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A referência sonora por trás do novo EP de Palmer, "Saison"

Por Maria Angélica Parmigiani.

Para a produção musical acontecer, é necessário um compilado de coisas: capacidade cognitiva para começar, estudo teórico que abre o caminho de um mato fechado e, claro, a prática, muita prática. Mas há também alguns fatores secundários de extrema relevância, como, por exemplo, o background musical.

Não obstante, existem outros pilares, agora mais subjetivos, que tornam essa equação singular: estado de espírito (há quem produza melhor na melancolia, há quem produza melhor nas melhores fases, há quem faça nos dois), ter um feeling apurado e para os mais desprendidos, ousar.

Palmer e sua relação com a música eletrônica segue bastante tais premissas. Seu novo EP batizado de " Saison" apresenta duas faixas calibradas e remixes pelo escocês Kusht e pelo alemão Paul Traeumer , tudo chancelado pela própria Tropical Twista Records , mantendo viva a chama do Downtempo.

Natural do Rio de Janeiro e atualmente baseado na Chapada dos Veadeiros, Raphael Palmer, como também é conhecido, é a mente principal por trás do selo. Além disso, é DJ, produtor musical e cultural e paralelamente à música, é engenheiro de dados e designer gráfico. Em seu histórico, ele carrega a guitarra e a flauta transversal, além de percorrer sons que vão do rock progressivo à música folk no bom e velho ecletismo que transpõe-se à barreiras estilísticas.

Ele explica que o EP gira em torno de “Beltane”, faixa produzida ainda no ano passado, durante a pandemia, que mistura elementos orgânicos e acústicos com referências do jazz, além de um toque psicodélico. “O diálogo nas músicas vem de uma fala sobre intuição, do Terrence Mckenna, um filósofo e estudioso de substâncias psicodélicas e da consciência humana que eu admiro muito. A ideia por trás é parecer que você está sentado de frente pra ele, ouvindo suas palavras em uma mesa de algum café a céu aberto, em uma virada de estação. 'Beltane' é o festival que celebra o início do verão, é uma festa da fertilidade, simbolizando a união das energias masculinas e femininas. Em seu oposto temos ‘Samhain’, que simboliza o início do inverno, música que produzi para completar e equilibrar o EP, usando os mesmos elementos e inspirações de 'Beltane'”.

Saison condensa isso tudo e revela um pouco como opera este cérebro. Uma alquimia de descompressão mental com pancadas de chuva ácida, algo que Palmer curte trazer em suas criações que percorrem o orgânico, o experimental, o old school e o sintético propriamente dito. Se a soma dos fatores resultam em um produto final chamado música, eis aqui belas equações.

Palmer - Saison (TTR079) by Palmer

Imagem: divulgação.