“A terra é rica e pode prover para todos nós.”Essa é uma frase do discurso marcante de Charles Chaplin no seu premiado filme, o Ditador. Apesar de na sua época ela parecer uma verdade absoluta, estudos demonstram que, se não cuidarmos do planeta em que vivemos, o futuro dos nossos descendentes ficará cada vez mais prejudicado.
No que tange a música eletrônica, alguns conhecidos festivais já tem se mobilizado para ajudar para um meio ambiente mais limpo para todos. A proibição do glitter em plástico foi um avanço gigantesco, visto que previne que um material que demora mais de 200 anos para se degradar seja descartado aos montes nos festivais. Além disso, nos Estados Unidos, alguns eventos já trabalham com a coleta de material reciclado, bonificando aqueles que voluntariamente os levam para o centro de reaproveitamento. Vale ressaltar também alguns clubs londrinos, que já utilizam canudos feitos com papel, deixando o plástico totalmente de lado.
A discussão fica mais interessante quando se analisa a emissão de produtos dos combustíveis, que são altamente poluentes, como o carbono. É de conhecimento da grande maioria que esse é um dos mais graves atores no aquecimento global, que é o principal responsável pelo aumento da temperatura terrestre, através do efeito estufa, gerando um possível descongelamento das geleiras polares.
Muito embora os veículos movidos a eletricidade têm avançado bastante nas suas eficácias de utilização, os transportes que operam com combustível fóssil ainda são grande maioria mundo afora. E se para transportes terrestres há a recomendação do uso de coletivos ao invés de carros próprios, nos aéreos ela também existe. Pesquisas apontam que o carbono emitido por um DJ superstar em suas turnês tem superado com grande margem viagens longas de empresas topo de linha da aviação comercial.
Bono Vox, vocalista do U2, deu uma declaração recente em que enfatiza que uma turnê de 44 cidades da sua banda emite a mesma quantidade de carbono que uma viagem de foguete para marte. Pode até parecer bobagem, mas na realidade a emissão se faz muito superior, pois existem centenas de DJs estrelinhas e outras milhares de famosíssimos artistas da música, que rodam continentes para se apresentar.
Nessa linha de pensamento, uma boa estratégia seria priorizar a contratação de artistas nacionais em detrimento dos internacionais, visto que esses já se encontrariam no país que vão realizar o show. Alguns festivais europeus tem uma política de que caso um artista internacional não tenha pelo menos mais 3 apresentações em regiões próximas do evento, não haverá a sua contratação. Impedindo então, dessa maneira, que DJs voem longas distâncias para apenas um evento único de uma hora de set.
Alguns artistas também tem se voluntariado para campanhas ecológicas, Joe, um dos principais da Hessle Audio afirma ter diminuído largamente a quantidade de viagens e turnês. Todavia, nem tudo são flores: ganha bem menos que artistas da mesma gravadora. “Ganhando o necessário para viver bem é o que importa”diz ele.
Existem sites específicos, como o Carbon Footprint, que simulado a emissão de carbono por pessoas e sugere métodos para que você possa diminuí-la, como doações para entidades especializadas na redução dessas emissões pelo mundo. Alguns linhas aéreas também dão a opção de pagar uma taxa que será direcionada para tratar da redução do carbono, como a TAP Portugal.
Não é raro a existência de clubs com um olhar mais ecológico. Suki10c, localizado em Birmingham já utiliza toda a sua energia de forma eólica. Porém, o lucro é menor. “A energia eólica é mais cara que a convencional, mas por saber que estamos fazendo o bem, vale muito a pena.”Kitty, a fundadora, afirmou.
Por mais que todas essas sejam ações pequenas, elas contribuem de forma positiva para uma conscientização coletiva acerca do assunto. Imagina se cada pessoa num festival gigante, como o Tomorrowland que recebe 60 mil pessoas por dia, reciclasse tudo o que foi de consumo próprio no evento. Bem, considerando que cada indivíduo consome 300g de lixo por dia de festival, teríamos 18 mil quilogramas reaproveitados para o bem da natureza.
E você, o que pode fazer para contribuir?