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LuizFribs desconstrói “Raver Dynasty”, sua faixa mais forte lançada até aqui

A relação de LuizFribs com o Techno é algo que vem ganhando alcance internacional, sobretudo durante o período pandêmico, quando os trabalhos do produtor natural de Goiânia alcançaram maior profundidade dentro de estúdio.

Em 2017, quando deu start em seus lançamentos, ele foi moldando uma identidade pautada no peso das atmosferas mais sombrias do Techno, chamando a atenção de gravadoras como a Austro Music, Eight or Eighty e Nin92wo, até que em 2019 ele despertou a curiosidade da dupla espanhola The Yellow Heads, que chancelou o EP "Thief and Chief" pelo seu label Reload Records.

Já em 2020, uma nova série de lançamentos calibrada sob uma identidade ainda mais consistente chegou. LuizFribs já entrava com o pé direito no circuito internacional, estrelando um EP pela portuguesa trau-ma, com o poderoso "Crank It", que abriria ainda mais as portas para a conquista do produtor brasileiro no cenário Europeu.

Foi então que uma de suas faixas mais fortes até aqui surgiu, alcançando um dos grandes catálogos do Techno mundial. "Raver Dynasty" foi  assinado em junho de 2020  pela italiana Autektone Records, a faixa bateu 40 mil plays apenas no Spotify e recebeu suporte da produtora italiana Deborah de Luca em duas oportunidades.

Hoje LuizFribs recorda os processos produtivos da track, destrinchando em detalhes as etapas de sua construção até a finalização de "Raver Dynasty".

LuizFribs

Quando comecei a desenvolver a “Raver Dynasty”, a ideia era homenagear a cena raver dos anos 90 e 2000, considerada por muitos como a era de ouro da música eletrônica, daí o nome que faz alusão à “dinastia raver”. A faixa gira em torno de alguns elementos que vão alternando entre si como protagonistas, sendo o principal deles um Lead que rola durante quase toda a música.

Kick e rumble

O kick foi criado no KICK 2, da Sonic Academy, meu plugin favorito para tal função, e processado com saturação, distorção, compressão e EQ. Confesso que não é um dos meus melhores kicks [risos], e se estivesse criando a faixa hoje em dia, com certeza teria feito alguns layerings para deixá-lo mais punchy e “na cara”.

O rumble vem desse mesmo kick, acrescido de um reverb longo em 100% wet, em seguida sampleado, processado com muita distorção e filtrado para tocar apenas na faixa dos 200Hz para baixo.

303

O 303 vem do Roland TB-03 gerando uma onda sawtooth, processado com o overdrive interno do hardware, além de um pouco de saturação vinda do SPL TwinTube, da Plugin Alliance, e distorção vinda do Berzerk Distortion, da Waves. Para completar, EQ, compressão, delay e reverb.

Beats

Quase todos os elementos vieram da Roland TR-8S: os closed hats, clap, snare e ride vieram do kit da 909, o open hat na verdade é um layering de dois samples diferentes dessa drum machine, cada um tocando de um lado do panning, e o shaker vem do kit da 727. Já o tambourine vem de uma coleção pessoal de samples.

Lead synth

Esse lead foi feito no Korg Minilogue, e é uma reconstrução daquele timbre carregado de detune característico do trance oldschool. Basicamente, abri um “Init program”, ajustei o modo de operação do synth para Unison, coloquei os dois osciladores gerando ondas Sawtooth, fiz um leve detune entre os pitches individuais e finalizei com o detune geral quase completo. Acrescentei também um pouco de Cross modulation, e os envelopes foram ajustados para deixar o som bem curtinho (sustain e release zerados e decay curto). Por fim, um pouco de saturação, delay e um hall reverb de cauda longa completam o timbre.

Hook

Para deixar a proposta da faixa ainda mais clara, nada melhor do que um hook vindo de algum sample do famoso plug-in Rave Generator! No caso da “Raver”, utilizei o Landlord Stab (provavelmente o sample de piano chord mais utilizado no Techno, House e Trance). Impossível ser mais oldschool que isso!! [risos]

Vox Chop

No break e na outro, é possível ouvir um vocalzinho de fundo falando “Ooh”. Apesar de existirem milhões de samples no mesmo estilo, este especificamente eu sampleei dos vocais da faixa “It’s Not Right But It’s Okay”, da Whitney Houston, e fiz alguns processamentos para torná-lo único, como chop, pitch down e saturação.

Outros elementos

Nos build-ups e no break rola um Pad quase imperceptível, mas que ajuda na construção da expectativa atuando como ambiência. Este pad é um layering de duas camadas diferentes do Solina V e uma camada do Mellotron V, ambos da Arturia. O processamento ficou por conta de equalização, bitcrusher e emulação de Tape saturation, para dar um toque retrô.

Para o “acabamento” da faixa, utilizei alguns SFX de transição da minha biblioteca de samples.

Foto: divulgação.