Quase 80% das mulheres que atuam na música já foram discriminadas, diz pesquisa brasileira
De acordo com a União Brasileira de Compositores (UBC) com 252 mulheres do universo da música revela que 79% das mulheres já sofreram discriminação de gênero em algum momento de suas carreiras. Além disso, 53% das profissionais do setor respondentes jamais receberam valores de direitos autorais.
A pesquisa, que contou com a participação de compositoras, musicistas, intérpretes, produtoras e técnicas, foi lançada em março para destrinchar os dados e experiências das participantes dentro do cenário musical. Vale ressaltar que os resultados da pesquisa retratam o pequeno universo específico das respondentes.
Dentre outros resultados como dados demográficos e orientação sexual, os resultados relacionados às mulheres inseridas no meio musical levantam números bastante expressivos. 53% das respondentes declaram jamais terem recebido nenhum valor de direitos autorais, 51% delas afirmaram receber, no máximo, R$ 800,00 anuais oriundos dessa fonte de renda e que recebem mais de R$ 54 mil em direitos autorais representam apenas 3% das participantes.
Dessa forma, é possível perceber a disparidade na distribuição dos rendimentos entre as profissionais, o que se deve a vários fatores, sendo um deles a dificuldade de inserção para artistas independentes e de fora do mainstream no mercado musical como um todo.
Ao final da pesquisa, depoimentos contendo experiências dessas mulheres no mercado da música foram divulgados. Em um deles, uma delas conta: “Colegas músicos frequentemente não escutam minhas opiniões por acharem que não tenho muito a acrescentar, apesar de eu ser graduada em música pela Universidade Federal da Bahia e ter vasta experiência no mercado.” Em outro, é dito: “Antes do show, houve um problema técnico com o som. Pedi explicação. Na hora de explicar, não olhavam para mim, responderam a todos os outros homens que estavam lá, menos a mim, que fiz a pregunta." E a lista não para.
Apesar de ter uma amostragem pequena, apenas 252 profissionais, como mulher e profissional, posso afirmar que esse é, de fato, um retrato do restante do mercado musical como um tanto, incluindo o da música eletrônica. Basta ver o número de DJs mulheres versus o número de DJs do sexo masculino. No entanto, a cena está expandindo e nessa expansão espera-se que mais mulheres façam parte do meio.
Clique aqui para ver a pesquisa completa e conferir todos os depoimentos.
Fonte: Agência Brasil.
Sobre o autor
Cissa Gayoso
Sendo fruto do encontro de uma violinista com um violonista, a música me guia desde sempre e nela encontrei a família que escolhi para chamar de minha. A partir de 2021, transformei minha paixão em profissão e, desde então, vivo imersa nas oportunidades e vivências que este universo surpreendente da arte me entrega a cada momento! De social media à editora-chefe da Play BPM, as várias facetas do meu ser estão em constante mudança, mas com algumas essências imutáveis: a minha alma que ama sorrir, a paixão por música, pela arte da comunicação, e as conexões da vida que fazem tudo valer a pena! 🚀🌈🍍