a equipe responsável, que abriu muitas portas para que o conceito do nosso projeto pudesse realmente ser valorizado nacionalmente. O Réveillon Carneiros ficará pra sempre marcado na nossa história. Não é à toa que por meio deste evento, conseguimos a oportunidade mais incrível de nossas vidas: tocar em Aspen e dividir palco com Monolink, uma grande referência nossa.
Logo em seguida, quando voltaram do show internacional, a pandemia se instalou pelo mundo. Foi um balde de água fria? O que vocês têm feito para atravessar esse período da melhor maneira possível?
Quando chegamos do show internacional em Aspen tínhamos uma perspectiva muito positiva, estávamos com ótimos eventos fechados. Todos nós da indústria de eventos passamos – e estamos passando – por momentos difíceis... ausência de shows, mudanças significativas no comportamento da cena etc. Acreditamos, entretanto, que em grandes dificuldades surgem excelentes oportunidades. E foram estas oportunidades que abraçamos com muita coragem. Decidimos enfrentar as dificuldades deste período de peito aberto. Além de sócios, somos amigos há bastante tempo... todo este processo certamente nos trouxe muita maturidade em vários aspectos: produção, amizade, comunicação, maturidade emocional.
Em qual momento decidiram sair de Recife para vir para São Paulo? Tem colhido bons frutos?
Atualmente dois de nós residimos em São Paulo e um no Recife. A decisão da vinda para São Paulo certamente nos trouxe excelentes frutos, e envolveu outros motivos como estudos, realização de cursos etc. Entretanto, a relevância da nossa cidade natal permanece com muita força, sendo um local crucial para o nosso desenvolvimento. Por esse motivo, continuamos fazendo a ponte entre as duas cidades com muita frequência.
Vocês acabaram de lançar “Storm”. Como foi o processo de produção desta faixa e quais os sentimentos que invadiram vocês durante esse momento? O que essa track representa?
A produção da “Storm“ veio acompanhada de muito otimismo, além de um momento de muita maturidade musical. A indústria de eventos está passando por momentos difíceis, mas acreditamos que isso trará boas oportunidades. E foram estas oportunidades que abraçamos com muita coragem. A track veio de um momento em que decidimos planejar a nossa retomada nas produções e enfrentar as dificuldades de peito aberto. Como somos amigos há muito tempo, esse processo trouxe maturidade em várias esferas. A ‘Storm’ traduz todos esses sentimentos, em forma de música.
Contem pra gente também um pouquinho de como surgiu a Sage Records e qual o cronograma de lançamentos de vocês para 2021-2022.
Respeitamos bastante todos os caminhos – tradicionais ou alternativos – em que o artista faz os seus lançamentos. Nós optamos por realizar os nossos lançamentos de maneira autônoma, pois, internamente, enxergamos mais vantagens. A partir deste posicionamento interno, construímos a Sage Records. Porém, não acreditamos que exista um caminho certo ou errado, apenas aquele que mais se adequa ao perfil do artista.
Henrique Xavier, Matheus Alvim e Mauro Mota: Existe uma definição de “função” de cada um no projeto ou os três fazem um pouco de tudo? Como é o relacionamento de vocês na produção musical?
De maneira mais estrita, Henrique é responsável pelas etapas de produção e pós-produção, composição de arranjos etc. Matheus Alvim é responsável pela composição das linhas de guitarra e Mauro Mota pela construção da linha de vocal e composição das letras. Porém, entendemos que o nosso processo de produção é realizado de maneira integrada, no qual os três membros acabam contribuindo e construindo a totalidade da composição, com muito alinhamento, e sem delimitações.
Se pudessem escolher um nome para collab, quem seria?
Pode parecer uma tentativa de fuga a resposta, mas prometemos que é a nossa resposta verdadeira: nós estamos dispostos a realizar collabs com todo e qualquer artista que realmente estiver disposto a mergulhar na construção da faixa e viver todas as etapas da produção, de maneira genuína. Não nos atrai muito as possibilidades de collab que saem de maneira mais instantânea e “pré-prontas”... porém também não a descartamos, caso acreditemos que o resultado será positivo.
Para finalizar, qual o legado que o Sage Act quer deixar à música eletrônica?
Acreditamos piamente que o futuro da música eletrônica cada vez mais está inclinado para a mistura da experiência “club” com a experiência de “banda”, como já discorremos acima. Certamente gostaríamos de ser conhecidos como um projeto nacional que conseguiu se adequar a esta projeção, e encorajar os artistas entrantes a proporcionarem uma experiência parecida.
Na perspectiva da musicalidade em si, partilhamos de um propósito insaciável de fazer com que as pessoas que assistam ao nosso show, possam sair dele melhores do que entraram... para que a nossa entrega no palco realmente tenha um impacto positivo na vida das pessoas. Acreditamos que qualquer outra conquista será uma consequência disso. O Sage não significa apenas um projeto para nós, mas simboliza um propósito. Uma paixão de vida.
Imagem: divulgação.