Das pistas para os estúdios, a Underdogs tem trilhado um caminho de importante peso para a cena eletrônica brasileira como um todo. O selo, que começou em 2016 como uma label party, se expandiu e, naturalmente, como é observado em vários projetos do meio artístico, tornou-se uma gravadora, mas com uma identidade muito própria, se diferenciando e reforçando a preciosidade de sua atuação durante esta trajetória. 

O nascimento do coletivo veio a partir da insatisfação de Ricardo Salim e Rodrigo Morgado perante o cenário musical das festas do Rio de Janeiro, onde residem. Apesar de ser uma cidade grande, com estrutura para ser um forte polo da cultura eletrônica, até então, não havia tanta movimentação, e o objetivo dela era iniciar esse movimento, espalhando a cultura musical e promovendo um intercâmbio de ideias a fim de difundir a música eletrônica por lá. 

E, foi isso que fizeram. O selo se consolidou como um dos principais da região, alcançando prestígio nacional com suas festas regadas a boa música e diversão. Nesta época, o crew de DJs residentes também foi se formando, trazendo ICLE, Xambah e Alan Fack. Com o sucesso do selo, veio também a vontade de lançar a própria gravadora para levar um pouco da sonoridade dinâmica de Afro House, Melodic House, Nu Disco e House, que caracterizava as festas, para todo o Brasil – e mundo. 

"Era uma ideia que eu tinha desde o início. Pois um dos catalisadores pra se iniciar o projeto, foi que comecei a produzir junto com o ICLE em seu antigo home studio. E a ideia era justamente ter a gravadora pra podermos lançar esse material, e ser parte de todo o ecossistema"

Rodrigo Morgado, criador da Underdogs

Assim, veio ao mundo a Underdogs Music, que em pouco tempo se tornou referência quando o assunto é unir a Dance Music com o charme da musicalidade brasileira. Neste período Thiago Freitas foi adicionado ao time, auxiliando a moldar a label. De lá para cá, cerca de dois anos se passaram e, a refinada curadoria é um dos principais destaques do selo, que neste período apresentou cinco lançamentos envolventes, que trouxeram conquistas importantes. Entre elas estão, remixes de nomes importantes como Tigerskin, KEENER e Rick Wade, além de suportes de Laurent Garnier, Robert Owen e Carista. Até que, no ano passado, a Underdogs lançou seu primeiro VA “Vira-latas” que traz um House marcado por brasilidades. 

"O selo ainda é bastante novo e estamos no início dessa jornada. No entanto houveram algumas pequenas vitórias bem significativas como posições por diversas semanas nos TOP 10 de estilos de vários de nossos lançamentos (Connected, Timale, etc) e também conquistar o banner da capa do Afro House no Beatport com o Timale, nosso segundo lançamento, foi muito significativo"

Thiago Freitas, criador da Underdogs

Com uma abordagem focada em qualidade, não em quantidade, o selo ficou quase um ano sem lançar produções de estúdio. Mas, agora, a espera acabou, já que eles estão de volta com o EP “Green Eyes”, dos residentes Morgado e ICLE, que chegou às plataformas no dia 19 de maio. O trabalho traz duas faixas inéditas, a primeira sendo uma track conjunta dos artistas, em colaboração com a cantora Michele Mara, enquanto a segunda é uma produção apenas de ICLE, mas com Luiza Casé nos vocais. E, ainda, tem um remix para a faixa título, desenvolvido por ninguém menos que Soldera. 

"Esse EP traduz muito a minha base musical e do ICLE. Ele tem um significado muito especial pra mim, considero essa música a mais autoral minha e com uma carga de sentimentos muito forte para mim. Escolhi o nome “Green Eyes” por causa de uma experiência particular, mas acho que os olhos são a janela de entrada para o universo particular de cada um e a beleza da música é justamente cada um ter a sua interpretação sobre aquela sonoridade, o seu próprio mix de sentimentos. Sobre os próximos lançamentos, vem mais coisa do crew e vamos ter também novos EPs com artistas externos que têm identidade com a label, nomes bem legais que vou contar pra vocês, assim que possível"

Morgado

Imagem de capa: Divulgação.