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Música eletrônica e cenários deslumbrantes: uma combinação que dá muito certo

Por Lau Ferreira.

Por anos e anos a fio, DJs estavam associados a casas noturnas e raves. Nas últimas duas décadas, com a popularização da dance music, surgiram também os grandes festivais. Mas foi nos quatro anos mais recentes que começamos a ver com frequência disc jockeys ou produtores se apresentando em locais inusitados, em meio a cenários de tirar o fôlego, muitas vezes bem incomuns.

A combinação foi popularizada pelo canal francês Cercle, que passou a gravar e transmitir artistas de música eletrônica underground apresentando seu trabalho com DJ sets ou lives em algumas das paisagens mais deslumbrantes do planeta, como castelos, cânions, alpes, desertos, torres, museus, castelos, catedrais, fortes, ilhas e pontos turísticos famosos, a exemplo da Torre Eiffel , das Pirâmides de Gizé e do Salar de Uyuni na Bolívia, um dos mais desafiadores até hoje. Sets históricos, gravados em altíssima qualidade, encantaram o público, e iniciativas similares começaram a pipocar.

No Brasil, surgiu o Soundscape, que já levou alguns dos principais nomes do cenário nacional — L_cio, ZAC, Gabe,Ella Whatt, DJ Murphy, Flow & Zeo, Albuquerque, entre muitos outros — para combinarem seus talentos com as belezas naturais de tantos lugares estupidamente lindos que temos no nosso país, como os Lençóis Maranhenses , as Cataratas do Iguaçú e o Cânion do Funil .

Como é possível constatar nos vídeos acima, seria difícil que uma ideia dessas, sendo bem executada, desse errado. A combinação é infalível: boa música e cenários deslumbrantes; obras de arte criadas por pessoas sendo apresentadas em obras de arte criadas pela natureza (ou também pelo ser humano, em alguns casos de belíssimas construções arquitetônicas).

Agora, foi a vez da DJ Polly . Em iniciativa própria, a paulista, natural de Santa Albertina, no interior de São Paulo, gravou um set de pouco mais de uma hora e meia de duração (pegando o fim de tarde e o anoitecer) em meio aos Cânions do Rio São Francisco , paisagem em meio ao sertão alagoano, a 460km da capital Maceió. Segundo a artista, a ideia surgiu em parceria do seu produtor, Gustavo Hack, com o objetivo de explorar um cenário inédito e também de apresentar sua nova identidade sonora, voltada para o techno melódico, o tech house e o deep house — tendo referências que vão de ARTBAT, Massano e Sidekick a Gabe, Vintage Culture, Volkoder e Rocksted.

“A cidade mais perto ficava a quase 50km. Tivemos dificuldades em achar um gerador e só conseguimos em um lugar muito longe, ou seja, tivemos que contar com um caminhão só pra ligar o som e a CDJ, fora os infinitos metros de extensão que passavam pelo meio dos cactos até chegar na mesa. Tinha uma equipe de nove pessoas trabalhando pra essa gravação acontecer”, revelou Polly.

Bastante satisfeita com o resultado, a DJ quer continuar o projeto, e já definiu o próximo alvo: a Patagônia, na Argentina. Agora é aguardar pra ver.