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Mary Mesk lança álbum “Living Places” com 15 músicas autorais e nós escutamos todas, leia o review

Mary Mesk se torna uma das únicas mulheres a lançar um álbum na cena brasileira de música eletrônica. Como se isso não fosse histórico o bastante, Mary mostra um trabalho maduro e grandioso, homenageando ainda a ilha favorita dos amantes da dance music: Ibiza .

Transitando por gêneros como o techno melódico, o progressive house e o afro house, e com referências que passam por Tale of Us, Artbat, Stephan Bodzin, entre outros, “Living Places” nos leva para uma viagem que, por conta de tudo o que estamos vivendo em 2020, não aconteceu este ano. Pelo menos não fisicamente. A proposta do álbum é justamente reviver emoções que diferentes locais da ilha de Ibiza trazem para quem já esteve lá ou para quem sonha em ir um dia. E que a experiente Mary conhece como ninguém.

O fato de existir todo esse conceito e de que cada uma das 15 faixas do álbum representa um lugar diferente da ilha, já me dá um senso de propósito muito maior. Vale a pena degustar esse storytelling ouvindo o trabalho completo, sem interrupções. E, ainda, revisitá-lo prestando atenção ao significado de cada faixa. É o tipo de coisa que enriquece a experiência ao ouvir um álbum que consegue ir longe – e fundo – assim.

Logo no primeiro segundo, em “Pacha” somos introduzidos a arpeggios hipnotizantes, seguidos de um vocal bonito e etéreo, junto a melodias e timbres impressionantes. O primeiro club a se estabelecer em Ibiza dá o tom do que podemos esperar dali pra frente.

“DC 10” vem com um discurso poderoso e inspirador acompanhado de um rolling bass e baterias que tornam difícil manter o corpo parado. “Se você acredita em algo, persiga-o. Não pare.”

Em seguida, a intensa “És Vedrà” traz uma dose extra de energia e esoterismo, inspirada pela ilha ao sudoeste de Ibiza.

“Ushuaia” , um dos mais famosos clubs da ilha, mistura um groove bem dançante com leads envolventes e vozes faladas que dão um clima místico à faixa. É quase como um culto à música e à dança.

“Dark Places” e “Amnesia” são introspectivas, “Empty Streets” energética, “Hi Space” é expansiva, “Privilege” é mais dark e mística, “Marat” carrega um vocal bonito e emocionante, “Sankeys” é hipnótica… basicamente, são diferentes tons de uma paleta que é sempre imponente e de alto nível.

“For The Sun” , uma das minhas favoritas no álbum, é um hino para um dos pôres do sol mais lindos que você vai ver.

Com uma melodia que não vai sair da minha cabeça tão cedo, “Take Away” é um progressive house que certamente faria bonito em festivais do underground ao mainstream.

“Domenicus” tem tudo para ser um hino dos afters, sejam eles em Ibiza ou em nosso país.

E, por fim, a percussiva “Cocoon” encerra a jornada musical do álbum em grande estilo. Me imagino com os pés na areia de uma praia incrível madrugada adentro com fogueiras e pessoas entregues à música e a mais nada. E quando a faixa termina, rolam aqueles segundos até me dar conta de que ainda estou aonde estou – e que Ibiza, infelizmente, vai ter que esperar.

A gente pode não estar lá este ano. Mas a energia que nos une, através da música, está aqui. Ao buscar retratar os lugares cheios de vida que existem em nossa querida ilha de Ibiza, “Living Places” acaba mostrando os lugares cheios de vida que existem dentro de nós.