Estreando pela Cocada Music, Tha_Guts fala sobre seu trabalho em parceria com L_cio
Tonalidades orgânicas, musicalidade e influência latino americana, é isso que encontramos no mais novo lançamento da Cocada Music, Fake Stone EP, que chega assinado pelo prolífico produtor brasileiro Tha_Guts, além de contar com a colaboração de L_cio em uma das faixas originais e um remix. O disco ganhou a luz do dia, marcando o release de número 14 da Cocada, selo que vem revelando e dando espaço aos novos talentos brazucas e latinoamericanos.
Tha_Guts, que já produz desde 2018, é produtor audiovisual, multi instrumentista, labelhead da gravadora dsrprtv rec e cria conexões fora do óbvio cada uma dessas áreas para seu projeto solo, entregando um mix perfeito de experimentalismo com musicalidade percussiva e orgânica. Nós falamos com o artista para saber mais detalhes desse trabalho na Cocada Music.
Guto! Nós já conhecemos e acompanhamos seu trabalho há algum tempo, falamos no passado de Plastic Noise, seu álbum de estreia, lá em 2018, além de alguns outros trabalhos mais recentes. Você enxerga uma mudança/evolução nítida no seu som ao longo destes três anos produzindo? Algo que seja mais perceptível mesmo?
A evolução sonora acredito que seja algo mais perceptível para quem acompanha minhas músicas, pelo privilégio de ver de fora e ouvir os lançamentos em diferentes momentos. O processo mais relevante acredito ser a própria maturação como artista que tem possibilitado apresentar lançamentos mais consistentes e que comunicam o que eu busco na música com mais naturalidade e solidez.
O experimentalismo que estava presente no seu primeiro disco ainda segue marcando presença nas suas músicas, mas de forma mais ‘discreta’, podemos dizer assim… você concorda? Quando você produz, a ideia é sempre trazer algo diferente pras composições?
Penso que muitas vezes nós tendemos a generalizar uma produção diferente com o termo "experimental", pois no meu caso é algo que surge com mais naturalidade do que parece. Não se trata de intencionalmente soar distinto, mas de buscar caminhos menos comuns para o storytelling, procurando ser verdadeiro nas produções.
No caso deste seu novo trabalho, Fake Stone, temos sons de baixo, flautas, uma guitarra disco/funk, cowbells… sons mais retrôs. De onde vêm essas influências?
Em Fake Stone a influência acaba sendo mais ampla do que um gênero da e-music. É uma faixa que começou em 2019 com uma base simples, a letra foi escrita por um amigo e passou por diferentes momentos até chegar nesse formato. Teve influência do L_cio também na mixagem além das flautas. A ideia era criar uma faixa mais dançante sem recorrer a fórmulas às vezes comuns da e-music.
Aproveite e conte-nos um pouco sobre a parceria de vocês… essa amizade com L_cio vem desde quando? Como rolou a conexão para este som pela Cocada?
Me aproximei do Laércio em 2020 quando apresentei pra ele o meu novo álbum (que vai ser lançado esse ano) e já acompanhava o trabalho dele. Por ambos sermos artistas de live act, estabelecemos uma relação na música bem sólida e a ideia do rmx partiu dele. Conhecendo ele melhor também percebi que temos posicionamentos comuns fora do palco. Devemos produzir novamente juntos no futuro, mas por enquanto Laércio é um dos próximos lançamentos futuros da minha gravadora.
A gente enxerga um fit muito claro entre a proposta da Cocada e o seu som. É original, diferente, musical. Você quem buscou por esse lançamento com eles?
Eu me aproximei do Leo Janeiro no último ano através do lançamento da minha gravadora, a qual a Get Digital é responsável pela distribuição, representada pelo Leo no Brasil. Também esse convite de lançar na Cocada já estava se desenrolando fazia um tempo através do Alan Medeiros (Alataj e Beats n' Lights), nosso amigo em comum. Após as faixas estarem prontas, Laércio enviou as tracks ao Roland Leskeer que amou e sugeriu lançarmos na Cocada. Após a audição e aprovação do Leo assinei com eles o release.
Além da carreira solo como produtor, você hoje também comanda o próprio selo, dsrptv rec. Como tem sido essa experiência em estar “do outro lado”? De alguma forma agrega na sua visão artística na hora de compor?
Estar à frente da dsrptv tem sido uma das minhas experiências mais incríveis na música. A troca com os artistas é realmente incrível e estamos (eu e Alexandre meu sócio) bem satisfeitos com o que apresentamos até aqui. Confiamos no potencial de cada artista de nosso catálogo, estamos 100% focados na música e acredito que esse objetivo é o caminho para um trabalho robusto e relevante para a música eletrônica brasileira.
Por fim, o que você vê no horizonte de Tha_Guts? Valeu!
Com todo planejamento de 2020 em estúdio, este ano chega com diversos releases. Na segunda metade do ano vai sair um EP na minha volta a gravadora Gop Tun, meu segundo álbum full e algumas participações em VA's e remixes. Em paralelo sigo focado em apresentar de modo consistente o catálogo da dsrptv rec.