Há cinco anos, nos dias 21 a 23 de abril de 2016, a magia belga aterrissou no Brasil pela segunda vez e pôde transformar a vida de cerca de 180 mil pessoas. As duas edições do Tomorrowland Brasil vão ficar marcadas na história de cada um dos participantes, que mesmo com o passar o tempo, guardam na memória os momentos vividos e não se cansam de lembrá-los.
Uma delas é a Julia Xisto, uma desbravadora de festivais. Ela explica que o Tomorrowland Brasil foi o responsável por ajudá-la a passar por um momento difícil na vida. "Naquela época, eu tinha terminado um namoro de quase quatro anos havia só quatro meses. Eu estava muito perdida, porque aquele relacionamento tinha feito muito mal pra mim. Além disso, eu estava muito sozinha, porque tinha perdido contato de vários amigos", revela.
Foi aí que ela resolveu ir ao festival, por causa de um grupo de colegas com os quais estudava no cursinho. "Não era tão amiga deles, nem conhecia direito, mas como eles iam pro Tomorrowland e eu estava precisando muito disso, acabei animando." Ao chegar no festival e postar sua localização no Facebook, um antigo amigo de escola acabou enviando uma mensagem pra ela. "Nessa época nem tinha WhatsApp. Ele viu que eu estava no Dreamville e pediu ajuda pra carregar o celular mandando mensagem no Facebook. Então, falei pra ele me encontrar que o ajudaria. Mas fazia mais ou menos cinco anos que não nos víamos, e depois disso, combinamos de nos encontrar mais vezes no festival", conta.
"O que eu não sabia era que ele estava com um grupo de cinco pessoas que eu já conhecia também. Nós erámos todos amigos na época da escola, quinta ou sexta série, andávamos juntos. Todos gostávamos de rock e foi isso que nos uniu. Não imaginei que anos depois seríamos fãs de música eletrônica e isso pudesse nos unir de novo. E olha que tudo isso aconteceu no primeiro dia, antes ainda da festa'The Gathering'".
Ela conta que eles acabaram passando o festival todo juntos e ao voltar para Belo Horizonte, onde moram, passou a reviver essa amizade, formando novamente o grupo de amigos. "O festival uniu a gente de novo! Hoje somos inseparáveis, estamos juntos desde essa época!", completa.
Se o Tomorrowland Brasil serviu para curar corações partidos, com certeza também serviu para consolidar ainda mais alguns relacionamentos. Isso foi o que ocorreu com Diego Cariello, bancário e youtuber, que participou de um momento muito significativo para sua vida no festival. Ele pediu a namorada em casamento em pleno evento. O brasiliense explica a história e como planejou-a: "Consegui segurar o segredo de ter comprado as novas alianças, dessa vez douradas, por três meses. Eu queria fazer história, eternizar o momento. Começamos nosso relacionamento e logo após fomos juntos na primeira festa eletrônica, e com isso veio o interesse de participar do maior festival do mundo no Brasil. Juntar dois momentos em um foi, sem dúvidas, um dos melhooores momentos da minha vida! Foram três dias e queria fazer o pedido no primeiro dia. Viajamos de Brasília a Itu de carro por 14 horas. Eu com a rosa na mochila e tendo que segurar a ansiedade para não estragar o momento da surpresa."
O empresário conta que logo na fila dos carros na entrada conheceu dois casais com os quais fez amizade, e pediu (em off) para os novos amigos levarem a rosa e as alianças escondidos no momento da revista para a namorada não ver ou desconfiar. Ao entrar no evento, ele combinou que pediria para eles tirarem uma foto do casal no mainstage. "Porém, eu falei para gravar, e fui fazer a surpresa guardada por meses para a Jéssica, que hoje é minha esposa! Depois da Tomorrowland Brasil, fomos duas vezes para a edição belga e também no Ultra Miami. Estamos casados há dois anos. Graças a Deus, vivemos bem e felizes!", declara.
Confira o vídeo do momento registrado:
E o dia do esperado "sim":
O Tomorrowland Brasil serviu para fortalecer amizades e também criar novos laços. Gutierrez Ayres, personal trainer, participou das duas edições brasileiras do festival. "Consegui viver a magia desse evento tão esperado. Só o fato de eu estar no melhor evento do mundo com minha esposa e reunir meus melhores amigos foi algo pra contar para os meus netos", avalia.
Em 2015, veio de Recife com a esposa e oito amigos, alugando uma casa em Itu para passar os dias, indo e voltando de van para o festival. "Primeira vez num evento de grande porte com tudo que o Tomorrowland oferece, foi uma experiência impar, curtição sem igual." Já em 2016, ele conta ter vivido uma experiência distinta, pois decidiu acampar para ter a vivência do camping do festival. "Saímos de Recife com um grupo de cerca de 20 pessoas. No camping, acabamos nos separando de alguns amigos, pois entramos em momentos distintos. Mas conhecemos uma turma sem igual, logo de cara fizemos amizade que se estendeu pelo festival e hoje dura até a vida. Então, o festival se tornou ainda melhor com os amigos que já tínhamos e os que conhecemos lá, fora as conversas com os gringos", conta. "Nunca participei de nada igual no sentido do tamanho e vibe. A galera com mesmo sentimento de pura emoção e alegria por conta da música, aquela união, o evento foi maravilhoso, uma pena que não teve mais, porém os amigos ficarão pra sempre", completa.
Depois disso, ele já foi para o Ultra em 2018 e para o Tomorrowland Bélgica em 2019.
E quem disse que o festival não pode mudar vidas? Um exemplo disso é o que ocorreu com Daniel Camara depois de participar das duas edições do Tomorrowland Brasil. Ele confessa: "Eu gostava muito do Tomorrowland pelo evento, sempre via os aftermovies, mas não curtia música eletrônica, não gostava e nunca tinha ido em festa desse gênero. Mas, em 2015, acabei resolvendo ir para saber como era. Fui em excursão, sem dar nada pela festa, mas quando cheguei lá me apaixonei! A vibe, as pessoas se respeitando e se ajudando, como a música unia todos ali e fazia sentido... fiquei apaixonado!"
Ele explica que depois disso passou 2015 pesquisando músicas e tentando conhecer pessoas que soubessem mais sobre o universo da música eletrônica. "Tinha o sentimento de que precisava viver aquilo de forma mais completa." No ano seguinte, resolveu acampar na edição brasileira do festival. "2016 mudou minha vida. Foi a primeira vez que vivi 24 horas um festival desse tamanho. É muito mais do que uma festa, eu descobri que é amizade, é conhecer gente, a vibe, eu não consigo nem explicar, foi o ápice da felicidade minha vida."
E desde então ele segue em uma mudança de vida graças ao festival. "Depois de viver essa experiência em 2016, eu me descobri na música eletrônica. Os amigos que eu fiz foi por causa da música eletrônica, meu dia a dia é ouvindo música eletrônica, todo ano viajo pra ir em festivais, inclusive no Tomorrowland da Bélgica. Então, realmente, O Tomorrowland mudou minha vida, minhas amizades, minha forma de viver, minha motivação, mudou tudo!"
E quem disse que o festival não poderia ajudar no trabalho e carreira? "Tomorrowland foi o primeiro grande festival que produzi conteúdo depois que me formei em cinema... não fui o VJ desse grande festival, mas acompanhei esse projeto da produção a execução. Em 2016, o festival trouxe a temática steampunk e para produzir o conteúdo foram aplicados técnicas analógicas de cinema, filmando todo tipo de objetos em alguns ferros velhos na região de Campinas. Buscamos criar um design retro-futurista para essa edição, compramos muitas peças e recriamos maquinários antigos e os deixamos com cara de tecnologia avançada. Tínhamos pouco tempo de produção e os gigantes palcos já estavam sendo construídos. Sem dúvidas, um dos palcos mais incríveis que já vi, cenografia impecável, recheado de luzes, lasers, painéis de led, motores enormes que faziam grandes engrenagens girarem em frente ao palco. Cascatas de água em meio aos jatos de fogos que criavam uma atmosfera de ficção científica surreal. O grande livro que chamava a atenção de todos, pilotados por um VJ que contava a história dessa edição e anunciava as atrações tão esperadas. Esse festival foi marcante na minha carreira e guardo esses dias no coração. Procurei mas infelizmente não encontrei registros dessa edição...", relata o VJ Ulster.
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Vitória Zane
Editora-chefe da Play BPM. Jornalista curiosa que ama escrever, conhecer histórias, descobrir festivais e ouvir música eletrônica <3