Entrevistas

Com 10 anos de pista, Toigo nos conta sua trajetória e suas perspectivas para a nova década

Por Isabela Junqueira.

São dez anos de carreira e não é exagero afirmar que é difícil atuar consistentemente em uma indústria tão mutável. Mas o DJ e produtor Rodrigo Toigo (ou só Toigo ) trilhou um caminho produtivo e eficaz para cravar seu nome em contexto nacional. Sua carreira emerge a partir da vontade de efetuar o que, na verdade, Toigo queria consumir, fazendo com que suas próprias demandas (que iam de encontro com as do público) fossem seu mais concreto balizador.

Assim o gaúcho traçou metas, arregaçou as mangas e partiu para a labuta, gerando, protagonizando e até mesmo auxiliando projetos que o colocam como esse artista com um talento perseverante e sempre atual. O currículo de Toigo fala por si só: apresentações nas principais festas e eventos nacionais como D-Edge e Festival de Cinema de Gramado e lançamentos por gravadoras como Balearic Cookies, Clash Music e IBIZA PARTY SQUAD.

Mas o que dá a Toigo essa potência impulsionadora? Conversamos com o gaúcho, que nos rendeu um papo interessantíssimo, confira!

Play BPM: Olá Toigo, obrigada pelo papo! São 10 anos de carreira como dissemos anteriormente, nada mais justo começar contextualizando como se deu seu despertar para música eletrônica…

Toigo: Eu comecei a frequentar a noite muito cedo, com 13 anos eu já trabalhava e podia pagar as minhas contas com acesso aos clubes, festas etc… No meu bairro tínhamos 2 e depois 3 DJs (Renatan, Gusta e depois o Pablo), eu era e sou fã deles, pois com eles que tive meus primeiros contatos e me apaixonei pela música.

Você já cruzou o Brasil levando a sua música, sonho da maioria dos talentos que atuam na música. O que você apontaria como um fator justificável para um currículo tão poderoso como o seu?

Eu acredito que sejam por três fatores principais. Primeiro pelo meu network, afinal foi o que abriu as portas para as primeiras oportunidades e que nem sempre foram super bem sucedidas. Segundo pela minha maturidade em saber que estava e estou sempre aprendendo, que nada é fácil e que a persistência, constância, coragem e habilidade de adaptação seriam meus pilares. Terceiro pelo puro amor e vocação. Eu amo estar no estúdio, eu amo pesquisar e mais que tudo, eu amo tocar e trocar com o público essa alegria e amor.

Mudar é preciso, principalmente em uma indústria tão frenética quanto a da música eletrônica não é? No seu caso, vemos uma evolução nítida ao longo desses 10 anos de carreira. Essa visão em não se limitar a gêneros e ritmos específicos sempre pairou seus ideais ou é algo adquirido com o tempo?

Eu acho que sim, pois realmente toco tudo que eu gosto e acho que tem hora, momento e pista para tudo. Tem que ter um pouco de experiência para ler esses momentos e dentro da sua proposta entregar o melhor para o público. Eu sou um cara de 43 anos e frequento as festas desde os 13. São 30 anos e milhares de festas que ajudam nisso.

Como dissemos anteriormente, você não se limita. É essa a qualidade que você julga necessária para te conduzir a protagonizar eventos tão variados, mas também tão importantes em seus contextos e nichos, como o Festival de Cinema de Gramado?

Sim, sou daqueles DJs "baileiros". Em festas mais comerciais toco House, Nudisco e misturo com algum Techno Melódico, nas mais "under" toco Minimal, Indie  e Techno. Tento sempre trazer coisas novas, que surpreendam as pessoas e fico mudando de linha. Numa festa específica de algum gênero, daí já trabalho diferente e fico dentro da expectativa.

Uma coisa que considero importantíssima é tocar para o público. Apesar de eu ter um repertório mais abrangente, prezo por qualidade em termos musicais e mesmo em eventos comerciais, não fico na linha rádio FM.

Inclusive, recentemente você se apresentou ao lado de uma orquestra, não é mesmo? Como foi a experiência e como você interpreta essa mescla de universos musicais tão diferentes?

Foi realmente sensacional! Os timbres clássicos misturados com os sintetizados, e claro, a presença da orquestra torna tudo muito forte e emocionante. A oportunidade e privilégio de trabalhar com músicos tão talentosos foi um presente inesquecível.

Outra gig bastante especial imaginamos que tenha sido aquela no Surreal, novo complexo artístico comandado pelo Renato Ratier… o que você destaca dessa apresentação?

Que lugar maravilhoso!!!! O Renato é uma figura que merece todo o destaque e sucesso. Ele fez e faz muiiiiiiito pela cena e por muita gente. Eu sou muito grato a ele. Eu geralmente não fico nervoso, mas confesso que lá deu uma dor de barriga.

Segui uma linha mais Indie e com um BPM até 126. Toquei por 2:30hs pois o WhoMadeWho atrasou um pouco em consequência de uma entrevista e pra mim, foi uma das melhores apresentações que já fiz em termos de satisfação pessoal. Aquela tenda, aquele lugar, as pessoas, o Staff… tudo lá é muito maravilhoso e único. Mais uma vez tem que tirar o chapéu para o Renato.

E teve também o Sound Of Cave, em parceria com o Tulum Bar… qual o balanço desse seu novo projeto?

Foi um desafio interessante pois rolou nas quartas-feiras de novembro e dezembro, e não é um dia fácil. Tivemos um público muito legal e que teve um impacto diferente com um som mais conceitual.

A Tulum foi incrível e nos abraçou totalmente. Quero muito agradecer ao Kiki Salviato e o Gui Accula que compraram a ideia e fizeram acontecer.

E agora, ano novo, vida nova. Você é desse time da renovação ou é mais pragmático em relação à renovação do ano?

Eu sou mais de planos e continuidade. Analisar os resultados e manter o foco. Acho que a renovação deve ser constante e não datada.

Você é, indiscutivelmente, um operante ativo na música eletrônica nacional e diante disso, é impossível não perguntar: quais aprendizados seguirão com você nesse período de pós reclusão?

Guardar dinheiro! (kkkkkk) Estudar mais e ser o mais simples possível.

Aproveitar os momentos, a família, os amigos e ser grato a essa vida

E por fim, mas não menos importante: rola um spoiler do que vem aí em 2022?

Em março vou inaugurar um bar chamado Guapísima na Vila Olímpia (SP), onde a parte musical será focada em DJs de House, Indie e Eletro. Lançarei um projeto com o Softmal e o Lucena chamado "Banda House do Embú" onde só tocaremos músicas autorais e remix de Disco, MPB e Tropicália também autorais. E claro, novas tracks!