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Música é cultura: Berlim considera clubes como instituições culturais

Mais de um ano de luta resultou em um momento muito marcante para os clubes alemães. Em relação ao Brasil, podemos perceber que a Europa possui um zelo maior se tratando do respeito à cultura e essa é só mais uma prova disso.

Por uma votação quase unânime no dia 5 de maio, clubes e locais de música ao vivo não serão mais considerados lugares de entretenimento, mas sim culturais, de acordo com o Live Musik Kommission. Na sexta-feira (7), a resolução foi apresentada ao governo federal para aprovação final.

A votação é decorrente de mais de um ano de trabalho do multipartidário Parliamentary Forum For Club Culture & Nightlife. Além da proposta para alteração na lei para que esses ambientes fossem considerados como locais culturais, eles também propuseram uma cláusula sobre limites de ruído.

Além do reconhecimento cultural, os lugares selecionados terão benefícios fiscais, serão protegidos contra deslocamento e poderão operar em mais partes da cidade. Teatros, museus e salas de concerto estão entre os locais considerados culturais, enquanto as casas de apostas, bordéis, galerias e cinemas são considerados entretenimento. O Berghain, clube tradicional da cidade, foi premiado como Instituição Cultural em 2016.

"Gostaríamos de agradecer aos membros do Fórum Parlamentar, em particular, por seu compromisso e perseverança neste assunto", disse Pamela Schobeß, da Comissão do Clube de Berlim. "Com a decisão de hoje, o Bundestag está enviando um sinal forte e há muito esperado à república. Os clubes de música são instituições culturais que moldam a identidade dos bairros da cidade como parte integrante da vida cultural e econômica. Agora, uma lei desatualizada deve ser adaptada à realidade. Isso ajuda a manter as cidades e bairros vivos e habitáveis ​​e a proteger os locais culturais do deslocamento.”

Thore Debor, porta-voz da LiveKomm, acrescentou: "Estamos contando com a rápida implementação da lei por parte do governo federal. Especialmente agora em tempos de Corona, precisamos dessa etapa concluída o quanto antes.”

Nesse momento de pandemia, lives ao redor do mundo marcaram presença nas mídias sociais, e pudemos observar artistas transmitindo seus sets dos mais incríveis lugares ao redor do mundo. Lost Frequencies se apresentou no Palácio Real de Bruxelas. David Guetta marcou presença no Museu do Louvre, em Paris. Esses são alguns exemplos que podemos citar e que refletem o valor que os governos e cidadãos europeus dão à música eletrônica.

Portanto, a decisão de que clubes não mais sejam considerados lugares de entretenimento, mas sim culturais, é muito significativa. Essa é só mais uma das inúmeras boas práticas que poderíamos importar da Europa a fim de tornar a cena mais respeitada no nosso país. O caminho é longo, mas vale a pena e temos certeza de que vamos chegar lá!

Fonte: Resident Advisor.