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Já ouviu o último EP de Davis, “Dance Peralta”?

Davis Genuino , ou só Davis, como é artisticamente conhecimento, é um do personagens que encontrou na paixão pela música a energia propulsora para ir além e fazer a diferença na cultura eletrônica nacional. Desde que entrou para o circuito, ele tem vivido uma metamorfose musical que caminha lado a lado à sua colaboração quase incessante com a construção daquilo que chamamos de cena, sendo uma das peças-chaves na curadoria do núcleo independente ODDe outras iniciativas.

Recentemente Davis levou a criatividade ainda mais longe, lançando Dance Peralta, seu EP pelo renomado selo Live At Robert Johnson, o terceiro projeto com eles. Desde que iniciou essa parceria ali, o artista comenta que uma relação de amizade e admiração foi estabelecida e que, dessa vez, o processo de seleção das músicas foi bem inesperado por ele: “nos trabalhos anteriores eu tinha que me desdobrar para pode entregar a terceira faixa, duas delas eram relevantes para o disco, mas eles queriam sempre mais uma e aí virava um desafio de idas e vindas. Dessa vez mandei 6 faixas e eles me disseram que tinham gostado de todas, decidimos então lançar 4 em vinil e mais 2 em formato digital”, ele conta.

Dance Peralta vem com uma abordagem mental, que vai de encontro ao tema do EP e uma estética não-óbvia no Leftfield. Na linha de frente do EP temos o TR-808, samples de funk na bateria e, segundo o artista, a ideia era trazer a riqueza rítmica para o primeiro plano. Foi algo feito com experimentação, sem muita cobrança pessoal. Davis conta que quando chegou na parte objetiva tinha um som bastante forte e ardido, uma frequência de agudos bem presentes, quase causando incômodo, mas que na verdade vem para destacar o brilho da música junto das mensagens.

“Foi uma evolução onde o lado emocional liderou, antes era muito mais lógico, nesse eu fui meio que trazendo mais sentimentos, ideias ligadas às emoções como nunca antes, muito mais coração do que cabeça”. Aliás, este seu projeto fala muito sobre saúde mental, a leitura que se faz ao ouví-lo é que justamente o uso do breakbeat dá uma sensação em alguns momentos de algo que precisa ser resolvido, revisado. Então talvez a ideia dos agudos trazendo um sutil incômodo é sobre prestarmos atenção a algo que não está bom dentro de nós, que incomoda diariamente, de forma quase sucinta, o que faz com que muitas pessoas acabem por negligenciar ou postergar algo fundamental.

A melhor mensagem pra esse disco, segundo o artista, é que ele o colocou em uma reflexão sobre estar presente e sobre parar de fazer as coisas por obrigação, é um disco que traduz sua verdadeira essência: “se você olhar minha jornada, foi muito disso, sempre fui experienciando situações e práticas, de residências a lancamentos, um processo de evolução, mas quando cheguei nesse momento do disco eu estava focado em buscar minha felicidade. Nele eu reatei comigo mesmo, consegui me encontrar e me resolver, fazendo aquilo que eu realmente queria”.