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Review: Planeta Brasil e BH Dance Festival alinham música boa a uma causa nobre

Historicamente, o Planeta Brasil apresenta shows de rock, reggae, MPB, hip hop, eletrônica e outros, mas este ano a cena eletrônica se fortaleceu ainda mais com a presença conjunta do BH Dance Festival (BHDF). O BHDF já agitou a cidade por vários anos até 2016, trazendo nomes como Avicii, Dimitri Vegas & Like Mike, Alesso e Fatboy Slim, justamente nos tempos de Ouro do EDM. Este ano, com a realização conjunta de ambos os festivais, o povo mineiro só teve a ganhar!

Em 2020, o festival teve ainda uma motivação especial, pois ocorreu exatamente um ano depois do maior crime ambiental de Minas Gerias, o rompimento da barragem de Brumadinho, que matou mais de 200 pessoas. De maneira sábia e oportuna, o festival usou a música para lembrar das vítimas e cobrar medidas das autoridades. Nós estivemos no festival e vivenciamos esse clima festivo, mas de reflexão, e contamos aqui para vocês como foi.

Local e Estrutura O Planeta Brasil e o BHDF, mesmo quando eram realizados separadamente, ocorriam nas dependências do estádio Mineirão. A novidade desse ano foi que, pela primeira vez, um evento de música ocupou todos os espaços do estádio, incluindo estacionamentos, esplanada, campo e arquibancadas. O resultado foi uma estrutura grande e robusta. As vias de acesso estavam adequadamente sinalizadas e não foi difícil chegar ao estádio, mas as filas do setor pista estavam bastante grandes e confusas. Felizmente, as previsões de tempestade para o fim de semana não se confirmaram, o que poderia ter piorado bastante o acesso ao festival. O sistema de compras de alimentação e bebidas era de papel, o que também poderia ter se tornado um problema em caso de chuva. Alternativamente, uma parceria com o Ifood permitiu aos visitantes fazer pedidos aos restaurantes do evento pelo o aplicativo e serem informados pelo celular quando o pedido ficasse pronto. Essa foi uma sacada inovadora do festival, que ajudou a reduzir filas e, principalmente, maximizou o tempo que os frequentadores puderam estar se divertindo nos shows! A praça de alimentação no estacionamento coberto também foi uma boa decisão, pois poderia abrigar os frequentadores em caso de chuva. Os banheiros do estádio também traziam mais conforto aos frequentadores, que não precisavam usar banheiros químicos como é costume em festivais de música. Além disso, os bebedouros do estádio também estavam funcionando. O público não precisou gastar com água, bastava ir aos bebedouros encher suas garrafinhas, numa ação que era inclusive incentivada com placas orientando a isso em todo o festival. A pista premium open bar do festival funcionou muito bem, sem ter havido filas em momento nenhum para acesso aos bares.

O festival contou com 5 palcos, sendo dois deles exclusivos de música eletrônica assinados pelo BHDF: Coca-Cola BHDF Sound Stage (esplanada) e TNT BHDF (campo de futebol). O palco Sound Stage tinha boa estrutura de som e de palco, num espaço coberto que lembrava um pouco o ultra worldwide stage, mas que era bastante distante do palco BHDF. O público da música eletrônica precisou caminhar alguns minutos para trocar entre esses palcos e sinalização para acesso aos palcos, à pista e à pista premium por vezes era confusa. O espaço do palco BHDF era enorme e permitia aos frequentadores curtir o festival também das arquibancadas, dando a chance de descansar sentado nas cadeiras sem precisar se deslocar para fora do palco. Infelizmente, o palco BHDF teve problemas nos telões, que ficaram desativados por cerca de duas horas, e também no som, que por vezes estava extremamente baixo. Em alguns momentos o som chegou a falhar e foi possível ouvir instruções de regulação do som durante a apresentação de alguns artistas.

Artistas e Apresentações As apresentações transitaram principalmente entre o tech house, eletro house, BR Bass, psy trance, future house e EDM. Durante a tarde, as apresentações de EDX (BHDF) e Maz (Sound Stage) merecem destaque. EDX se apresentou com sua marca registrada de músicas dançantes do electro house e emocionantes do progressive house, e encerrou com a clássica ‘Show Me Love’, que fez o público dançar e cantar. Maz apresentou um set de qualidade com remontagens de tech house e techno, e encerrou com chave de ouro com ‘Underwater’ do Rufüs du Sol. As 17h, foi respeitado um minuto de silencio em todos os palcos em homenagem ás vítimas de Brumadinho. Caetano Velozo, Natiruts e Djonga, que se apresentaram em outros palcos, relembraram que já se passa um ano de impunidade.Ao anoitecer, o quarteto Chemical Dogz deu um show à parte no BHDF e consideramos que foi a melhor apresentação da noite. Essa é uma mistura que dá muito certo pois traz os maiores sucessos de Chemical Surf e DubDogz, e que agrada a maior parte do público brasileiro. Cat Dealers assumiu o palco em sequência e manteve com muita qualidade a linha mais EDM que tem apresentado ultimamente, mostrando o porquê são merecedores da recente colabs com a label Axtone e da futura apresentação no Mainstage do Tomorrowland esse ano. O Holandês Don Diablo e as simpáticas australianas Nervo tocaram em sequência e claramente moldaram o set para o público brasileiro, tendendo a drops de prog em alto bpm. Por fim, o talentoso Vintage assumiu o BHDF para encerrar o festival, já que todos os demais palcos já haviam encerrado. Infelizmente, essas últimas apresentações foram marcadas por problemas técnicos. Don Diablo teve o som bastante baixo na parte final de sua apresentação, Nervo também teve problemas com o áudio, e uma sequência de atrasos nos shows anteriores levou Vintage a tocar por apenas 1:40h, e não as 2h que estavam previstas.

E o que nós achamos disso tudo? O sucesso do evento foi em parte pautado no clima sem chuva que felizmente permaneceu ao longo do sábado, contrariando todas as previsões do meio de semana. Caso houvesse chovido, haveriam problemas mais sérios quanto a fila de entrada para a pista, quanto ao sistema de vendas com fichas de papel, e quanto ao abrigo do público, já que apenas o palco Sound Stage e a área de alimentação eram cobertos. A proposta de relembrar o Crime de Brumadinho foi bem elaborada e é sempre desejável que eventos de grande porte utilizem sua visibilidade para causas importantes como essa. E a ideia inovadora com IFood dentro do festival também foi muito elogiada pelos frequentadores.

Ano que vem serão dois dias de Planeta Brasil. O festival que já é o maior de Minas Gerais irá crescer ainda mais. Nós da Play BPM esperamos que os problemas desta edição sejam prontamente superados e que o Planeta Brasil e o BHDF continuem a ser referência na cena musical de Minas e do Brasil.

Por: Geanderson Ambrósio