Campanha no Reino Unido pede aumento de royalties de streaming para artistas
Uma nova campanha foi lançada por duas importantes associações musicais do Reino Unido, pedindo um pagamento maior nos streamings para artistas da indústria musical que estão sofrendo um impacto econômico significativo durante o lockdown.
A campanha “Keep Music Alive” foi criada pelo The Musicians Union e pela The Ivors Academy, e está buscando conscientizar os líderes locais sobre as lutas que os músicos no Reino Unido estão enfrentando como resultado da pandemia.
Os cancelamentos de turnês, festivais e gigs deixaram inúmeros artistas e DJs sem sua principal fonte de renda, criando uma maior dependência nas vendas e no streaming de música. Essa nova mobilização irá exigir do governo, das plataformas de streaming e gravadoras uma ajuda para garantir que os músicos não fiquem altamente necessitados em reflexo da crise global.
“Esta crise deixou evidente o fato de que os criadores e artistas da indústria são sustentados principalmente pela música ao vivo e que os royalties de streaming são terrivelmente insuficientes”, relatou a equipe do Keep Music Alive.
O lançamento da iniciativa vem semanas depois que Tom Gray, do ‘PRS For Music’, compartilhou números lançados pelo ‘Trichordist’ que revelaram quantas streams as tracks precisariam ter nas plataformas digitais para se obter um sustento apropriado no Reino Unido. Os números são inconcebíveis (principalmente para artistas modestos), mostrando que seriam necessários 357 streams no Spotify para um artista ganhar £1, enquanto seriam necessários 3.114 streams para ganhar o salário mínimo de uma hora, e isso só se considerarmos a rara possibilidade do artista possuir 100% dos direitos de sua música.
O Sindicato dos Músicos afirmou que foram relatados mais de 21 milhões de libras em prejuízos desde o início da pandemia da COVID-19, enfatizando que “seriam necessários 62 milhões de streams no Spotify para cobrir um prejuízo de 25.000 libras, um número que é inalcançável para a maioria dos criadores de música”.
“Os músicos não deveriam ser tão dependentes de sua renda com shows, porque quando isso cai, eles são literalmente incapazes de pagar suas contas por semanas”, disse Naomi Pohl, secretária-geral adjunta da MU. “Há anos que pedimos um acordo mais justo no streaming e há muito tempo que isso já era esperado. Nossos membros não podem mais aceitar que as gravadoras assumam a maior parte da renda. Temos que consertar o streaming agora”, comunicou.
“Queremos que o governo acenda uma tocha nos cantos obscuros do modelo de pagamento por streaming para descobrir por que o dinheiro não está sendo passado para as pessoas que fazem a música”, acrescentou o secretário geral da MU, Horace Trubridge.
A campanha lançou uma petição online pedindo ao governo britânico uma revisão urgente dos streamings e seu efeito sobre artistas, músicos e compositores. Você pode assiná-la aqui.
Sobre o autor
Caio Pamponét
Graduando em jornalismo pela UFBA e Redator da Play BPM. Um apaixonado por música desde a infância que cultiva o sonho de viajar pelo mundo fazendo o que ama e conhecendo novas culturas. Com um desejo inerente de fomentar a cena eletrônica de sua terra - Salvador, BA, Caio Pamponét respira os mais diversos BPM's e faz da música o seu combustível diário.