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Quer dizer que você tá inconformado com o TOP 100 da DJ Mag?

Uma breve – porém longa – reflexão sobre o #Top100 da DJ Mag. Este texto é uma atualização de um post que fiz há exatamente um ano, porque eu tinha certeza que esta discussão voltaria a acontecer. Bingo.

Todo fucking ano a galera vai fazer uma tempestade em copo de água falando que o #Top100 da DJ Mag é injusto, que é uma bobagem, que não sei o quê. Mas todo ano se importam com o que está acontecendo ali.

Antes de mais nada, que fique muito, muito claro que é um ranking de popularidade. E que popularidade não significa bombar no mundo todo: tem muitos artistas que têm uma base de fãs forte de forma nichada. Então tanto o DJ de hardstyle da Ucrânia que você nunca ouviu falar quanto o artista nacional que você não acha que merece tanto quanto outros gringos, têm sim o poder de estar lá na frente de outros grandes DJs.

É óbvio que Steve Angello, Carl Cox, Disclosure e Flume que são incríveis e poderiam estar no top 10 na opinião de muitos (mas não fazem campanha nenhuma), vão ficar atrás de um Dimitri Vegas & Like Mike da vida, que sempre investe muito nisso. Ou de um DJ menor que soube fazer uma campanha bem feita (o que não é demérito nenhum, cada um tem que trabalhar e correr atrás do que vai ser melhor para si).

Outra coisa que precisa ser dita é que, por mais que se chame “DJ Mag”, o ranking não está nem aí se estamos falando de um grande DJ em termos de técnica ou se é de um grande produtor. Hoje em dia essas coisas se misturaram muito. E, francamente, não adianta pôr James Zabiela ou uma galera de open format lá nos melhores lugares que ainda assim vai ter um monte de gente perguntando quem é e reclamando do mesmo jeito.

“Flume ganhou o Grammy de melhor álbum eletrônico ano passado e está atrás de um monte de gente x, que absurdo!”. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. É chato esse negócio de ficar dando posições para um artista ou para outro, falando que um é melhor que o outro de diferentes formas. Música é arte e não competição, certo? Há controvérsias: tudo isso acontece em tudo quanto é canto e sempre vai acontecer. A indústria da música (e de várias outras áreas) precisa disso. Top 100 da DJ Mag é ranking. Spotify é ranking. Billboard, rádio, premiações como Grammy, VMA, People Choice’s Awards são rankings. Tudo coloca artistas para competir entre si e dá diferentes níveis de reconhecimento a eles por isso. Oscar, Cannes, Emmy, Guia Michelin, Melhores do ano da Quatro Rodas, Troféu Imprensa, Miss Universo, Master Chef, The Voice, BBB e, até mesmo, Tinder. Tudo é ranking.

Você pode pirar com o Top 100 ou pode não dar a mínima. Mas não precisa pôr ódio em cima dos artistas por isso. A grande verdade é que o simples fato dele existir e toda essa polêmica que é levantada em torno dele acontecem porque ele é relevante de alguma forma. DJs que estão ali vão ter oportunidades porque estão ali. Pessoas vão conhecer novos artistas por causa dele. Novos DJs vão nascer inspirados por DJs que estão nele.

Mais algo que acho do caralho de ter ali (e que, sim, ainda está longe de ser o cenário ideal, mas que já começa a significar alguma coisa de bom): REPRESENTATIVIDADE. Novas DJs mulheres no ranking podem ser aquelas que meninas vão olhar e dizer “Pô, olha essa mulher que foda! Eu também quero ser assim. Eu também POSSO ser assim!”. Inspiram novos artistas e também todo o mercado (dos contratantes às agências, dos empresários aos veículos). DJs que estão lá de gêneros que parecem esquecidos podem inspirar DJs que querem fazer aquele som. DJs de países que não têm tanto espaço na cena dão espaço para seus próprios países (seja da China, seja do Oriente Médio ou seja, sim, do Brasil).

E é aí que eu quero destacar: DJs brasileiros chegando onde nenhum DJ brasileiro tinha chegado fazem toda a diferença para a cena no Brasil. Para a música eletrônica ganhar mais espaço no nosso país e para o Brasil ganhar espaço no mundo todo. Isso é fodido em vários níveis para a gente. Seja o DJ que você gosta ou não. Por isso, tenho MUITO ORGULHO de vocês, Cat Dealers, Vintage Culture e Alok. E espero ver muitos futuros DJs brasileiros chegando lá com esse caminho que vocês estão abrindo. E indo ainda mais longe. Orgulho também do Felguk, do FTAMPA e do Dj Marky que começaram a representar o Brasil desde lá atrás também. PA-RA-BÉNS, manos.

E por último, mas não menos importante, queria levantar uma bandeira que todo mundo deveria levantar: a do RESPEITO. Muita gente não perde a oportunidade de falar mal, de julgar, de gritar seus inconformismos. Mas cada um tem sua batalha. Só quem viveu o que viveu sabe o que fez para chegar lá. Cada um tem diferentes níveis de dificuldade para vencer seus desafios. Isto não é uma indireta a ninguém especificamente. Isto é uma reflexão para todos nós, humanos, que temos sim muitos defeitos e fraquezas. Que temos ego, inveja, inseguranças e tudo mais. Vamos focar em nossos próprios trabalhos e distribuir mais elogios, incentivos, amor, ao invés de reclamar e disseminar ódio. Boto muita fé que vamos crescer MUITO mais assim. <3

E se você chegou até aqui, muito obrigado. Espero que te inspire de alguma forma a ser não apenas um artista melhor, mas um ser humano melhor. Vai por mim: isso dá a volta e te torna um artista melhor também.