Consistência e trabalho: como JØRD foi um dos artistas que mais cresceu na pandemia
Texto por Lu Serrano | Foto por Harley Castro.
JØRD faz parte dos artistas da nova geração que vem em uma crescente no mercado da música eletrônica nacional, e se antes da pandemia as agendas lotadas não permitiam alguns privilégios do home office, agora, com esse tempo mais “livre”, foi hora de virar a chave, concentrar em produções cada vez mais completas e abastecer os fãs de tracks efeito gatilho para aguentar a espera pela volta das pistas.
Além do look bermuda, regata e chinelo – para quê chinelos não é mesmo? – JØRD encarou o home office como uma oportunidade de se dedicar ainda mais e terminar as músicas que sempre deixava para depois por falta de tempo. Além disso, ele aproveitou para trocar mais ideias com os amigos e, também, cozinhar. Gourmet!
E se JØRD cozinha bem, ainda precisamos descobrir, mas temos certeza de que o produtor é chef quando o assunto é produção musical. Atualmente, ele está entre os 10 artistas brasileiros mais ouvidos no Spotify, no ranking de música eletrônica do Sonzeira, com seus lançamentos bombando em um período bem disputado nas plataformas de streaming.
“Para mim, isso tudo está sendo surreal. Era um dos meus maiores objetivos, e ver isso acontecer tão rápido, num período de muitas dificuldades para quem vive de música, me encheu de orgulho”, explica com um sorriso no rosto e aquele “belisco” no braço de lei para provar que é real.
Do início da pandemia até aqui, foram cerca de 15 faixas lançadas, mantendo o público em dia com muitas novidades. Mas, como foi esse processo sem o principal termômetro para um produtor? “Confesso que foi bem difícil, principalmente, entender o que o meu público esperava de mim. Passei por um longo processo de experimentação e acredito ter encontrado algo que eu goste e funcione”, afirma.
À medida que as tracks voltadas para o streaming tiveram um grande aumento nesse período, simultaneamente, os hits mais pista também explodiram. “Confesso não saber ao certo o ‘estilo mais em alta pós pandemia’, mas sei que as pessoas estão esperando o melhor dos artistas”, conta JØRD que acredita em uma cena que está quebrando barreiras.
Muito dessa expansão está associada as lives, que ultrapassaram limites físicos e surfaram pelas ondas da internet para todo o mundo. Os gritos e calor humano das pistas foram substituídos pelos emoticons e comentários dos chats das lives, que passaram a indicar a aprovação ou não dos fãs. E foi aí que JØRD deu start a um novo projeto, o Kingdoms, que desde o ano passado tem feito o rolê da galera em casa.
“O Kingdoms surgiu numa vontade minha de explorar locais pelo Brasil todo e gravar sets, levando toda roupagem e estilo de King, fazendo cada um desses lugares ser um reinado. O público se conectou muito com a ideia e desde o primeiro senti que havíamos acertado. Quero poder levar esse projeto para todos os estados do Brasil”, conta.
Nas tracklists, JØRD aproveitou para apresentar o seu processo de renovação musical. “Decidi fazer o que gosto, sem me preocupar muito com o que estava bombando. Querem saber o melhor? Parece clichê, mas, é quando as coisas começam a dar certo! ”.
Uma prova disso é o sucesso de “Everybody Wants To Party”, collab com o duo Dubdogz e que bateu os 7 milhões de plays apenas no Spotify. O produtor credita esse resultado a vibe empolgante da faixa logo nas primeiras batidas.
“Acredito que isso se encaixa na rotina de muitas pessoas, principalmente, quando estão na academia, trabalhando. Felizmente, ela caiu na graça dos editores de playlists do Spotify e chegou a entrar nas músicas virais dos Estados Unidos”, pontua.
Esse sentimento de identificação também aconteceu no seu mais recente lançamento, “In The Morning (La Ra Ri)”, ao lado do Lowderz e Vektor.
“Sentimos o poder do alcance dessa música no momento em que ela ficou pronta. A letra é muito chiclete, então a ideia de gravar um clipe foi para aumentar mais ainda a chance da música bombar. Fizemos um clipe com um orçamento super honesto e o resultado ficou incrível!”. Incrível e com altas doses de nostalgia do que vivemos e do que ainda vamos viver.
E já estão rolando boatos que tem música no forno. “Tão sabendo demais, hein?! [rs] Mas é verdade”, confessa JØRD. O produtor já está com uma collab com o duo Future Class pela HUB Records. Uma faixa que demorou quase um ano para chegar a sua versão final. “Ela mistura a minha pegada de 2019 com a nova linha que estou seguindo em 2021. Fiquei muito feliz com essa combinação”, aposta o produtor que está na torcida de poder ver a galera curtindo o lançamento no front.
Toda essa intensa movimentação do artista, explorando cada canto do país com sua série Kingdoms, ou com collabs com nomes de diferentes regiões, contribui para que os olhos do Brasil e do mundo se voltem, também, para a região Norte. Natural de Belém do Pará, JØRD tem somado forças com conterrâneos talentosos. Um deles é Zuffo, com quem morou há pouco tempo e com quem lançou “Oh Yes”, pela HUB Records, com suportes de peso pesados como Afrojack.
Animado com a invasão nortista pelo Brasil afora, JØRD acredita que é hora de aumentar os holofotes para a região. “O Norte não tinha muita representatividade no cenário eletrônico nacional e acredito que desde meu início, conseguimos chamar atenção para lá”, revela.
E a vontade de incentivar novos nomes não esbarra nas fronteiras da sua região de origem. Durante a pandemia, o artista com um DNA forte na produção musical, lançou uma masterclass. “Sempre acreditei que conhecimento deve ser passado para frente, principalmente, pela facilidade da comunicação e acesso às informações. Quando você passa esse conhecimento para frente, acaba se tornando melhor ainda e tem a oportunidade de ajudar quem precisa”, reflete JORD que lançou no ar um grande spoiler. “Em breve vai acontecer algo que vai ajudar mais ainda os produtores do Brasil, me aguardem”.
Agora, além de aguardar as novas tracks que virão por aí e as novidades que vão ajudar produtores pelo Brasilzão, vamos ter que lidar com a resposta do JØRD sobre o que ele irá fazer no primeiro show pós pandemia: “fazer um long set para lavar a alma, pode anotar!”.