Por que o Indie Dance tem crescido tanto? Vini Pistori comenta sua percepção
Por Ágatha Prado.
Há quem diga que o “retrô” está em alta. Em meio a tantas sonoridades que imprimem as atmosferas tecnológicas e contemporâneas, cada vez mais digitais e plásticas, os resgates do analógico, do clássico e do atemporal ganham destaque. E é através desse contexto que o Indie Dance cresce na cena, estilo que celebra as raízes oitentistas e retro-futuristas com uma roupagem das pistas atuais.
A cada ano que passa, novos produtores têm surgido apostando nessa linha sonora que traz uma forte presença de sintetizadores, além de pianos, strings e baterias reverberadas. Nomes como Peggy Gou, WhoMadeWho, Krystal Klear e Gerd Janson se tornaram grandes expoentes do gênero e seguem influenciando milhares de produtores ao redor do mundo, fortalecendo a nova onda da tendência retrô.
No Brasil, Vini Pistori é um dos nomes que conecta o Indie Dance como um dos pilares de sua assinatura, se consagrando através dos releases em catálogos de gravadoras expoentes do gênero, fortalecendo a presença do estilo no cenário brasileiro. Na visão de Vini, como em qualquer outro estilo musical, existem momentos de ascensão e este é o do Indie Dance. Segundo ele, muitos produtores aproveitaram essa crescente para se adaptar e surfar essa onda, buscando estar em evidência.
“As vezes isso é muito bem feito, com inteligência, mas na maioria das vezes não. Artistas se perdem e tentam surfar cada onda que aparece em determinado momento. Acho que tem que ter esse meio termo, precisa trabalhar com inteligência. Pra mim fluiu e flui de uma forma mais orgânica porque é o que produzo ‘automaticamente’, é minha identidade usar elementos que fazem parte do Indie Dance, e com o estilo em alta, consequentemente consegui um pouco de visibilidade com meu trabalho. Como já comentei outras vezes, somos únicos, cada um com seu DNA. Temos que acreditar nele e produzir sem referências, assim você encontrará a sua real identidade”.
No início deste ano, Pistori passou a intensificar sua leitura sob o estilo e entregou uma série de lançamentos em gravadoras como Mumbai Records, Secret Fusion, Paradiso Records, Nebula Sounds, Levels Rec e Dantze, todos com estéticas voltadas para linhas oitentistas, fundidas ao aspecto moderno e vibrante das pistas contemporâneas.
Ao vasculharmos os lançamentos do Beatport na categoria Indie Dance, notamos o crescimento exponencial de faixas ligadas ao gênero, em especial nos últimos dois anos. O que antes era considerado uma vertente especificamente underground, hoje vem caminhando para uma popularização crescente, impulsionada pelos trabalhos das grandes estrelas do gênero, bem como importantes gravadoras que estão dando mais atenção ao estilo.
“Acredito que o Indie Dance já é popular, mas ainda não tão comercial como outros estilos. Temos grandes nomes que são precursores e que começaram a ganhar mais atenção, Gerd Janson, Prins Thomas e outros... mas como comentei, com a chegada de grandes produtores mesclando ou migrando para esse estilo, ficou mais em evidência”, observa Vini, que finaliza: “Como toda vertente pode ser passageira, acredito que tudo o que é rotulado pode ter um começo, meio e fim. Mas o que é bom permanecerá, independente de rótulos”.
Vini Pistori seguirá fiel ao estilo, já que faz parte de sua essência como artista, e pela frente tem lançamentos confirmados pela Ontourage Music, de Nico Morano, remixando Animal Trainer, Not Another, Metrica e um retorno para a Mumbai Records. Fiquemos de olho.